O leitor se lembra de quando terminou o romance e continuou sentado naquele banco, olhando lá fora, no alto, o relógio da Central lhe dizendo que era hora de ir para a Universidade. Ele não iria. Nem naquele dia nem nos outros. Algo se rompera dentro dele, algo que resultaria no abandono do curso e na opção por outro. (Flávio Carneiro – O leitor fingido, p. 66)
Oi,
pessoal, como andam as leituras?
Dia
do amigo foi outro dia aí e um belo domingo pra descansar a cabeça com aquele
que sempre tem algo pra nos dizer, nem que seja com as mesmas palavras. Ainda
estou naquela fase de deixar alguns livros de lado (férias para uns, nada de
férias para outros...), infelizmente, mas algo que nunca, nunca, nunca deixo é
meu lado leitor :)
Acho
que já ficou claro depois de 17 posts sobre o assunto hahaha como gosto do
universo que envolve o leitor. São tantas possibilidades, são tantos clichês,
costumes, novos costumes, situações engraçadas, clássicas, estranhas... enfim,
como não gostar se somos nós os leitores e temos esse direito? Lembrem-me de fazer um post sobre isso, li esse artigo
aqui que me deixou bem balançada pra discutir com vocês umas ideias, só tive uns
contratempos...
Hoje
quero compartilhar alguns livros que falam dessa nossa realidade fantástica
(não necessariamente fantáaaaastica como a literatura fantástica) que é ser
leitor – e que, só por essa premissa (ou detalhe), me conquistaram!
Para
essa primeira parte, listo livros que colocam em foco o leitor e a experiência de
leitura.
O leitor fingido –
Flávio Carneiro
Não
é bem um livro de literatura, é de ensaios e conta com alguns contos pequenos
entremeados, que colocam sempre à frente a figura do leitor, suas impressões, teorias
e etc. Como diz na orelha, o autor consagrado (ele é um crítico literário) se
coloca do outro lado do papel, “para tratar dessa espécie de mistério que
envolve o instante em que, alcançado pelo olhar do outro, o texto se faz
completo”.
Esse
foi um achado que é bem queridinho. É um livro de contos em que todos trazem
como tema central situações que envolvem leitores e autores, numa ficção
que se debruça sobre a própria ficção. Alguns contos chegaram ao nível máximo
de feels, outros nem tanto, mas certamente
envolvem tramas incríveis, com aventuras, investigação, confissões, o livre
imaginário (que pode ser aterrorizante) e coincidências de vida. Fico um pouco
em dúvida em apontar qual foi meu preferido, mas por certo “Esse maldito
sotaque russo” estaria na lista – e indico esse principalmente aos apaixonados
pela série Castle. É um caso que adoraria ver o escritor resolver ao lado da
detetive Becket.
Tony & Susan –
Austin Wright
Descobri que não sou muito fã de literatura policial, investigação ou thrillers, mas
esse me pegou. O livro é uma narrativa de camadas (fiz coments breves nesse
outro post aqui) que permeia a leitura de um original e a realidade ao redor de Susan (uma beta
reader), quem lê o material que foi escrito por seu ex-marido, este que quer a
opinião dela se é algo bom ou não de publicar. A ficção aqui também se apropria
da própria, acompanhamos a leitura e impressões de Susan, de modo a guiar as
nossas enquanto visualizamos “os planos de realidade” (o plano do original, o
plano de vivência de Susan, o nosso plano de leitura). Ele é bem engenhoso
nesse sentido, com um “retrato instigante da experiência da leitura com uma
trama de ação eletrizante”, como diz a orelha.
Serena – Ian McEwan
Confesso
que não foi um livro que exatamente me pegou, por assim dizer. McEwan foi genioso de criar
uma trama que coloca a relação autor e leitor em paralelo com a de observador e o
observado, comportamentos dignos de espionagem. A meu ponto de vista é uma
ótima premissa, tem grande contexto de ação, porém... não fluiu. Arrisco dizer
que gosto de Serena em fragmentos, justamente esses que trazem a figura do
leitor e a experiência de leitura, traz muito também da metalinguagem, do leitor
fingido (aquele que fala dele mesmo), as ânsias e expectativas... Já a ação em
si, dispenso. A contracapa diz que o leitor deste livro deve ser um bom espião
– ou eu falhei no processo, ou McEwan não soube exigir de mim. Ainda assim, tenho um carinho por ele. Principalmente por essa capa (não sei, me lembra a Sarah da série de comédia-ação-espiã Chuck).
Destrua este diário –
Keri Smith
Sob
a ideia de que “criar é esculhambar”, este livro se revela um desafio a
qualquer leitor e aplica um desapego na base da porrada e outros estraçalhos – literalmente.
Não se trata por exato de se remeter a uma experiência de leitura, como os
livros acima, mas sim uma experiência de apego material sobre o objeto livro,
em que a proposta é, de fato, destruir o diário, de todas as formas indicadas,
testando os limites de nossa afeição. Pat pode ter jogado um livro pela janela
em um ataque de raiva (em O lado bom da vida), mas, justamente, foi um momento
de fúria. Já jogar Destrua este Diário de boa vontade ou dar para um cachorro morder é oooooutra história. Eu até gostaria de me testar... Só não arrumei coragem pra isso XD
(que p*** é essa?)
Outros
mais que lembro ter essa temática (e pretendo ler) é “O livro selvagem” e “Coração de Tinta” (série Mundo de Tinta). Não é muito comum achar literaturas que
tratam sobre leitores e/ou trazem leitores em suas narrativas, mas lá e cá a
gente topa com uns desses. Esses foram os que conheci ou lembrei. Agora vocês, leitores, se tiverem uns e outros na memória, compartilhem aí nos comentários.
Espero que tenham gostado das dicas :)
Até
a próxima (parte),
Kleris
Ribeiro.
Me interessei por Tony & Susan, nunca tinha ouvido falar antes!
ResponderExcluirxx Carol
http://caverna-literaria.blogspot.com.br/
Oi oi oi!
ResponderExcluirAdorei a primeira parte do Littera Feelings 18. Sim, tsc tsc tsc, comecei pelo 19, haha,
Eu confesso que dos titulos que você apresentou só havia ouvido falar no Destrua este diário, e Serena, que eu vi pela primeira vez na Bienal de 2012, e nunca me dei a oportunidade de ler. Vou acrescentar a minha wishlist (que está mais do que infinitamente imensa) rs.
Beijos,
Alichel
http://entrelivroseoutrosvicios.blogspot.com.br/