Oi,
pessoal. Sentiram minha falta? Dei uma leve sumidinha aqui da coluna... Foi a
arte de tentar abraçar tudo e acabar não fazendo muita coisa. Nesse meio tempo
teve uns posts especiais (encontro de leitores e escritores;
lançamento do livro Lagoena)
e em breve tem resenhas vindo aí.
Foi
num dia desses de descanso que assisti a um filme (um tantinho antigo) e me
deparei com uma cena interessante. A diretora executiva de uma empresa chegava ao escritório e
passava pela mesa da assistente, que estava aos prantos lendo um livro. Ao ver
a chefa, a assistente só entregou o café e disse “Ultima página”, apontando para
o livro. A diretora então foi para sua sala ali perto e esperou que a
assistente terminasse. Quando ela apareceu, ainda chorosa, a chefa perguntou como foi o
fim da história. Achei muito gentil da parte dela.
E me perguntei, como é que
nos comportamos/comportaríamos ao ver alguém se emocionando em público por um
livro? Como gostaríamos que nos tratassem?
Nesse
instante, trata-se do espaço do outro
leitor.
É
comum pensarmos em como nós nos sentimos ao estar no mundo do livro ao qual
abraçamos. Sorrimos, sorrimos alto e baixo, questionamos, brigamos, discutimos,
nos entristecemos, entendemos, não entendemos, odiamos... enfim, nos
emocionamos de alguma maneira, pois estamos lá com os personagens, com o
narrador, com o escritor. E é isso, estamos lá, não cá. O que deve ser isso
para o outro, no mundo real?
Não
falo apenas de estar fora de casa, mas visível a outras pessoas que se está em
um paralelo de leitura.
Com
os amigos, ok, enquanto eles estão tendo seus feels, vão enchendo nossa caixa de mensagens e a gente acaba
embarcando nessa com eles. Mas e se for um total estranho ao seu lado no
ônibus, no metrô, na sala de espera, na sala de aula, na bancada do bar, no
banco da praça...? E se você for esse outro que assiste uma pessoa atingir
altos picos de emoção por um livro? Como reagir?
Ainda
não tive a oportunidade de topar com um desses momentos por exato, mas já fui
essa que gargalhou no busão e a pessoa ao lado riu junto, perguntando que livro
engraçado era o que tinha em minhas mãos. Também foi gentil da parte dela. Mas
se eu estivesse chorando... o que você faria?
É
um ponto delicado se se considerar que, além do espaço do outro, tem o respeito por este. Devemos intervir? Gostaríamos que
intervissem? O que seria de bom tom a dizer? O que seria bom de ouvir? Seria
estranho demais?
Acho
que preservar o respeito acima de tudo está de bom tamanho. Eu gostaria que
fossem atenciosos de não quebrar o momento com uma coisa tão aleatória, como
pais sem jeito fazem rs. Acho que gostaria que me perguntassem o final se lá eu
estivesse, se foi realmente bom assim, o que mais gostei, se indico.
E
vocês? Vai aí um tapinha nos ombros? Alguma dica? Como foi a última saída de
transe?
Até
a próxima,
Kleris
Ribeiro.
P.S.:
O filme que inspirou o post foi “Kate & Leopoldo” (disponível na Netflix!),
uma cena ainda de início. A trama é semelhante ao livro Perdida (Carina Rissi), em que Hugh Jackman é um duque do século XIX transportado para
o século XXI e topa com Meg Ryan, uma mulher muito diferente do que ele poderia
imaginar. Produção de 2001, o filme continua sendo fofo através do tempo. Veja
o trailer (sorry,
não achei legendado) e se apaixone também!
Falando sobre isso, eu preciso contar uma história que eu acho que você já conhece, Kleris: a história do rouxinol, que os meus pais me pegaram chorando loucamente por causa do final (e entraram no meu quarto que nem loucos, acreditando que algo tinha acontecido comigo). Até hoje sou piada nas histórias de família.
ResponderExcluirDe pegar um completo desconhecido em algumas situações assim, não me lembro de já ter acontecido, mas o que eu diria a ele é uma boa pergunta.
Adorei a coluna, Kleca!