quarta-feira, 23 de abril de 2014

Resenha: "Esconda-se" (Lisa Gardner)

Por Sheila: Annabelle teve uma infância difícil. Um dia, sem saber por que encontrou os pais com as malas prontas quando chegou da escola, e tiveram de mudar-se as pressas, não só de casa, mas de vida: seu pai arranjou um novo emprego e eles passaram a usar outros nomes, como numa brincadeira. Só que a brincadeira repetiu-se de novo. E de novo. E de novo.
Meu pai me explicou pela primeira vez quando eu tinha sete anos de idade: o mundo é um sistema. A escola é um sistema. Bairros são sistemas. Cidades, governos, qualquer grupo de pessoas. Aliás, o corpo humano é um sistema, viabilizado por subsistemas biológicos menores.
 A justiça criminal é definitivamente um sistema. A Igreja Católica – não o deixe começar. Há então os esportes organizados, as Nações Unidas e, é claro, o Concurso de Miss América.
- Você não precisa gostar do sistema – ele me explicou. – Não precisa acreditar nele nem concordar com ele. Mas precisa compreendê-lo. Se conseguir compreender o sistema, vai sobreviver.
Uma família é um sistema.
Só que Annabelle esta cansada de somente sobreviver. E Annabelle, agora Tanya Nelson, que passou a vida inteira fugindo, sem nunca saber por que, que acorda um belo dia e descobre que seu corpo foi encontrado em uma câmara subterrânea junto com outros corpos mumificados. Por mais que ela saiba que talvez o melhor fosse utilizar isso a seu favor – ser presumida morta deveria preservá-la do que quer que estivessem fugindo – ela esta cansada. Cansada de não ter amigos. Cansada de não poder criar vínculos mais duradouros, por receio de que sua identidade falsa seja descoberta cansada de ter medo.

A responsável pela cena do crime, a câmara subterrânea encontrada, é a sargento D.D. Warren que, para quem já leu Lisa Gardner sabe que é uma profissional extremamente competente e comprometida com o que faz, levando a solução dos crimes de sua jurisdição muito a sério. Com ela está o detetive Bobby Dodge, a quem pede auxílio na investigação devido a uma antiga parceria.
Ele tocou na parede de novo, sentindo a  terra compacta. A menina de doze anos, Catherine Gagnon, havia passado quase um mês naquela primeira prisão subterrânea vivendo em um vácuo escuro sem tempo, interrompida apenas por visitaa de seu sequestrdor, Richard Umbrio, que a mantivera como escrava sexual. Caçadores a encontraram acidentalmente pouco depois do Dia de Ação de Graças, quando bateram sobre a cobertura de compensado e se surpreenderam ao ouvir gritos abafados debaixo dos pés. Catherine foi salva. Umbrio, mandado para prisão.
Só que o caso Catherine aconteceu há muito tempo atrás, quase uma década, e Umbrio, o único que poderia responder sobre a questão está morto – uma morte que envolve Bobby, e que resultou em uma transferência, assim como talvez o término de um pretenso relacionamento com D. D. E não é apenas um corpo que encontram nesta câmara, mas seis.
Bobby voltou o olhar para as prateleiras cobertas da estante, que percebeu que D.D. ainda estava evitando. D.D. não o havia chamado às duas da manhã para olhar uma câmara subterrânea. O Departamento de Polícia de Boston não havia solicitado uma mobilização urgente por um poço quase vazio.
- D.D? – ele perguntou em voz baixa.
Ela finalmente assentiu.
- É melhor ver por si mesmo. Essas foram as que não foram salvas Bobby. São as que permaneceram no escuro.
Seriam crimes antigos, cometidos por Umbrio antes de ser descoberto? Afinal, a semelhança entre as duas instalações subterrâneas é imensa. Se for, não há mais nada a ser feito a não ser identificar os corpos das meninas encontradas. Do contrário, pode ser que haja um assassino à  sangue frio ainda a solta. Quantas outras câmaras como esta existirão?

Agora, Annabelle, Bobby e D.D. Warren acabarão embarcando em uma jornada insólita em busca dos segredos do passado, que seu pai buscou tão ferozmente esconder, a fim de descobrir quem é o assassino responsável pelas mortes das garotas encontradas na câmara, e de que forma isto está relacionado com a estória de Annabelle – apesar de que ela pode descobrir que, até mesmo as meias verdades que conhece não passam de mais ilusões.

O livro é eletrizante, o suspense vai sendo criado num crescendo até o desfecho, e eu me tornei uma verdadeira fã de Lisa Gardner – estórias bem elaboradas, desfechos plausíveis e, ao mesmo tempo, surpreendentes, várias reviravoltas no enredo, trama bem amarrada e narrativa bem  construída.

Meu problema é com a ordem de publicação dos títulos da autora já que, por mais que cada romance seja independente um do outro e que, quando há situações que remetem a um romance anterior, isso é explicado, NÃO É A MESMA COISA do que ler em sequência. Já avia lido – e resenhado – por aqui “Viva para Contar” e “Sangue na Neve” e algumas questões do relacionamento entre D.D. e Bobby ficaram mais claras ao ler “Esconda-se”, que é anterior.

Fora o desabafo ... Recomendo!



2 comentários

  1. Eu também preferia ler em sequência, acho que a editora não pensou muito bem nesta parte.
    Bjs, Rose

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  2. Confesso que eu não tinha muito interesse por esse livro antes, mas adorei a sua resenha, parece ser uma história com bastante ação e envolvente!

    xx Carol
    http://caverna-literaria.blogspot.com.br/

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Ana Liberato