Duas resenhas, com pontos de vista bem distintos, do polêmico “Cinquenta tons de cinza”
Por Gabi: Impulsionada por sua paixão pela Saga Crepúsculo, a inglesa Erika Leonard James, escreveu uma fanfic chamada "
Master of the Universe" ( Mestre do Universo em tradução livre), que recebeu, desde o início, milhares de acessos. A partir dessa despretensiosa criação de James, nascia o maior sucesso literário de 2012! Com mais de 200 mil exemplares vendidos em três semanas no Brasil e se tornando o livro mais vendido de todos os tempos, Cinquenta Tons de Cinza ofuscou as vendas do antigo recorde, Harry Potter e As Relíquias da Morte em poucos meses. Movida por todo esse boom, me vi obrigada a ler esse livro para ver do que se tratava esse sucesso todo.
Em Cinquenta Tons de Cinza, somos apresentados a um relacionamento nada trivial entre a incente jovem Anastasia Steele, desastrada nata e com uma beleza simples e o bilionário, sedutor, enigmático, com um triste passado e irresistível Christian Grey.
A história começa quando Ana vai substituir Katherine Kavanagh em uma entrevista para o jornal da faculdade, já que a amiga foi vencida por uma gripe às vésperas da tão esperada oportunidade de entrevistar o CEO da Grey Enterprises Holdings, grande empresário e principal benemérito da universidade delas.
Recebida pelo exuberante Christian Grey, Ana esbanaja sua falta de jeito na entrevista munida das perguntas pré-preparadas por Kate. Como se não bastasse a situação desconfortável em que se encontra, Ana se vê completamente atraída por aquele homem. O que ela não sabia, porém, é que sentimento era recíproco…
” Você me desarma totalmente, senhorita Steele. Por tua inocência. Que supera qualquer barreira. “
Depois de ter ‘resgatado’ Ana de seu amigo e eterno pretendente (não correspondido) José, em um bar de Portland, numa comemoração do fim da faculdade que acabou em doses a mais de margueritas e tequilas, a relação deles começa a ficar cada vez mais íntima. Grey ajuda Ana a se recuperar do porre, a leva para seu apartamento no Hotel Heathman e cuida da moça. Enquanto isso, aquele desejo que havia sido despertado na entrevista vai tomando proporções cada vez maiores.
Ana descobre, então, que os gostos de Christian, na verdade, são bem diferentes. O cara é praticante de BDSM (Bondage e Disciplina, Dominação e Submissão, Sadismo e Masoquismo) e tem em seu mega apartamento um Quarto da Dor.
“ – Anastasia, eu não sou o tipo de homem sentimental… Não curto romance. Meus gostos são muito singulares. Você devia ficar longe de mim. – Ele fecha os olhos parecendo derrotado. – No entanto, por algum motivo, não consigo ficar longe de você. Mas acho que você já notou isso. “
A partir daí, eles embarcam em um relacionamento intenso, revelador e recheado de extravagâncias (sexuais ou não). Para começar, a guria deve assinar um Contrato de Fidelidade, com o qual se compromete a não contar a ninguém detalhes de sua relação com Grey. E não para por aí. Ana ainda deve assinar outro “acordo” em que estão estabelecidas regras de comportamento e da relação Dominador-Submissa.
Confesso que quando cheguei nessa parte, pensei: “É loucura demais para mim. Acordos por escrito? Já deu!” rsrs Mas resisti bravamente.
As cenas de sexo existem, sim, e são bem detalhadas. O BDSM está mais presente livro, por isso ele tem uma pegada mais “crua”, se podemos assim dizer. Em algumas cenas, Christian diz à Anastasia “Quero de foder agora” ou “Vou te comer aqui mesmo”. O ‘sexo baunilha’, assim como Grey gosta de chamar, que é mais romântico e doce, não é bem a praia do primeiro volume da trilogia.
Percebi, entretanto, que o que realmente chamou minha atenção no livro é que relação entre Christian e Anastasia vai muito além da sacanagem e do sexo-dominador. Toda aquela de contratos pra cá e contratos pra lá, vai por água abaixo a partir do momento em que eles vão descobrindo, juntos, o universo um do outro. E que, na verdade, Anastasia é a grande Dominadora!
