Por Kleris: Sabe aquele livro que se abre com guarda
baixa? Que é melhor deixar que o livro fale por si? Acho que O Irresistível
Café de Cupcakes é um desses. Se possível, querido leitor, espero que experimente
o mesmo. Por isso vou tentar não me ater muito a pormenores para não entregar
nada demais para vocês.
Antes de
entrar na história, acho que vale umas notas a se considerar para uma prazerosa
leitura. O Irresistível Café de Cupcakes é desses livros que não pede nada de
você, nem ritmo, nem reservas. Leve e simples, é ótimo para qualquer lugar, ler
em público sem aquela obsessão arrasadora que outros livros calham de exigir de
nós.
Sabe
quando você termina um desses avassaladores, intensos ou algo do tipo e não
sabe se está pronto para o próximo? Ou que próximo seja digno? Aqui O
Irresistível Café de Cupcakes se encaixa bem, pois, além de permitir você
respirar com calma depois daquele atentado ao seu coração, ele dá uma serenidade
gostosinha que vai te levar a outro. Se está procurando um leitura para viagem
de algumas horinhas, ele é mais que indicado. É, certamente, desses que precisa
de um momento certo.
Comigo
pelo menos foi.
“Você viu a estátua na cidade?”
“A estátua?”
“A mulher com o balde de bluebarries.”
Pelo jeito, era a estátua que eu estava tentando fotografar quando caí no píer. “Sim, acho que sei qual é.” “Diferente, não?”, ele comentou. “A maioria das cidades teria uma estátua do fundador, uma figura importante. Nós temos a dama de blueberry.”
“Pensei que ela estivesse carregando um balde de uvas.”
Roy levantou as sobrancelhas. “Uvas? Nunca repita isso para alguém de Beacon. Expulsam você da cidade na hora.”
Ellen é
uma advogada de Nova York que tem uma pequena missão em mãos: a querida avó,
antes de morrer, a encarregou de entregar uma carta em Beacon, no estado de
Maine. Respeitando esse último desejo, Ellen toma a estrada para essa pequena
cidade em que sua avó nasceu e cresceu, esperando lá encontrar alguns traços da
senhorinha que há pouco tinha ido embora, algo que preenchesse aquele seu vazio
do luto.
No seu
primeiro dia de visita, eis que, ainda muito resguardada em nostalgias, ela
toma um banho frio de mar inteiro que a puxa para a realidade. Ellen caiu de um
píer, quase se afoga e vai parar no jornal local. Mas não apenas por ter sido
resgatada por um morador, foi pela forma com que ela o agradeceu: de primeira
página, fotografaram Ellen dando um beijo no moço! Ela vira uma pequena
celebridade instantânea, apelidada de Nadadora.
Muito
discreta e teimosa, Ellen dispensa seu momento de fama. Para alguém tão
observadora, não gosta de ser o centro dos holofotes, nem das lentes. Na
verdade, ela quem gosta de estar por trás de uma câmera, ser fotógrafa é um
hobby seu. A cidade pelo jeito seria um ótimo lugar para ser capturado enquanto
estivesse nessa missão.
A carta
escrita pela avó Ruth estava endereçada a Chet Cummings, um antigo amor que se
perdeu no caminho dessas vidas. Ao ler, Ellen percebe que houve mais perdas, pois
sua família parecia não conhecer bem a mulher que perderam, ali estava descrita
outra vida. A carta é então um primeiro passo ao desconhecido, quanto ao
passado da avó Ruth e quanto ao presente de Ellen, quem estava em fase de
preparação de casamento. Nessa busca, assim como o passado pintava uma outra Ruth,
o presente pintava uma outra Ellen que ela mesma havia esquecido.
Fiquei lá sentada, respirando a maresia, imaginando a Vovó sentada no mesmo lugar [...] Eu tinha feito uma descoberta – uma janela para a vida da minha avó. Uma vida sobre a qual nós não sabíamos nada. Isso era uma dádiva, inesperada e maravilhosa. O quanto ainda por descobrir eu não tinha ideia.
