Resenha: "Elite da Tropa 2" (Luiz Eduardo Soares & Cláudio Ferraz & André Batista & Rodrigo Pimentel)

Por Bruno: É difícil falar do livro “Elite da Tropa 2” escrito por Luiz Eduardo Soares, Cláudio Ferraz, André Batista e Rodrigo Pimentel sem mencionar o filme do José Padilha Tropa de Elite 2: o Inimigo Agora é Outro.

Apesar das diferenças, um anda ao lado do outro de mãos dadas. E foi o sucesso dos filmes (já que também não posso deixar de mencionar o livro anterior “Elite da Tropa” nem o polêmico blockbuster Tropa de Elite) que atraiu a atenção de milhares de pessoas à obra.

Ao longo do livro acompanhamos as historias de um delegado da DRACO. A história avança muito bem, na verdade, são várias histórias narradas pelo delegado, em pontos de vistas diferentes. Não é uma comparação muito adequado, mas é como se fossem três livros distintos, com pontos convergentes narrados pela mesma pessoa. Acho que um dos maiores acertos do livro, além do foco critico-político-social é a forma da narrativa, que permite a leitura rápida e dinâmica. Os assuntos se assemelham com os tratados pelo filme, apesar de existirem inúmeras diferenças. Particularmente, achei o livro muito superior ao filme, apesar de ter gostado muito do filme (engraçado que a situação é contrária nas obras anteriores – prefiro o filme ao livro).

É interessante a história do Deputado Estadual Marcelo Freixo (apesar de semelhanças ele é só um personagem, mera coincidência) e todo o seu envolvimento com a Rebelião de Bangu I (esta, mesmo parecendo fantasia, acaba por ser real). A história é tão convicente, que muitas das vezes parece que esta se lendo uma reportagem ou documentário e não uma obra de ficção. Fato, que se torna muito mais forte e evidente no “depoimento” do ex-Oficial do Batalhão de Operações Especiais Lima Neto (não seria o auterego do co-autor Rodrigo Pimentel?) narrando a consequência e todo o teatro da mídia referente a sua consultoria de um tal filme chamado Tropa de Elite. (É isso msmo, o livro retrata como “ficção” algo bem real =D). Sem dúvida a melhor parte do livro.

A obra não assume nenhuma postura otimista e fantasiosa, nem pretende se tornar uma cartilha de como resolver - tantos - problemas políticos e sociais. Ela expoe de forma crua e violenta situações muito parecidos com questões que a sociedade enfrenta.

O que acabou me incomodando um pouco foi aquele velho discurso de esquerda de que o “sistema” é mal, o Estado é um monstro devorador de pessoas, os políticos são todos corruptos... o que pra mim acaba se perdendo um pouco numa ideológia batida que só causa histeria. Mas o livro tenta ir um pouco mais além, sua crítica nos leva a refletir sobre a forma como observamos e lidados com estes assuntos.