segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Littera Feelings #10 – Tem problema em ler? E em não ler?

[PRIMEIRO POST DE 2014, UHU]

Olá, leitores, como vai essa segunda-feira? 13 dias de 2014 e vocês devem estar pela segunda, terceira leitura do ano, né? Seus vorazes! Terça-feira, 7 de janeiro, foi Dia do Leitor. Comemorei abrindo um livro (dito e feito para meu provável primeiro, Um Romântico Incorrigível), e vocês? Quem abriram?

Por causa desse lindo dia choveram matérias em reflexão sobre o que é ser leitor, a importância de leitura e como esta está cada vez mais fazendo parte do diário das pessoas. 

Tivemos dentre essas matérias o tema da redação da UFRGS, que deu um alvorooooço (alvoroço bom e ruim), a “configuração” de metas para não soar obrigação e sim prazer (isso pode ser uma problemática), as felicitações sobre o dia do leitor (weeeeee), e até umas piadinhas (perdi o link, sorry) em cima do incentivo de leitura que a novela Amor à Vida está promovendo ultimamente.

Eis que estamos vivendo uma realidade (finalmente) em que é aceitável ler e ler por simples prazer, é algo admirável e os incentivos não param, estão aí aos montes.

Antes, se fôssemos vistos com o livro na mão, éramos tidos como os à parte da turma. Hoje alunos fazem resenhas de seus preferidos em sala de aula, senão, publicam na internet, temos discussões (até ferrenhas) sobre as questões abordadas, a matéria escolar já compete com os de cabeceira e tem pai brigando pelas prioridades.

Para a realidade dos leitores, não ter um livro dentro da bolsa é de bater a tristeza. Não é? :)


Por outro lado, ler não é um hábito que atinge a população por completo Ainda. Há esperanças. Parte dela se impressiona, mas não se envolve; outras não veem o bem que é, ou, pior, não aceitam que as pessoas estejam lendo, acham isso um absurdo pessoas matam, isso sim é um absurdo e não querem ser “obrigadas”.

Até hoje quando um familiar me aborda lendo, capturo um olhar diferenciado, por eu estar... podia tá matando, podia tá roubando lendo. Só sei que muitas vezes fico impelida a passar de página pra provar que tô lendo de fato (já aconteceu isso com vocês?).

Ninguém se impressiona é com o quanto a vovó assiste novela, ou com o tio que tem uma coleção de filmes (sem falar de todos os canais que passam filme a qualquer hora) ou o primo que vive assistindo desenho animado. Não estou desmerecendo nenhum, acho que estão é desmerecendo o livro... afinal, podem todos ser entretenimento, têm base na ficção e são todos culturais. Isso porque nem citei os videogames e/ou as séries de Tv.

Tem problema em ler?

Não.
Deixe em paz quem escolheu ler.

E TEM PROBLEMA EM NÃO LER?

Claro que não! Tudo bem quem não leia, a vida é sua, gostos e hábitos são seus. Gostar de correr, por exemplo, não é ponto comum como o fato de sermos todos humanos.

A atividade da leitura deve ser apresentada, não obrigada. Se eu quisesse ter passado a Educação Básica toda sem ler, de fato, livros, eu poderia. Muitos passaram e muitos passarão.


Para esse caso, vale a ilustração desse tweet que pipocou compartilhado pelas redes sociais logo após a saída da prova da UFRGS: 


Chequei a conta do usuário, ele replicou noutro tweet ter sido uma brincadeira, mas foi a primeira impressão que ficou e reinou pelas timelines. Acho que se pode dizer que o Brasil virtual, independente da comunidade leitora, ficou sentido.  

Brincadeira ou não, ofensa ou não, há controvérsias, há sensacionalismo, há... dúvidas. E realidades. Lembro mais uma vez que leitura é um costume. Não ler, do ponto de vista do leitor pode ser triste, mas nem por isso motivo para atacar ou ridicularizar. Quem sabe ainda não apresentaram um livro a esse cidadão, um livro ao estilo dele? Sou da ideia de que não se tem noção do que é ler até se achar uma boa leitura.

