quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Littera Feelings #4 – Arte do Desapego: um difícil domínio

Olá, amigos leitores. O que estão folheando esses dias? Tão curtindo? Com um aperreio de uns estudos e trabalhos ficou difícil pra mim #sad (isso sem falar da maior trollagem de todos os tempos de um modem; btw, sorry o atraso da coluna) Minhas leituras pendentes que se segurem, já tô programando eles pro feriado imprensado da semana que vem. Ainda assim dei aloca, devorei Como Eu era antes de Você e @mor enquanto devia estar estudando #momentoconfissão :D

Nesse meio tempo...

Movimentos e iniciativas literárias a gente vê quase todo dia, né? Acompanhei umas matérias nos últimos tempos sobre uma coisa que me chamou atenção... Campanhas de doações de livros.


Aposto que vocês já ouviram falar (ou mesmo viram esse vídeo #AcheiTodoDia) de livros sendo deixados por aí para que outros pudessem se tornar leitores dele. No sábado de 19 de outubro, teve o “ataque literário, em que a ideia foi “deixar um livro que não se queria mais em algum lugar da cidade”.

Particularmente, acho lindas essas iniciativas (já conheceu o projeto Esqueça um livro?) Imagina que awesome seria se, por esses projetos, um livro viajasse o país como aquela calça do filme “Quatro Amigas e um Jeans Viajante”? Não como booktour, digo. Tenho a impressão de ter ouvido falar de algo assim um tempo atrás, não tenho é certeza...

Mas a questão que quero trazer pro post é: você, leitor(a), está preparado(a) para deixar um livro por aí? Dá pra se desgarrar de alguém da SUA estante?



Aí a coisa muda um pouco de perspectiva, né?

Nas prateleiras, os livros são tantos que logo não se tem mais espaço para os novos. E quanto mais espaço arranjamos, mais livros. Sempre chegando, encaixando, se espremendo no canto, dizendo Oi a cada vez que você passa lá.

E aí eu pergunto... alguma vez já saíram? Além das visitas à casa dos amigos nos empréstimos, digo, e dos passeios nas bolsas, mochilas, pastas? Sair sem retorno?

Penso que na maioria das vezes em que deixamos um livro ir é quando não gostamos dele. Esse livro não é pra mim, talvez dê mais certo com outro. É tão mais fácil, né? Muitas foram as vezes que vi isso no sistema de trocas do skoob, livros que foram “abandonados” em leitura ou levaram poucas ou nenhuma estrelinha de apreciação. Livros ditos “fracos” pra quem os leu, então estão aí, no sistema, procurando novos leitores.

Só que isso não é bem... desgarrar. Não houve ligação entre vocês, afinal. O livro nem cumpriu seu papel, ele só seguiu viagem. Assim quem certamente tá na sua estante é aquele que seus corações abraçaram, agarraram, amaram. Então o que seria deixá-los... ir? (Sim, plural!). Eles cumpriram seu papel, não? Possivelmente poderiam cumprir de novo, noutra casa, noutras mãos, noutras prateleiras... Sinto isso como aquelas cenas de filme, em que a pessoa cuida do passarinho ferido, o adota e depois o devolve para a natureza.

Até um tempo atrás acho que não os largaria assim, apesar de não ter me afastado de um muito querido meu.

Um dia passeando pelo skoob vi que uma amiga deixara um livro que eu tanto queria, pra troca, e, sabe a primeira coisa que me passou pela cabeça? COMASSIM ELA NÃO GOSTOU DO LIVRO, SOCIEDADE? Fiquei espantada, ainda mais por ter conhecido os bastidores desse livro em especial. Me espantei mais foi quando abri a página de leitura dela pra verificar a classificação e... Estavam lá as 5 estrelinhas completas.

Isso me impressionou muito na verdade.

É esse desprendimento que acho difícil de encontrar. Quando amamos um livro, adotamos, simples assim. Ai de quem relar a mão nele sem permissão. Ai de quem não cuidar dele com tanto esmero. Até porque quando a gente gosta mesmo, não apenas o adotamos pra vida, revisitamos, remexemos nele, leva, quem sabe, uns post-its e etiquetas adesivadas, umas marcações de lápis ou caneta, concretizar o encontro que tivemos. Uma forma de dizer “você é meu”.

Olhe pra sua estante, ou pense nela. Quem dali poderia sair? Sem falar dos que você não gostou ou não queira mais, claro, qual(is) você acha que cederia para um novo lar? É difícil, eu sei, os littera feelings não deixam...