Gostei
bastante do livro, a escrita não é pretensiosa, às vezes um pouco ingênua (o
que se confere pelos agradecimentos da autora ao final), e bem descritiva. Essa
descrição meticulosa para algumas coisas, penso eu, parece ter sido a forma com
que Simses encontrou para revelar mais a personalidade de Ellen, advogada
especialista no setor imobiliário, com crushes
para o lado da fotografia e culinária, primordialmente tudo relacionado a
blueberries – uma fruta (parece uvas) não típica de nossa terrinha brasileira,
é aqui conhecida como “mirtilo”.
“O mais importante de tudo”, ela disse, estendendo o braço em direção ao horizonte diante de nós, “é a composição – o que seu olhar escolhe fotografar. O que fica dentro e o que fica fora.” Ela apontou para a câmera. “Quando você olha para o visor, precisa saber o que faz sentido. Precisa se perguntar se há alguma perspectiva melhor para ver a cena à sua frente – talvez uma perspectiva mais interessante ou de um jeito que você não tinha pensado. Há tantas maneiras diferentes de olhar a mesma coisa, Ellen.”
A
ambientação da trama é bem hospitaleira, daquelas que instiga quem tem uma
queda por cidades pequenas, bem interioranas. Como uma fã de Bluebell,
cidadezinha da série Hart of Dixie, me vi no Rammer Jammer e a própria Ellen
traz um pouco da Zoey Hart. O que eu diria à autora é: desculpa, Mary, em certas páginas, a sua descrição me fez pensar em
você como o Joel, o namorado nova-iorquino da Zoey que tenta retratar tudo com
deslumbramento. Acho que daria um bom filme para tardes preguiçosas, com uma
trilha sonora de clássicos de jazz a country
two-step que embalasse todos os feels.
Os
personagens são carismáticos e não muito estereotipados, não odiei ninguém e,
aqueles que representavam certos empecilhos para Ellen, como Hayden (o noivo) e
Mamãe (da Ellen), me fizeram foi rir. O humor da trama é assim, natural e sutil
em situações embaraçosas, bem do jeitinho de gosto. Com ares de conto, notei um
ou dois furos no romance, mas nada muito significativo que travasse a leitura. O
clichê, nesse sentido, também foi bem trabalhado.
Um toque
legal da Mary (ou da edição?) foi a escolha de títulos para encabeçar os
capítulos, sem os tradicionais números. Isso tira um pouco da noção de saber
onde se está pisando, se lemos muitos ou poucos capítulos. Vou presumir que
isso também nos ajuda a nos perder – e nos encontrar – na história tal qual a
Ellen. Para a capa, também presumo que carrega um conceito mais que pensado
pela editora – e se não é isso, deixem-me acreditar (rs) – combinado então com o
texto de contracapa. Prefiro a brasileira à original, achei mais especial (se representa mesmo o que estou pensando).
Quanto à
frase que a edição traz, que diz “se você gosta dos romances de Nicholas
Sparks, vai devorar O Irresistível Café de Cupcakes”, essa vocês vão ter que me
confirmar, pois do Sparks nunca li nada.
Há uma cidade em Maine...
(não resisti à piadinha da entrada da série Once Upon A Time)
Espero
que visitem Beacon com Ellen – e se já visitaram, contem o que acharam :)
Olha, já vi esse livro na livraria e confesso que o título me chamou atenção. Mas não acho que seja um livro que me surpreenderia, até pelo que você comentou na resenha. Parece ser aquela leitura leve, sem muitas exigências nem pretensões; enfim, gostosinho de ler. Agora, quanto ao final do texto, quando você fala sobre a frase que vem na edição, confesso que me senti meio contrariada haha. É que do Nicholas Sparks só li um livro e detestei, não faz meu tipo de leitura mesmo.
ResponderExcluirBeijos, Livro Lab
Aham! Muito gostosinho de ler.
ExcluirJá qnt ao N. Sparks, achei meio ?????, mas como nunca li nada do cara...
¯\_(ツ)_/¯
Essa é a primeira resenha que leio desse livro e fico feliz em saber que ele é leve, divertido, fofo (era do jeito que imaginava). Gostei bastante da ambientação escolhida pela autora,além disso a capa é muito linda..Quando vc disse que a cidadezinha te lembrava Bluebell, fiquei feliz pq adoro esse seriado tb .Quero ler e ter esse livro. Parabéns pela resenha.bjs
ResponderExcluirBluebell <3
ExcluirO livro parece ser ótimo, leve e divertido, e como eu amos os livros Nicholas Sparks, fiquei ainda mas doida pra ler esse!
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