Por Sheila: Annabelle teve uma infância difícil. Um dia, sem saber por
que encontrou os pais com as malas prontas quando chegou da escola, e tiveram
de mudar-se as pressas, não só de casa, mas de vida: seu pai arranjou um novo
emprego e eles passaram a usar outros nomes, como numa brincadeira. Só que a
brincadeira repetiu-se de novo. E de novo. E de novo.
Meu pai me explicou pela primeira vez quando eu tinha sete anos de idade: o mundo é um sistema. A escola é um sistema. Bairros são sistemas. Cidades, governos, qualquer grupo de pessoas. Aliás, o corpo humano é um sistema, viabilizado por subsistemas biológicos menores.A justiça criminal é definitivamente um sistema. A Igreja Católica – não o deixe começar. Há então os esportes organizados, as Nações Unidas e, é claro, o Concurso de Miss América.- Você não precisa gostar do sistema – ele me explicou. – Não precisa acreditar nele nem concordar com ele. Mas precisa compreendê-lo. Se conseguir compreender o sistema, vai sobreviver.Uma família é um sistema.
Só que Annabelle esta cansada de somente sobreviver. E
Annabelle, agora Tanya Nelson, que passou a vida inteira fugindo, sem nunca
saber por que, que acorda um belo dia e descobre que seu corpo foi encontrado
em uma câmara subterrânea junto com outros corpos mumificados. Por mais que ela
saiba que talvez o melhor fosse utilizar isso a seu favor – ser presumida morta
deveria preservá-la do que quer que estivessem fugindo – ela esta cansada.
Cansada de não ter amigos. Cansada de não poder criar vínculos mais duradouros,
por receio de que sua identidade falsa seja descoberta cansada de ter medo.
A responsável pela cena do crime, a câmara subterrânea
encontrada, é a sargento D.D. Warren que, para quem já leu Lisa Gardner sabe
que é uma profissional extremamente competente e comprometida com o que faz,
levando a solução dos crimes de sua jurisdição muito a sério. Com ela está o
detetive Bobby Dodge, a quem pede auxílio na investigação devido a uma antiga
parceria.
Ele tocou na parede de novo, sentindo a terra compacta. A menina de doze anos, Catherine Gagnon, havia passado quase um mês naquela primeira prisão subterrânea vivendo em um vácuo escuro sem tempo, interrompida apenas por visitaa de seu sequestrdor, Richard Umbrio, que a mantivera como escrava sexual. Caçadores a encontraram acidentalmente pouco depois do Dia de Ação de Graças, quando bateram sobre a cobertura de compensado e se surpreenderam ao ouvir gritos abafados debaixo dos pés. Catherine foi salva. Umbrio, mandado para prisão.
Só que o caso Catherine aconteceu há muito tempo atrás,
quase uma década, e Umbrio, o único que poderia responder sobre a questão está
morto – uma morte que envolve Bobby, e que resultou em uma transferência, assim
como talvez o término de um pretenso relacionamento com D. D. E não é apenas um
corpo que encontram nesta câmara, mas seis.
Bobby voltou o olhar para as prateleiras cobertas da estante, que percebeu que D.D. ainda estava evitando. D.D. não o havia chamado às duas da manhã para olhar uma câmara subterrânea. O Departamento de Polícia de Boston não havia solicitado uma mobilização urgente por um poço quase vazio.- D.D? – ele perguntou em voz baixa.Ela finalmente assentiu.- É melhor ver por si mesmo. Essas foram as que não foram salvas Bobby. São as que permaneceram no escuro.
Seriam crimes antigos, cometidos por Umbrio antes de ser
descoberto? Afinal, a semelhança entre as duas instalações subterrâneas é
imensa. Se for, não há mais nada a ser feito a não ser identificar os corpos
das meninas encontradas. Do contrário, pode ser que haja um assassino à sangue frio ainda a solta. Quantas outras
câmaras como esta existirão?
Agora, Annabelle, Bobby e D.D. Warren acabarão embarcando em
uma jornada insólita em busca dos segredos do passado, que seu pai buscou tão
ferozmente esconder, a fim de descobrir quem é o assassino responsável pelas
mortes das garotas encontradas na câmara, e de que forma isto está relacionado
com a estória de Annabelle – apesar de que ela pode descobrir que, até mesmo as
meias verdades que conhece não passam de mais ilusões.
O livro é eletrizante, o suspense vai sendo criado num
crescendo até o desfecho, e eu me tornei uma verdadeira fã de Lisa Gardner –
estórias bem elaboradas, desfechos plausíveis e, ao mesmo tempo,
surpreendentes, várias reviravoltas no enredo, trama bem amarrada e narrativa
bem construída.
Meu problema é com a ordem de publicação dos títulos da
autora já que, por mais que cada romance seja independente um do outro e que,
quando há situações que remetem a um romance anterior, isso é explicado, NÃO É
A MESMA COISA do que ler em sequência. Já avia lido – e resenhado – por aqui
“Viva para Contar” e “Sangue na Neve” e algumas questões do relacionamento
entre D.D. e Bobby ficaram mais claras ao ler “Esconda-se”, que é anterior.
Eu também preferia ler em sequência, acho que a editora não pensou muito bem nesta parte.
ResponderExcluirBjs, Rose
Confesso que eu não tinha muito interesse por esse livro antes, mas adorei a sua resenha, parece ser uma história com bastante ação e envolvente!
ResponderExcluirxx Carol
http://caverna-literaria.blogspot.com.br/