domingo, 11 de novembro de 2012

Resenha: "O Jogo do Anjo" (Carlos Ruiz Zafón)

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Por Juny: Sabe aquele livro que quando você termina fica sem ação, que mexeu tanto com você que você mal sabe como descrever? E que a palavra “sensacional” é pouco para classificar. É assim que me sinto cada vez que termino um livro de Carlos Ruiz Zafón, o qual sou extremamente suspeita ao resenhar devido a paixão que tenho pela escrita desse autor.

“O jogo do anjo” faz parte da série “O cemitério dos livros esquecidos” junto com os livros “A sombra do vento” (resenha aqui) e “O prisioneiro do céu” (resenha aqui). É considerado o segundo livro da série, mas não é imprescindível a leitura na ordem, mas recomendo que comece por “A sombra do vento” para entrar no clima desse universo criado por Zafón.

Assim como os outros livros, esse também se passa em Barcelona em meados das décadas de vinte à quarenta. E há cenários comuns nos outros livros como “O cemitério dos livros esquecidos” e a “Livraria Sempere e Filhos” (nessa época administrada pelo avô de Daniel).

O protagonista é David Martin um aspirante à escritor, acompanhamos o inicio de sua carreira, bem modesta, com contos intitulados de “Os mistérios de Barcelona” publicados no Jornal em que trabalha. Ele conta com o apoio de seu amigo Pedro Vidal, um homem muito rico que também é escritor, não tem tanto talento quanto Martín, mas pela sua posição acaba tendo muitos bajuladores.
“Um escritor nunca esquece a primeira vez em que aceita algumas moedas ou um elogio em troca de uma história. Nunca esquece a primeira vez em que sente o doce veneno da vaidade no sangue e começa a acreditar que, se conseguir disfarçar sua falta de talento, o sonho da literatura será capaz de garantir um teto sobre a sua cabeça, um prato quente no final do dia e aquilo que mais deseja: seu nome impresso num miserável pedaço de papel que certamente vai viver mais do que ele. Um escritor está condenado a recordar esse momento porque, a partir daí, ele está perdido e sua alma já tem um preço.”
Martin dá uma guinada em sua carreira quando é demitido do jornal e acaba assinando um contrato com uma editora para publica a série “Cidade dos Malditos”, as condições do contrato são ruins e o exploram em demasia, mas ele aceita para continuar em busca de seu sonho. O contrato prevê que ele escreva esses livros sob o pseudônimo de Ignatius B. Samson, com isso ele acaba não usufruindo da fama que a serie conquista.

Com o passar do tempo, ele fica doente de tanto trabalhar sem descanso, negligenciando sua saúde. O medico diz que ele tem um tumor na cabeça e não há o que fazer, deve ter no máximo algumas semanas de vida.

Sem rumo após essa descoberta, ele acaba se envolvendo com um editor extremamente misterioso que lhe faz uma proposta de emprego irrecusável e pede que ele lhe escreva um livro com um tema muito peculiar. Isso muda completamente a vida de David.
– Não o tenta a ideia de escrever uma história pela qual os homens sejam capazes de viver e morrer, pela qual sejam capazes de matar e deixar-se matar, de sacrificar-se e de enfrentar a condenação, de entregar sua alma? Que desafio poderia ser maior para seu ofício do que criar uma história tão poderosa que transcenda a ficção e se converta em verdade revelada?
Além do relacionamento com o sombrio patrão, David se envolve na investigação sobre o passado do antigo morador do casarão em que ele mora, Diego Marlasca, que também era escritor e teve uma morte misteriosa. O passado de Diego Marlasca é muito perigoso e mexer nele significa criar muitos inimigos.

David tem uma amizade muito forte com o Sr. Sempere, que o introduziu no mundo dos livros no passado e sempre lhe apoiou, como se fosse um filho. Há na história também Cristina, assistente de Pedro Vidal e grande paixão de David. Um romance complicado e doloroso, cheio de reviravoltas.

