RESENHA: “Chantilly” (Mare Soares)

Olhando essa capa tão meiga do livro “Chantilly” da Mare Soares, achei que pudesse ser um lindo romance na França (sim eu não li a sinopse antes de começar o livro! HUAHUAHUAHU =x). Mas não, é uma série ficção cientifica, que me surpreendeu de forma positiva, talvez mais do que se fosse mais um romance na Europa.

Tudo começa através de relatos em carta do ano de 2020, escritos por Catherine Aragon, moradora da cidade de Chantilly (França) que relata fatos estranhos acontecendo na cidade e suas perdas de memória.

“Querido leitor, é a primeira vez que escrevo num diário. Também é a primeira vez que compro um diário, mas temo o que ocorrerá no futuro. Não demorará muito para me afetar, por isso, guardo a maior quantidade de memória possível nessas páginas. Quando acontecer, prezo para que lembre pelo menos de algumas coisas. De onde eu vim, quem eu sou, o que eu faço ou que pretendia fazer.”

Dez anos depois, o renomado cientista Ethan Stuart encontra suas cartas desesperadas e tenta contato. Ele está estudando o desastre que aconteceu em Chantilly e precisa do relato de pessoas que viveram lá nessa época, porém a maioria delas morreu. E assim eles começam a trocar cartas tentando mais informações sobre o incidente.

Ethan publica um artigo sobre esse assunto, o que chama a atenção de um controverso barman de Madri, chamado Leon, que morou durante sua adolescência em Chantilly e também pode ajudar na investigação de Ethan. Há também Anabelle, uma misteriosa garota que parece também ter vivido em Chantilly, acaba se envolvendo com Leon e se dispõe a ajudar na investigação.

– Leon Saiter, é um grande prazer. O que faz uma moça tão bem apessoada sozinha num lugar como esse? Bebendo para esquecer? – o interesse na mulher aumentava a cada instante, precisava recolher o máximo de informações possíveis sobre ela.

– Não. Eu bebo para lembrar.

De todos os personagens, sem dúvidas Leon é o que mais se destaca, com seu charme e seu jeito todo “politicamente incorreto”: bêbado, engraçado e sedutor.

Muitos mistérios, ameaças, perseguições, numa investigação em busca da verdade e dos responsáveis pelos problemas genéticos que dizimaram uma cidade inteira. O final deixa o leitor desesperado pela continuação “Copenhague” onde muitas coisas ainda precisam ser esclarecidas.

Não tem como resenhar um livro nacional sem falar da revisão, que em Chantilly foi bem realizada, pela blogueira e escritora Bianca Briones. Não encontrei erros. Parabéns a autora que fez uma publicação independente com mais qualidade do que os livros de muitas editoras por ai.

Mare Soares consegue criar e manter o clima de tensão e mistério em torno dessa investigação, tornando o livro uma leitura rápida e agradável. Um livro nacional diferente dos que estamos acostumados e que merece ser lido. Recomendo!