Por Marianne: Sufoco. Acho que é a
palavra que melhor define Corações Feridos.
Eu li o livro em uma semana pra chegar logo ao desfecho da história das
gêmeas Hephzibah e Rebecca de tanta aflição da situação que em elas viviam.
Mas
vamos à história que é o que interessa: Hephzibah e Rebecca são adolescentes de dezessete anos que guardam um segredo terrível. O pai, um
pastor idolatrado pelos frequentadores de sua igreja, dentro de casa se
transforma num opressor, fanático religioso, violento, alcoólatra e muitos
outros péssimos adjetivos que vamos descobrindo ao longo da leitura. Como se
não bastasse tudo isso a forma de criar as filhas é a mais arcaica possível.
As meninas não tem permissão de sair de casa e as roupas que usam são as que a
igreja coleta pra caridade. Absorventes, desodorantes e remédios são coisas que
as garotas nem sonham em ter dentro de casa. Ah, e a mãe! É uma mosca
morta que vive a sombra do pai e não faz absolutamente nada pelas filhas.
Rebecca, por conta de
uma síndrome chamada Treacher Collins que deforma seu rosto, é mais tímida e
fechada, porém muito mais astuta e esperta que a irmã. Defende e ajuda
Hephzibah no que pode. Fica claro em determinados momentos que existe uma
mistura de incômodo de admiração dela em relação ao fato de que Hephzi faz de
tudo pra fingir ter uma vida normal como sair escondida a noite pra ir a
festas, ter um namorado e sonhar com o dia que vai se ver livre do pai.
“Ela deu de ombros. Eu sabia que me achava patética, mas ela era tanto quanto eu. Ela não estava fazendo nada para ajudar a si mesma. Mas eu não podia tê-la pendurada em mim, dependendo de mim. Eu não poderia cuidar de tudo pra nós duas. Não conseguia fazer isso nem comigo mesma, e era por isso que eu precisava da ajuda de Craig. Tinha medo de fazer tudo por minha conta.” Hephzi
A relação das duas
irmãs é muito verdadeira. Ao mesmo tempo em que Hephzibah prefere que Rebecca
fique mais distante de seus amigos da escola por causa de sua deformação facial,
ela defende a irmã prontamente quando alguém decide tirar sarro ou zombar de
Rebecca. No melhor estilo “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”.
“Chorei pela Vovó e por Hephzi tarde da noite, quando ninguém podia me ouvir. Não chorei em seus funerais, mesmo sabendo que isso me fez parecer estranha, porque eu nunca deixaria que os Pais vissem minha dor. Mantenho meu sofrimento escondido, lembra?” Rebecca
O livro segue uma
ordem cronológica diferente, os capítulos vão se alternando entre o antes e o
depois: antes de morte de Hephzi, depois da morte de Hephzi. Sim, a gêmea
bonita e rebelde morre. E é aí que fica todo o mistério do livro. Como e por
que Hephzi morreu? Seria o pai tão cruel a ponto de causar a morte da própria
filha? E seria a mãe tão resignada a ponto de não mover um dedo pra mudar a
situação das filhas?
É um suspense
muitíssimo bem construído pela autora Louisa Reid, eu fiquei incomodada com o
livro. Quando eu achava que o pai já tinha atingido o ápice da crueldade com as
filhas, vinha a autora nos mostrar que tinha mais e que a situação estava longe
de acabar. É incrível como a autora consegue mostrar com
naturalidade questões adolescentes como primeiro beijo, primeira relação sexual
e primeiro amor ao lado de questões mais pesadas como bullying, abuso, violência
doméstica e fanatismo religioso sem deixar o livro com uma cara de próxima temporada
da Malhação.
Já disse aqui que sou
uma pessoa de finais realistas mas é IMPOSSÍVEL não torcer por um final feliz
nesse livro, depois de tanto sofrimento e angústia eu acho que seria crueldade
da minha parte não torcer pra que as coisas não terminassem bem pra Rebecca, diferente
de como foram pra Hephzi.
A maioria das resenhas que leio a respeito desse livro são sempre boas, e a sua me incentivou mais ainda a lê-lo! :D
ResponderExcluirxx Carol
http://caverna-literaria.blogspot.com.br/ (ex Hangoverat16)
Esse livro já está em minha lista de leitura, e como amo suspense sei que vou amar esse. Engraçado, pensei que quem morria não era a irmã bonita. Esse livro vou ler, é muito bem elogiado.
ResponderExcluirUm livro forte tenso, onde muitas vezes me emocionei e me revoltei. É triste saber que isso acontece de verdade em muitos lares.
ResponderExcluirBjs, Rose.