(Tahereh Mafi, escritora da série Estilhaça-me)

Acho que ler é uma escolha. Se você a faz, seja bem-vindo, vamos conversar; e se não a faz, tudo bem, vamos conversar da mesma maneira.

Ler muda vidas. Mudou a minha tão consideravelmente que acho que nunca poderia agradecer o bastante, nem os outros que não querem admitir que mudei por ter "leitura de mundo".

E aproveitando o gancho sobre essa questão de preconceito, lembremos que isso também acontece dentre nosso próprio meio de livros, na comunidade de leitores.

Essa imagem define bem o caso e já leva o recado:


E para quem não lê, uma nota apenas: não estranhem se nós lemos, estranhem se não estivermos lendo.

Por falar nisso, o que vocês estão lendo?

Até o próximo post,

Kleris Ribeiro. 

10 comentários

  1. Achei muito legal esse post, pois uma grande discussão que vem após a parte de se você lê ou não, é a parte de qual gênero você lê que acho que a maior discussão vem disso, vou dar um exemplo que vi na minha turma onde o estopim da discussão foi uma conversa que minhas amigas estavam tendo sobre o livro 50 Tons onde elas comentaram que o protagonista era maravilhoso, após isso meu amigo foi pesquisar o que tinha de tão especial nele, aí viu que o livro era erótico com linguagem bem escrachada e que segundo ele desvalorizava a mulher e ele se perguntava como uma pessoa, na verdade moças (maiores de idade valendo ressaltar) podiam estar lendo aquilo, e o pior foi o discurso dele foi super machista, e teve outro menino que começou a argumentar porque as pessoas não liam Bom Criolo e O Cortiço, que eu achei super desnecessário e pego o gancho do mensagem que circulou na rede. Eu acho que essa discussão sobre o gênero literário que cada um lê vai muito além.
    Beijo, tchau.

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    1. Aham!
      E ler Bom Criolo ou O Cortiço não impede 50 Tons e vice-versa. Vejo os rótulos como base de referência, estilo e tal, mas aí taxar quem lê é injusto, até pq a gente diversifica mto, né? O Inferno de Gabriel, por exemplo, é sensual e tem muita citação de clássicos e literatura geral, além de um bom trabalho em questão de escrita. O que será que eles diriam depois desse?

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  2. Acho que o hábito da leitura é importante e sempre fui incentivada a ler.
    Mas tudo bem...
    Cada um é cada um.
    Beijos e até.
    Ana.

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  3. Nossa, palmas para tudo o que foi dito! Concordo plenamente, na minha família mesmo, minha tia quando me vê lendo (e olha que leio pouquíssimo na frente dela) fica abismada e me pergunta como consigo gostar de ler e chega até a ficar admirada já que essa cena é rara e ela nunca presenciou seus filhos fazendo o mesmo; na minha própria casa acho que meus pais as vezes prefeririam que eu estivesse fazendo QUALQUER coisa ao invés de estar lendo, irônico não? Mas enfim, tento não deixar nada disso me abalar pq só eu sei o quanto o hábito de ler me faz bem.
    Sobre os clássicos, é complicado quando se lê por obrigação, acho que tudo o que fazemos por obrigação pode ser chato e não é algo incentivador. Quando eu estava cursando meu ensino médio eu tive uma professora de literatura maravilhosa e o jeito que ela dava aula e explicava sobre os livros me fazia mergulhar dentro da história que ela estava contando e me senti motivada a ler mais clássicos e claro, teve aqueles que não gostei, mas teve outros que me marcaram e que se tornaram meus livros favoritos. Acho que tudo depende da pessoa primeiramente encontrar o tipo de história com a qual ela se identifica. E lembrando de não rotular, afinal acho ridículo que até na literatura tenhamos preconceitos.

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    1. meus pais as vezes prefeririam que eu estivesse fazendo QUALQUER coisa ao invés de estar lendo [2] Com o passar do tempo (e das muuuuuitas leituras), acostumaram. Agora qnd tem bancadas e feiras de livros, me dão toques e perguntam se já passei lá :)
      Acho que tudo depende da pessoa primeiramente encontrar o tipo de história com a qual ela se identifica [2] Nem todo mundo tem pré-disposição pra começar com poesia ou literaturas mais trabalhadas, como Machado de Assis. A literatura é mto vasta pra se descobrir do que se gosta, pode até demorar. O leitor tem que se sentir confortável, que foi escolha dele. Aposto que se Harry Potter fosse obrigatório haveria reclamação do mesmo jeito até descobrirem que é bom.

