Por Marianne: Olá amigos amantes de
livros! A resenha de hoje é
maravilhosa pra quem ama a cultura e história japonesa, e pra quem não conhece,
mas se interessa por esse mundo tão diferente.
A cortesã e o Samurai
foi escrito por Lesley Downer, a própria escritora viveu por quinze anos no
Japão e é apaixonada pela história do país. O livro nos conta a história do
Japão de 1868, onde nortistas e sulistas lutem entre si. Hana é casada com um
oficial do norte, mas seu casamento não dos mais carinhosos e felizes. Ela mal
conhece o marido que passa a maior parte do tempo em batalhas, e nas poucas
vezes que está em casa se mostra um homem arrogante e violento.
Enquanto o marido está fora defendendo o norte,
a moça precisa fugir de casa pra se salvar da invasão dos sulistas. Perdida,
sem dinheiro e sem alguém que possa ajudar, Hana confia na única chance que tem
de ser salva e acaba sendo vendida em Yoshiwara, o bairro dos prazeres, e é ai
que começa sua história como cortesã, em outras palavras, uma prostituta.
Em paralelo conhecemos
Yozo, um rapaz que passou um bom tempo no ocidente estudando e acompanhando a
construção do Kaiyru Maru, o primeiro navio de guerra comprado pelo Japão. Um
fiel defensor do norte e do xogum, Yozo também esta na batalha, no que pode ser
a última chance de derrotar os sulistas no Japão.
“Exposto com destaque num muro, estava afixado o 'Código de Comportamento' em letras enormes, com uma lista de proibições: 'Trair código dos samurais. Desertar. Emprestar dinheiro. Brigar por motivos pessoais. Atacar pelas costas. Poupar a vida do inimigo.' Cada uma dessas proibições tinha por castigo o seppuku, execução por suicídio ritual. O sangue de Yozo gelou nas veias ao ler uma das leis. 'Se um capitão morrer em combate, todos os seus homens deviam morrer com ele.' Nunca havia se deparado antes com um código tão centrado na morte como aquele.”
O livro é
surpreendente a todo o momento, até quando ameaça cair nos clichês de histórias
de amor. Me enganei muito ao pensar que logo o casal ia se encontrar e íamos
ver aquele romance sofrido. Demora muito pra Hana e Yozo terem algum contato e
antes disso temos uma construção muito bem feita de ambos os personagens, e uma
descrição impecável de como era a vida diante de tempos difíceis no Japão.
Hana é muito
interessante, apesar de ser vendida contra sua vontade ela acaba se adaptando
bem a vida de cortesã. Pra muita gente pode ser um choque, afinal, como pode
uma moça casada que se torna cortesã conta vontade em tempos tão difíceis
aceitar a ideia? Simples, Hana vivia com um marido violento que a maltratava. Na
Esquina Tamaya, lugar onde trabalha como cortesã Hana era idolatrada e os
homens queriam a todo custo estar com ela.
“Um mês havia passado desde a iniciação de Hana. Esperava-se que ela aceitasse clientes para mais do que apenas tomar saquê e conversar, mas havia outras mudanças mais sutis. As pessoas a tratavam de maneira diferente e ela também se sentia diferente. Mais segura. Era uma espécie de prisioneira com uma dívida a pagar e havia clientes com os quais ela preferia não dormir, mas essa era a sina de uma mulher. Hana também não tinha prazer em dormir com o marido. E, ao pensar na vida de antes, sentia que fora mais prisioneira naquela época do que então.”
Acredito que Yozo
existiu no livro só pra nos mostrar o que acontecia durante as batalhas e pra
dar uma romanceada na história, pra mim ele foi totalmente sem graça. O romance
dos dois acaba sendo segundo plano, pra mim soou quase como uma desculpa pra
dar algum desfecho pro livro. Mas nem por isso o livro deixa de ser bom, pelo
contrário: é ótimo. Eu acho que teria que dividir essa resenha em umas quatro partes
pra escrever tudo o que eu queria.
Um dos diálogos do
livro me fez pensar um pouco sobre todas as dificuldades de um lugar em guerra,
e em todas as vidas que são afetadas diante dessa situação, moças e rapazes
fazendo tudo o que pode pra sobreviver no meio do caos.
“- Vi sulistas nas ruas aqui, ouvi-os conversando. Vocês vendem o corpo ao inimigo.Hana se encolheu como se tivesse levado um tapa.- Todos tivemos de encontrar maneiras de sobreviver – declarou ela, por fim, com a voz tremula. – Estou viva e você também. É melhor não perguntar como.”
Nas últimas páginas,
no posfácio, a autora deixa claro que muitos dos fatos contados e até alguns
personagens do livro existiram e fizeram parte da história do Japão. Depois de
ler e saber o que realmente aconteceu tudo fica mais interessante.
Fica a dica pra quem quer
se aventurar pela história do Japão, vale a pena pesquisar sobre cada fato e
cada lugar contado no livro. Beijos pra vocês, até
a próxima! =)
Duas histórias de vida totalmente diferentes, mas interligadas de certa maneira!
ResponderExcluirA cortesã, que acaba encontrando na prostituição ,o carinho, a devoção que sempre lhe faltou...
O jovem idealista..que se assusta com as regras e leis desconhecidas(e extremas, diria eu)
Duas vidas que se cruzam..maneiras diferentes..sofrimentos diferentes..mas talvez com um propósito igual: Fazer algo!
Poético...com certeza, vai pra lista de desejados!
Um beijo
Deve ser uma história bonita, que mostra a realidade, não só daquela época, mas há casos no mundo parecidos a esse, em situações muitas vezes que não conseguimos imaginar.
ResponderExcluirOi Marianne!
ResponderExcluirSuper me interessei pelo livro apresentado nessa resenha. Por falar nisso, dou meus parabéns a Equipe do Dear Book que não se prende somente em resenhar os "livros do momento", mas apresenta outros romances não tão conhecidos mas que têm ótimos enredos.
Bem, vou pesquisar o preço e ver quando poderei lê-lo.
Até a próxima!