Tradução
de André Telles
Por Kleris: Oi, gentes! Essa é minha resenha de estreia :) O livro me chamou a atenção num dia qualquer passeando pelo skoob, fez suas promessas e temi ter esperanças demais logo de cara. A edição brasileira traz uma capa linda que, não sei vocês, ela me faz sorrir de volta tal qual a foto e posso dizer que “pega bem” a essência do que é a história. Guardem essa informação que vou buscá-la daqui a pouco.
O livro
começa no ponto de vista de Laura, uma assessora de imprensa que é requisitada de última hora para servicinho “particular”: ser guia de um cantor lírico cego, a quem se referiam como “mestre”
por ser muito renomado.
Quando o agente tirou do bolso minha passagem de trem, tive vontade de rir outra vez. E se eu tivesse recusado? Na verdade, qualquer outra, aqui mesmo, se ofereceria prazerosamente para cuidar do mestre. Outra mais experiente. Por que eu?
Apesar
de não conhecer nada do ramo dele, Laura se aventura a cumprir tudo e
descobrir, quem sabe, o porquê de ELA ter sido requisitada, pois de certa forma
ficou aquela pulguinha atrás da orelha. Isso acaba ficando para segundo plano
quando o ouve cantar pela primeira vez. A voz dele a toca a ponto de não só
admirá-lo, mas vir a ter aquele amorzinho platônico impossível. E ela tem noção
do quão bobo isso é.
Eu ia amar aquele homem. Já o amava. Podem rir. Um amor de fã pelo ídolo. A obscura provinciana e o homem realizado, bonito, rico, que tinha todas as mulheres a seus pés. Melhor: o homem ferido! E eis que a inocente garotinha encontra o caminho de seu coração... Puro romance ao estilo de M. Delly!
Encantos
(e constrangimentos) à parte, Laura é logo contratada por definitivo por David, o
agente do cantor, o que a permite adentrar mais no mundo de Claudio
Roman, o cantor sedutor. Como amiga e profissional, ela vai descobrindo mais
de quem foi e quem é o Claudio de agora, cego.
Ainda
que tenha uma carreira feita, ele sofre por suas limitações e guarda medos que
Laura diz “reconhecer” nas várias apresentações que acompanha. Quando ouve a
voz dele, é como se ela pudesse sentir mais que as vibrações da própria música,
os nuances de dor e frustração, coisas que realmente a incomodam. Laura deseja
poder realizar um sonho antigo de Claudio, de interpretar um papel lírico que
“foi feito para ele”. Para isso, teria de resgatar a visão primeiro.
O caso
de Claudio não era irreversível, só talvez sua opinião sobre a cirurgia. Enfrentando
a ira dele, e as dúvidas do agente-pai David, ela se mete e os convence de
tentar uma chance, já que muitas coisas do estado dele eram favoráveis. Embalada
por uma amizade e paixão misturadas, Laura vê a cirurgia se realizar e trazer a
visão de volta a Claudio. Ele então poderia interpretar o Alfredo, em La
Traviata, ópera baseada na obra A Dama das Camélias.
Mas
como, se depois de tanta insistência, tantas maravilhas, como dar vida a esse
sonho se ela... some? O desespero bate em Claudio, que, apesar de ter a visão
de volta, havia perdido Laura.
Vemos
então que o livro tem mais de uma parte. Uma segunda e uma terceira, que podem
deixar a leitura um pouco confusa. Para mostrar o momento de Claudio e explorar
mais do outro lado da história, a autora utiliza-se de uma forma de narrar
diferente da inicial e parece perder um pouco do foco. Coisas como trabalho e
família, antes tão justificáveis para certos pontos da trama, são esquecidos e
a autora se volta de repente para esse amor que Claudio percebe ter perdido.
Os dois homens apertaram-se as mãos: - Pão e música, é que o senhor lhe isso? – perguntou o pai. - Os dois alimentos indispensáveis à vida – completou Claudio. Uma reprimenda atravessou o olhar triste pousado sobre ele. - Está esquecendo o amor, cavalheiro.
De pano
de fundo, o livro possui muitas citações e referências a óperas, teatro,
música, e essências, como cheiros e cores, coisas valorizadas por aquela perda
da visão. Janine vai levando tudo com uma escrita simples, às vezes pretensiosa em suas metáforas, mas por sempre leve, com ações rápidas. O fato de ser
corrido e passar rapidamente por pontos (como os citados trabalho e família),
que poderiam ser essenciais, me faz pensar na história como um conto, e não um
romance.
Assim,
ela poderia ter elaborado e dar mais consistência aos fatos, o que levaria
provavelmente a um segundo livro. Mas, sei lá, senti que Janine quis que a
história fosse desse jeito mesmo, despretensiosa, humorada, levemente adocicada,
com uns clichês e passagens de efeito, sem pedir muito do seu leitor. E se
tentou/se arriscou em surpreender com a troca de pontos de vista e de voz
narrativa, foi para trazer algo diferente.
O título
original é Histoire d’Amour e acho
que prefiro a versão brasileira, que dá uma dica maior sobre do que se trata a
história, assim como a capa. Acho que a expressão facial que mostra é a
expressão com que ficamos por boa parte da leitura, também bem definida por
esse trecho em particular:
Banal? Clichê? Claro, mas paciência, é assim!
Não
possui nada muito denso, Pela Luz dos Olhos Seus é uma leitura breve para quando estamos saindo de
muitas séries e superando outras histórias.
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