E destaque também para Isabella, uma jovem teimosa e cheia de personalidade, que foge de casa e passa a morar com David, quer aprender técnicas de escrita com ele, para realizar seu sonho de ser escritora. O relacionamento deles é um dos pilares do livro.
– Que horas são, Isabella?
– Devem ser dez da manhã.
– E isso significa que? ...
– ... nada de sarcasmos antes do meio-dia – replicou Isabella.
Já li um pouco sobre David em “O prisioneiro do céu”, mesmo assim me surpreendi muito com a sua história, tão sombria, tão sofrida. Ele é um protagonista muito interessante.

Um livro em que cada pagina é um mistério desvendado, onde às vezes o autor lhe coloca em duvida sobre a realidade dos fatos e mesmo com todo o ar sombrio, não deixa de ter belos romances e amizades. Sempre com a narrativa intensa de Zafón: sombria, ironica e que em alguns pontos é até mesmo poética. Todos personagens tem um proposito, a trama é muito bem tecida. A paixão pelos livros mais uma vez faz-se presente nessa série. Não é uma simples leitura, é uma experiencia, uma viagem a Barcelona antiga.
"Nesse exato momento, inclinou-se e roçou os lábios nos meus. Apertou minha mão com força e foi embora sem dizer adeus."
Geralmente termino uma resenha com uma recomendação ou algum simples elogio, mas dessa vez o que tenho a dizer é: Carlos Ruiz Zafón: eu te amo! Obrigada por me proporcionar ótimos momentos de leitura! Preciso de mais livros como esse!

9 comentários

  1. Nossa que livro! Adorei a resenha, você a desenvolveu muito bem. Estou curiosíssima para saber mais sobre esse e os outros livros desse autor que eu desconhecia. Parabéns.

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  2. Primeiro livro do Zafón que li foi esse. Uma amiga comprou e não conseguiu ler, pq, pasme, era muito grande. Pode isso??
    Li ele num fôlego só e no momento, ando querendo ele numa troquinha do skoob..rs
    Pq Zafón é o tipo de leitura que tem que estar ali, na estante. Tenho todos os livros dele e não dá pra dizer qual é o melhor, pq todos são infinitamente maravilhosos.
    O Jogo do Anjo é primoroso, cheio de detalhes, mistério, emoção.
    Leitura mais que recomendada :)

    Beijos

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  3. Cada vez que leio uma resenha sobre ele fico curiosa. Quero ler essa série toda também. Ahhh e essa capa é linda, a mais bonita de todas.

    abraços

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  4. Eu sou louca para ler os livros dele...Tô de olho no box já faz tempo, mas dindin pra comprar ainda não deu..rsrsrs...
    Ótima resenha...

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  5. Eu já li 'A Sombra do Vento' e 'O Prisioneiro do Céu' e estou contando as moedinhas do cofrinho pra comprar esse! Acho que todo mundo devia ler os livros dele. "Carlos Ruiz Zafón: eu te amo!" :)
    Adorei a resenha! Parabéns!

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  6. Eu tenho esse livro já faz um bom tempo, ganhei e não sei pq nunca tive vontade de ler, mas a tua resenha me deixou balançada e vou até colocar ele na minha fila de leitura.

    Beijão
    http://lilicasg.blogspot.com.br/

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  7. Todo mundo fala tão bem dos livros do Carlos Zafon! Faz muito tempo que quero ler algum dele, esse é o que me chama mais atenção mas não sabia que era parte de uma trilogia. Vou procurar os três.
    Parabéns pela resenha ^^

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  8. O Zafón é o máximo mesmo, dessa série eu só tenho O prisioneiro do céu e apesar da recomendação, não vou esperar ter o primeiro para ler, prefiro reler mais tarde a deixá-lo muito tempo na estante.

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  9. Um bet-seler original e cheio de suspense.

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Ana Liberato