“Vou até dizer o dia em que vocês vão morrer: 21 de dezembro do ano de 2012.”
Por Bruno: Eu estava muito receoso para iniciar a leitura do livro O Domínio – O Inicio do Fim, do autor Steve Alten. Receoso por vários motivos: pela temática apocalíptica (vide o desestimulante filme 2012 de Roland Emmerich, e tantos outros filmes, documentários e livros que entraram na inércia do tema que, mesmo sendo um pouco interessante, se desgastou), a capa com uma pirâmide Maia, um calendário e várias datas (por mais que me interesse pelo tema, alguma coisa naquela imagem esta errada, e eu ainda não sei dizer o que é), o fato de ser uma série – trilogia (sim, eu admito que não sou grande fã de livros em sequencias, salvo raríssimas exceções) e, por fim, os comentários de amigos e colegas sobre o quanto o livro é “08 ou 80”.
Acredito que desde sempre se discute o fim do mundo e consecutivamente o fim da nossa espécie. E, por mais que os caminhos sejam diferentes, no fim todos acabam chegando ao mesmo ponto central em comum, seja numa perspectiva religiosa, filosófica, cientifica ou fantasiosa. O mundo que conhecemos já acabou diversas vezes (uma singela busca ao Google, e você encontrará as inúmeras teorias de que o mundo ia acabar – desta vez é verdade – ao longo do tempo). É aqui que o americano Steven Alten, autor da Trilogia O Domínio, que tem o livro O Domínio – O Inicio do Fim, escrito em 2001, como pontapé inicial, se baseia para construir o enredo ficcional e as teorias que encharcam as páginas desta trilogia. Não posso entrar em maiores detalhes para não estragar o recheio de suspenso do livro. Se este assunto o interessa – a leitura é recomendada.
Julius Gabriel é um renomado arqueólogo que dedicou todo o seu tempo para pesquisas e estudos sobre relíquias do passado, e assim, de alguma forma, assoalhar algumas questões do passado que assombram o presente. Ao lado do seu filho Michael Gabriel, eles tentaram entender toda a estrutura e segredos do calendário Maia, que prevê o final do mundo.
“Quatro Ahau, três Kankin (21 de Dezembro de 2012).”
E, depois de muitos anos de dedicação, e árduo trabalho, ele resolve apresentar sua tese para a bancada científica para divulgação dos mistérios, resultados e conclusões. É aqui que as coisas ficam um pouco estranhas, pois passamos pelas Pirâmides do Egito, Golfo do México, templos esquecidos e perdidos, desertos misteriosos, sítios arqueológicos, e até mesmo em Stonehenge, num emaranhado de explicações fantasiosas que muito agradam, mas nem sempre soam coerentes, deixando algumas lacunas e dúvidas, que resultam na resposta para a salvação da humanidade. Por não ser levado a sério, e ter o antagonista Pierre Borgia instigado os cientistas contra ele durante sua exposição, o arqueólogo frustrado morre ao lado do filho, que por sua vez enlouquece e vai parar no Centro de Avaliação e Tratamento do Sul da Flórida. Depois de anos internado no sanatório, por comportamento inadequado e antissocial, Michael Gabriel conhece Dominique Vasquez, que estava fazendo sua residência no local. E é na parceria da médica e do paciente, e nas páginas do diário do finado Julius Gabriel que esta a chave da historia. E o relógio para a destruição do mundo continua correndo...
E eu achei este livro muito insano, e na maioria das vezes absurdo, que vai evoluindo cada vez mais para uma trama doida e insonhável. Os delírios acabaram extrapolando muito, deixando o suspense de lado e caindo no lado cômico e jocoso – o que é algo negativo tendo em vista que esta não era a intenção. Às vezes me sentia constrangido no meio da leitura, principalmente quando a vertente religiosa e extraterrestre começou a dar luz a algumas das ideias do livro, como se fosse o arqueólogo sendo ridicularizado.
A narrativa é interessante? Sim, por mais que tenha alguns furos e incoerências, a forma ágil e acessível da escrita não deixa o livro enfadonho e cansativo, pelo menos em grande parte. Eu não gostei muitos das longas páginas com o diário transcrito do Julius Gabriel, além de comprovar que ele era um Robert Langdon esquizofrênico, mostra que ele era uma pessoa que realmente não deveria ter sido levado a sério. O que eu gostei do livro? Eu me simpatizei bastante com a residente Dominique Vasquez, e os trechos com as perspectivas dela era as que mais me interessavam. E mesmo sendo muitas vezes forçada, a interação dela com o Michael Gabriel, e o desenvolvimento desta relação de médica e paciente, me envolveu.
Acho que se você ler o livro sem muitas expectativas, e levando em consideração estas questões, vai ter um bom divertimento. Acredito que a leitura pode se tornar desestimulante se você esperar um livro muito sério e técnico. As misturas de arqueologia e política, religião e ficção cientifica, são divertidas, e deixam a imaginação livre e solta, exceto a máxima da luta contra o bem e o mal, que me fez deixar o livro de lado diversas vezes. Pra mim é a maior falha do livro, tirando é claro a teoria extravagante que o autor tenta explicar toda esta bagunça.