“ – Sabe, quando você caiu na minha sala para me entrevistar, só dizia “sim senhor”, “não senhor”. Achei que fosse uma submissa nata. Mas, francamente, Anastasia, não sei ao certo se tem algo de submisso nesse eu corpo delicioso. “
O livro é uma boa pedida de entretenimento. A escrita de James não é brilhante, mas a obra é de leitura fácil e bem rápida, somos presos pelo romance e pela relação incomum do casal. Consegui até arrancar boas risadas dessa leitura. Muitas vezes taxado de “pornô para mamães”, ouso dizer que a trilogia é bem mais um romance sensual do que erótico propriamente dito. Tenho que ressaltar, entretanto, que se você já leu a Saga Crepúsculo, viverá intensos déjà-vus ao longo de Cinquenta Tons de Cinza. As semelhanças com as personagens, seus comportamentos e algumas situações, são inegáveis.
Para os que não estão certos se querem investir tempo e dinheiro no livro, há uma boa (será?) notícia. Foi confirmado pela autora há pouco tempo pela autora que a trilogia receberá adaptação para as telonas. Agora nos resta esperar.
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Por Juny: Demorei 6 meses para terminar de ler esse livro. As vezes ficava com tanta raiva dos protagonistas que precisava dar um tempo da leitura. Pensei em larga-lo mais de 10 vezes, mas segui em frente porque para poder critica-lo, eu tinha que conhece-lo e persistir na leitura até o fim.
O enredo basicamente é a garota ingênua, Anastasia, que se apaixonada pelo milionário, Christian Grey, sexy, misterioso e cheio de gostos exóticos no que diz respeito ao sexo, que lhe propõe um contrato, para que ela seja sua submissa.
“Eu quero Christian Grey. Eu o quero desesperadamente. É fato. Pela primeira vez na vida, quero ir para a cama com um homem. Quero sentir suas mãos e sua boca em meu corpo.”
O inicio do romance é uma das melhores partes, foi o que mais prendeu minha atenção. As cenas de sexo, no inicio podem ate gerar uma curiosidade sobre as praticas nada comuns de Christian ou até mesmo chocar, mas depois se tornam extremamente repetitivas. Queria mais diálogos, jogos de sedução, como os do inicio do livro, mas o que vi foram paginas e mais paginas de sexo por qualquer motivo, em qualquer lugar.
Anastasia no inicio é bem ingênua e é interessante a maneira como se envolve com Christian, mas depois ela perde muito da sua personalidade e dignidade pra agrada-lo. Christian no inicio é um cara misterioso e extremamente sedutor, mas depois se mostra muito problemático. Kate, a melhor amiga de Ana, foi a minha personagem favorita no livro, a única pessoa sensata na trama.
Sei apreciar um bom livro hot, mas com “Cinquenta tons de cinza” não rolou. Inclusive ficava indignada com os momentos em que ele queria puni-la, bater, faze-la sentir dor; não era uma simples palmada, era bem mais psicótico. Por mais que tenha toda aquela questão do passado dele, não justifica esse tipo de atitude. Não vou entrar no mérito dos gostos das pessoas que praticam relações BDSM (http://pt.wikipedia.org/wiki/BDSM), mas acho que nem isso justifica o jeito de Grey.
“Fiz, sim, o que meu coração mandou, e fiquei com a bunda doendo e o espírito abatido por causa disso”
Acho que o problema foi que esperei tanto pelo livro, com as expectativas nas alturas que acabou criando tanta decepção. Se eu tivesse abandonado o livro teria uma impressão ainda pior. Do meio pro final a autora tenta amenizar um pouco as coisas. E por falar na autora, achei o estilo dela bem amador e superficial, talvez melhore no decorrer da série.
O melhor do livro é a troca de e-mails entre os protagonistas, muitas vezes as respostas são irônicas e espirituosas, o que aliviou um pouco o martírio das 455 páginas que pareciam nunca ter fim.
Vou continuar a série? Talvez, ainda não me decidi se consigo me forçar a ler mais para continuar esperando que fique bom. É um livro que todo mundo tem que ler e tirar suas próprias conclusões, com toda a repercussão que gerou mundialmente e a quantidade de fãs, mostra que tem seus méritos.