RESENHA: "Nove minutos com Blanda" (Fernanda França)

Comecei a ler esse livro em meio a uma “crise” literária, onde nada prendia minha atenção e eu acabei abandonando alguns livros. Quanto mais leio os livros nacionais, mais eles me surpreendem e quebram aquele paradigma de que os internacionais são melhores.

Já havia ouvido falar do livro “Nove minutos com Blanda”, mas não conhecia a estória, só vim a conhecer o livro na palestra do “Novas Letras” na Bienal de São José dos Campos, achei muito legal algumas passagens que a autora citou e fiquei ansiosa pela leitura, que não me decepcionou.

O livro mostra a trajetória de Blanda, uma advogada recém-formada e desempregada, que tem uma mãe doida, um gato chamado Freddy Krueger e um namorado super folgado.

Tudo vai indo de mal a pior na vida dela e ela vive pagando micos por ai. Um dos primeiros mostrados e decisivo para os rumos da trama é quando ela vai ao banco e não consegue passar pela por giratória, vai tirando tudo da bolsa até que tira de lá uma calcinha cor-de-rosa!!! O segurança do banco e todos que estão lá olham disfarçando o riso, e o gerente (lindo!) intervêm deixando-a entrar, ela fica morta de vergonha principalmente pelo fato de o bonitão ter visto a cena.

E para piorar as coisas, a mãe de Blanda e a sua sogra começam a fazer os preparativos para o seu casamento com Max (o namorado folgado), sem consultá-los. Blanda fica perdida, pois não tem certeza se quer mesmo casar com ele, se é esse mesmo o futuro que ela quer escolher.

Ótimo panorama. A minha mãe e a minha sogra planejavam o meu casamento, eu nem sequer sabia se o meu namorado queria se casar comigo e eu não parava de pensar em um cara, cujo o nome eu desconhecia. (...) Decidi dar uma chance para o que é real e tentar esquecer a história de cinema com o gerente de banco baterista. Até porque história de cinema é escrita para cinema e só acontece no cinema. Seria diferente comigo?

Nesse meio tempo ela começa a encontrar aleatoriamente com Bernardo (o gerente do banco), passa outros micos e fica pensando muito nele.

É muito fácil de apaixonar por Bernardo e de se identificar com Blanda, ela sofre de todos os dilemas que em algum momento na vida, você mulher irá passar, seja por amor, pela sua carreira ou até mesmo por uma ruga. Destaco a parte dos desastres com tinturas de cabelo, eu também já tive um momento “cabelo laranja” e o trauma foi similar ao de Blanda.

O computador era velho como o resto do meu lar, doce lar. A Internet ainda era discada, daquelas que precisamos fazer uma ligação com o além para conseguir uma conexão com a rede mundial de computadores, mas ainda assim eu não podia reclamar muito, porque funcionava.

Diversas reviravoltas acontecem, na vida profissional e amorosa de Blanda, não vou contar mais pois posso deixar passar algum spoiler, mas o livro tem muitas situações engraçadas e sérias.

A narrativa envolve o leitor de modo com que ele sinta as emoções da protagonista. A estória pode parecer muito previsível, mas não é, porque o mais interessante é tudo o que acontece antes de sua resolução.

Não precisava ficar com alguém só pra dizer que tinha um namorado, porque em algum lugar no mundo, que é grande demais, eu sabia que existia uma pessoa para cada outra. E que amar é possível.

É muito fácil visualizar esse livro como uma Comedia Romântica de cinema, com muito humor e romance. Fernanda França consegue prender a atenção do leitor com uma narrativa simples, irônica e envolvente. Recomendo muito esse livro, um chick-lit nacional e de qualidade.