Por Sheila: Olá pessoas! Como vão? Resenha nova chegando ai gente! E de uma autora que - confesso! - eu nunca tinha ouvido falar. Neste livro, iremos entrar nem contato com a realidade da população de Annawadi (que eu também não conhecia) uma favela em Mumbai que fica às margens do Aeroporto Internacional.
Na verdade, aqui começa já a aparecer a disparidade: enquanto os moradores de Annawadi não tem ao menos saneamento básico, vivendo em barracos e sobrevivendo em grande parte do lixo que encontram, a poucos metros estão os aviões, turistas chegando e indo embora de Mumbai, hotéis luxuosos e carros de últimos modelos.
Logo nas primeiras páginas, seremos apresentados a Abdul e o mesmo está fugindo. Acontece que Fátima, uma vizinha que tem uma perna só, ateou fogo ao próprio corpo, e acusou Abdul e sua família de terem sido os perpetradores do crime.
Já era quase meia noite, a mulher de uma perna só jazia penosamente queimada, e a polícia de Mumbai vinha em busca de Abdul e seu pai. Em um barraco da favela, ao lado do aeroporto internacional, os pais de Abdul tomaram sua decisão com uma economia de palavras pouco usual. O pai, um homem doente,esperaria dentro do barraco de telhado de zinco onde a família de onze pessoas morava. Não resistiria à prisão. Abdul, o provedor da casa, era quem deveria fugir.
Logo depois, a autora irá voltar no tempo, para nos falar do dia-a-dia das famílias que vivem em Annawadi, suas conquistas, dúvidas, anseios, estratégias de sobrevivência, e os acontecimentos que levaram Abdul e sua família até os momentos narrados nas primeiras páginas, bem como o desenrolar e desfecho deste drama.
Abdul é apenas mais um dos muçulmanos, sempre em conflito com os Hindus, que ocupa com sua família numerosa um dos 355 barracos da favela de Annawadi. Não sabemos sua idade, apenas que pode ter entre 16 e 19 anos (não, certidões de nascimento não são uma das preocupações da população de Annawadi), e todo o sustento de sua família - que mora em um barraco, sem saneamento básico, mas que é considerada acima da linha da pobreza - é proveniente do trabalho de Abdul com lixo.
Perdidos e sem emprego formal entre lugares com acomodações luxuosas, em que as pessoas passam seu tempo de férias tomando champanhe e comendo caviar, boa parte das famílias de Annawadi sobrevive do lixo que consegue no aeroporto, enquanto Abdul é quem compra, separa e revende o lixo assim coletado. Ou seja, o Extremo (com E maiúsculo) em que se encontram em relação aos vizinhos que ocupam os hotéis, do outro lado de uma avenida, é gritante.
O mais interessante do livro é que o relato - da história, das pessoas - são todos reais; a autora, que é repórter e editora, ficou de novembro de 2007 à março de 2011 perambulando pela favela de Annawadi, coletando o material para este livro com notas escritas, gravações em vídeo, audiotapes e fotografias.
O resultado? Simplesmente aterrador, mas também magnífico e emocionante. Recomendo!
Abdul é apenas mais um dos muçulmanos, sempre em conflito com os Hindus, que ocupa com sua família numerosa um dos 355 barracos da favela de Annawadi. Não sabemos sua idade, apenas que pode ter entre 16 e 19 anos (não, certidões de nascimento não são uma das preocupações da população de Annawadi), e todo o sustento de sua família - que mora em um barraco, sem saneamento básico, mas que é considerada acima da linha da pobreza - é proveniente do trabalho de Abdul com lixo.
Perdidos e sem emprego formal entre lugares com acomodações luxuosas, em que as pessoas passam seu tempo de férias tomando champanhe e comendo caviar, boa parte das famílias de Annawadi sobrevive do lixo que consegue no aeroporto, enquanto Abdul é quem compra, separa e revende o lixo assim coletado. Ou seja, o Extremo (com E maiúsculo) em que se encontram em relação aos vizinhos que ocupam os hotéis, do outro lado de uma avenida, é gritante.
Abdul e seus vizinhos ocupavam, irregularmente, um terreno que pertencia à autoridade aeroportuária da Índia. somente uma travessa ladeada por coqueiros separava a favela da entrada para o terminal internacional. Para atender a clientela do aeroporto, havia cinco hotéis caríssimos ao redor de Annawadi: quatro megalíticos de mármore entalhado e um Hyatt de lustroso vidro azul, em cujo último andar Annawadi e várias outras ocupações irregulares pareciam vilarejos atirados de um avião, entre um edifício moderno e outro.- Tudo ao nosso redor são rosas - Era como o irmão caçula de Abdul, Mirchi, colocava as coisas. - E nós somos a bosta no meio disso.Perdidos entre a pobreza, a ganância de políticos, policiais e cidadãos corruptos, um sistema que os pune de forma intransigente, ainda assim os moradores deste pequeno espaço se permitem sonhar com uma vida sem tantas desigualdades.
- As pessoas do hotel agem de um jeito estranho quando bebem ... Mas quando eu for bem rico, e puder ficar hospedado num grande hotel como esse, não vou agir como um idiota assim.Mirchi deu risadas e fez a pergunta que muitos estavam fazendo a si mesmos em Mumbai em 2008:- E o que você vai fazer, sirrrrrrr, para ser servido num hotel desses?A escrita de Boo é cativante, sendo o conteúdo de seu escrito algo muito difícil de se ler. Expõe com beleza o aspecto cruel e desumano da forma como essa pequena sociedade, em sua maioria de catadores, se organiza, suas aspirações, seus conflitos, seus medos e suas pequenas vitórias.
O mais interessante do livro é que o relato - da história, das pessoas - são todos reais; a autora, que é repórter e editora, ficou de novembro de 2007 à março de 2011 perambulando pela favela de Annawadi, coletando o material para este livro com notas escritas, gravações em vídeo, audiotapes e fotografias.
O resultado? Simplesmente aterrador, mas também magnífico e emocionante. Recomendo!
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