Resenha: "O Circo da Noite" (Erin Morgenstern)

Como todo mundo que já resenhou esse livro anteriormente, também aconselho ao leitor não ler a sinopse na orelha do livro, ela revela demais sobre a história.

Por Juny: Um livro que comecei em março, abandonei e só retomei a leitura em maio. Acredito que tem leituras que as vezes nós não estamos preparados para fazê-las e o melhor a fazer é adiá-las.

No inicio somos apresentados a Celia e Marco. Ambos estão sendo preparados para um desafio com regras bem obscuras. O inicio é meio truncado, a narrativa não é muito clara (sempre envolta de mistérios), nem sempre é linear (as datas se intercalam), o ritmo é lento, o que pode decepcionar a maioria dos leitores.

Após anos de preparação eles se envolvem na organização do “Le Cirque Rêves”, lugar que será palco dessa disputa. Eles dominam a magia, não falsos truques de ilusionismo típicos de circo, mas sim magia de verdade, que usam em várias coisas, embora disfarcem seus atos.

Quando o circo começa a funcionar, ai sim, tudo fica mais interessante e faz sentido. Somos apresentados a novas peças fundamentais dessa trama: Friedrick, Bailey e os gêmeos Murray.

A sensação da pele dele na sua reverbera em todo o seu corpo, embora seus dedo continuem enlaçados nos dela. Celia olha para ele, atraída outra vez pelos olhos verde-acinzentados, e não desvia o olhar. Os dois encaram-se em silencio por instantes que se prolongam como horas.

Achei o romance tão lindo, tem toda aquela dose de drama, mas também é sutil, inocente, romântico. Não posso dizer que somente um personagem me cativou, todos foram igualmente importantes para tecer toda historia.

Se você começou a ler “O circo da noite” e está frustrado, recomendo que dê uma chance ao livro, tente chegar na parte onde o circo começa a funcionar, o que para mim, foi onde comecei a me apaixonar pelo livro e me acostumei com o estilo da narrativa.

E desaparece antes que Marco consiga protestar, da forma simples e elegante como encerra o seu ato, o vestido desaparecendo sob as mãos dele. Só seu perfume paira no espaço ocupado por ela instantes atrás.

A narrativa contém tantos detalhes sobre o circo e suas atrações que é fácil imaginar tudo isso funcionando, sentir que é um expectador, ou melhor um rêveurs. Lonas listradas preto e branco, roupas elegantes, atrações fascinantes.

– Mas é importante – interrompe o homem – Alguém precisa contar essas histórias. Quando batalhas são travadas, vencidas e perdidas, quando piratas encontram seus tesouros (...) Existe magia nisso. Está nas pessoas que ouvem, e será diferente para cada ouvido, e vai afetá-las de formas que nunca poderão prever. (...) Você pode contar uma história que passe a morar na alma de alguém, se transforme em seu sangue e propósito.

Imagem da capa americana

Mas o que mais me encantou foi o final que Erin Morgenstern construiu. Foi muito além do previsível, ela conseguiu mostrar o poder da mágica de contar uma boa história. Só tinha sentindo algo semelhante antes nos livros de Carlos Ruiz Zafón. Erin ganhou uma fã.

Agora eu entendo porque tem tanta resenha positiva desse livro! Realmente, ele é sutil, lhe conquista aos poucos, como um bom vinho. Um livro cheio de mistérios, com um romance encantador e toda a magia que o circo pode proporcionar. Está entre os meus favoritos. Recomendo muito!