Tenho uns que realmente eu não soltaria a mão. Dá um negócio no coração só de imaginar! E olha que dois estão em outro Estado, mas voltarão, eu sei, provavelmente os verei de novo lá pelo Natal.

Só que, como proposto nesse post, pensei também naqueles que gostei e estaria disposta ao desapego. Apesar de ter feito troca de dois no sistema Plus do Skoob, ainda não considero que me desapeguei. Gostei, só não me agarrei a eles, por isso a troca. Ultimamente estou com O Lado Bom da Vida (Matthew Quick) em mente... só não sei se estou preparada para colocá-lo para troca ou mesmo entrar na onda do Esqueça Um Livro. Esse do Quick, na verdade, tenho dúvida se seria um desgarrar, mas por outras razões, outras conversas.  

Reflitam um pouco.

A iniciativa é linda mesmo, admiro quem faça, de verdade. Só que depois do que levantei aqui no post, estamos realmente preparados? Para ter quem receba, alguém primeiro deve doar.

Compartilhem seus feels. Também no conflito? De quem você não desgarra de jeito nenhum? Já fez sua contribuição? Conte aí sobre quem foi.

Até o próximo post,
Bjos,


Kleris Ribeiro. 

7 comentários

  1. Eu tbm tenho um problema enoooorme em desapegar dos meus livros. As vezes penso que alguns eu poderia passar para frente, mas dá uma dor no coração. Fico pensando se vão cuidar bem dele, se não vão estragar.
    É difícil, mas sei que uma hora vou ter que colocar alguns para seguir viagem...

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  2. Normalmente passo livros à frente, mas há sempre aqueles que gosto e não pretendo tão cedo passar, mas empresto a amigas. Só ocorreu uma vez do livro ir e não voltar, e até hoje penso nele. Quero ver se o compro de novo.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Tenho muitos livros que amo e não me desapego, mas têm outros que sei que não vou reler, então estou sempre separando-os para doação para escolas pública, biblioteca pública ou até mesmo para aderir a esse projeto do "esqueça um livro" (que já fiz, aliás).
    Eu estou até planejando um projeto para o ano que vem aqui na minha faculdade para arrecadação de livros para doação ou até mesmo para serem esquecidos pela cidade. Ainda está sendo organizado, então não tenho certeza ainda. :)
    Eu acho que quando você não é muito apegado aos livros, eles deveriam MESMO ser doados. Existe uma carência enorme no Brasil por cultura, os brasileiros precisam passar a ler mais e tem muitas crianças e adolescentes que não possuem essa oportunidade (aí entra as doações para instituições públicas). Precisamos levar essa leitura às pessoas, dar a chance a elas de ler e se apaixonar como nós.

    Uma hora tenho certeza que vai todo mundo doar seus livros. Praticar a arte do desapego é necessário de vez em quando. ;)

    Ótimo post!

    Dyana Colares.

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    Respostas
    1. "Eu acho que quando você não é muito apegado aos livros, eles deveriam MESMO ser doados." [2] No outro dia teve uma campanha na minha cidade, mas num aperreio não pude filtrar a estante, tem uns que eu queria doar, aí passou do prazo :( Outros consegui doar para bibliotecas, a maioria era didático. Acredita que ainda tenho apego com um de Química?? Não sei explicar rs

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  5. Está tão lindo teu post, Kleris!!!

    Deu até vontade de me desapegar de alguns livros, mas ainda estou preparada #fato.

    Tenho muito ciúmes dos meus livros, você sabe. Quem sabe um dia eu não começo o desapego.

    bjs

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  6. Eu acho a iniciativa linda, mas você sabe bem como crio um elo todo especial com as coisas que gosto, né? Eu realmente dou muito valor sentimental às coisas, principalmente se elas tiverem sido presente. Aí mesmo que não desgarro de jeito nenhum.

    Não consigo me imaginar desgarrando do meu Gabriel e nem de Cinco Minutos, por exemplo. Mas me desgarraria de alguns que não gostei tanto assim e sei que não me fariam falta. Maldade, né? Foi feio o que disse, parece que tenho toda uma predileção. Mas, como você disse no post, tem alguns livros que nos marcam de tal forma, que não dá para deixá-los ir!

    Amei o post, kleris! Me vi ali na parte das marcações.

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Ana Liberato