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  4. Adorei esse post. Odeio quando aparece algum hipócrita que diz que só livro clássico presta. Quer dar uma de elegante "sou leitor, com licença", mas não percebe que faz parte da elegância saber respeitar os outros. Eu leio o que me faz sentir confortável, não leio pra mostrar pros outros que eu leio, inclusive sei que se eu quisesse parar de ler, ia ganhar mais apoiadores do que agora, lendo. Choveria gente me parabenizando por parar de gastar MEU dinheiro com livros. Gosto de ler pra viajar com os livros, pra me distrair, ficar feliz, assim como tem gente que gostar de jogar vídeo-game, futebol, assistir novelas, dançar, pescar... Se não concordarem com os gêneros que eu gosto e consigo ler, simplesmente não leiam o mesmo que eu, vá encontrar seu gosto e seja feliz assim como eu sou depois que descobri meus gêneros preferidos. Não tem nada mais antiquado do que querer mandar no que o outro gosta ou não gosta, quando esse gosto não interfere na vida de ninguém além de si mesmo.

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    1. Um big [2] por esse coment, Thayná! Até pq o livro de hoje pode ser o clássico de amanhã. E aí, o que diriam de nós, que perdemos a oportunidade de viver esse momento? E quem seríamos nós se disséssemos ao pescador como pescar? Ou o que pescar? Cada um com suas percepções...

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  5. Gostei muito do post, é verdade, em tudo. Independente do que leia, leia. É o que importa. Só o fato de ler algo já faz a diferença. E sério, como estão fazendo leis para dividir os tipos de discriminações existentes por ai, deveriam criar uma para proteger quem lê. Pois ocorre tudo o que você disse acima e digamos que até mais. E amei o quadro negro, uma leitura de um clássico não é melhor do que uma leitura de um livro erótico, ou pior. Eu leio quase de tudo, não gosto de erótico, mas leio se for preciso, mesmo não gostando tanto. Tanto que vou ler uns por ai, devido todos nos blogs estarem dizendo ser bons, então, porque não? Ano passado travei uma batalha para inserir minha irmã em alguma leitura. Comprei vários gêneros de livros. Ela olhava para as capas e achava bonitas, e dizia, queria ler esse, eu ia e comprava. O resultado foi uma coleção de livros ou primeiro livros de séries que nunca pensei em ter só para ver se ela iniciava a leitura de um e gostava. Ela descobriu que ama ficção científica e fantasia. Demorou um ano e meio para ler um livro histórico, e demorou 2 meses para ler Wondla, acredite, é muito tempo, para mim é, mas para ela é um record. Independente do que ela leia, quero que ela leia. Ler, para quem não sabe, faz com que sua inteligencia aumente, não é mito, a leitura traz uma gama de informações diferentes ao cérebro que precisa processar tudo. Melhora a escrita, e seu ponto de vista para com o mundo e a realidade. Poxa! Um livro de ficção faz isso? Faz! Amei seu post, obrigada!

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    1. Como estão fazendo leis para dividir os tipos de discriminações existentes por ai, deveriam criar uma para proteger quem lê [2] Mas em benefício do leitor mesmo, pois vi uma reportagem (http://t.co/Gz37njNiDP) sobre uma lei que forçava vestibulandos do Paraná a ler obras de autores da Academia de Letras de lá. Como se só eles fossem autores e o resto nada. E se já não fosse ruim a obrigatoriedade em vestibulares, a postura, claro, não é do tipo de ser encarada como incentivo (o que é a intenção), se limita tanto.
      E, btw, adorei a iniciativa com sua irmã! Se meus irmãos não fossem TÃO avessos com a leitura ~tipo, MUITO~ eu gostaria de tentar isso. Mas já tenho uns planos sobre outros familiares...

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Ana Liberato