Por Marianne: Fazia um tempão que eu não lia um livro enorme como Um
conto do Destino, mas o tamanho do livro não me intimidou (717 páginas) e eu me
joguei no que o autor Mark Helprin tinha pra
oferecer.
Mas vamos por partes. Pela sinopse eu podia concluir
que o livro era um romance com muitas reviravoltas, viagem no tempo, um amor
que UAU supera tudo, inclusive a
morte.
Em Um conto do destino conhecemos Peter Lake. Seus
pais, num ato de desespero, o abandonaram ainda um bebê num barquinho no meio
do oceano pra salvá-lo de uma epidemia de tuberculose. Peter Lake bebê foi
encontrado pelos Catadores de Ostras, homens de uma comunidade com várias
particularidades um tanto quanto estranhas,
e por eles foi criado até a adolescência quando teve que abandonar a comunidade
por não ser um nativo como todos os outros catadores.
A cidade era como uma imensa guerra —batalhas rugindo por toda parte, e homens desesperados nas ruas, em legiões rastejantes. Já ouvira os Catadores falarem sobre guerras, mas eles nunca disseram que elas podiam ser enfrentadas, forçadas a baixar as cabeças e forçadas a correr sem sair do lugar. Em vários milhares de quilômetros de ruas havia muitos exércitos cataclísmicos, interagindo sem qualquer ordem —dez mil prostitutas apenas na Broadway; meio milhão de crianças abandonadas. Meio milhão de aleijados e cegos; multidões com milhares de criminosos ativos, perpetuamente envolvidos em combates com a mesma quantidade de policiais; e o vasto número de cidadãos de bem, que, em suas vidas normais, eram tão ferozes e agressivos quanto cães selvagens de qualquer outra cidade.
Peter Lake vai pra Nova York com uma mão na frente e
outra atrás, sem nenhuma ideia de como é a vida na grande cidade. Mas o moço se cria em Manhattan e acaba se
tornando um dos ladrões mais formidáveis da cidade e entra pra gangue dos Rabos Curtos, um grupo enooorme de saqueadores de Nova York.Mas ao descobrir que o líder dos Rabos Curtos, Pearly
Soames, planejava atacar a aldeia dos Catadores de Ostras Peter Lake alerta os
aldeões estragando os planos os Rabos Curtos e se tornando inimigo da gangue e
sendo perseguido por Pearly Soames até o fim.
Numa de suas fugas Peter Lake
encontra o cavalo branco Athanasor que se torna um personagem quase tão
relevante quanto Peter Lake para a história.
E num dia à toa na vida que Peter Lake resolve
assaltar a casa de Isaac Penn, milionário dono do jornal The Sun, um dos mais
respeitados da cidade. Peter Lake espera
até que a casa esteja vazia e vai direto pro cofre da família e enquanto está
lá “trabalhando” ouve uma música tocada no piano e percebe que não está sozinho
na residência dos Penn. E é ai que Peter Lake se depara com a belíssima, frágil
e pelada Beverly Penn, filha mais velha de Isaac Penn. E ai eles se olham e se apaixonam perdidamente em um
parágrafo do livro. Beverly é uma moça bem excêntrica que tem tuberculose
e pouco tempo de vida. Ela aproveita esses últimos momentos com Peter Lake
criando a história de amor mais xôxa que eu já li.
Um ato benevolente é como um gafanhoto: ele fica adormecido até ser chamado. Ninguém disse que você teria de viver para ver a repercussão de tudo o que faz, ou que você teria garantias, ou que não seria obrigada a vagar pelo escuro,ou que tudo seria provado para você e cuidadosamente comprovado como se fosse algum aspecto da ciência. Nada acontece desse jeito; pelo menos, nada que valha a pena.
Meu resumo do desenrolar do amor dos dois te
convenceu? Pois é, eu também não me convenci mas é mais ou menos assim que esse
amor tão forte, que viaja no tempo e tudo mais, é apresentado.
Se você já assistiu até o fim o seriado Lost, que foi
sucesso na TV paga lá por 2006, e se você (assim como eu) achou o final de Lost
um cocô eu venho por meio desta resenha lhes informar que Um conto do destino é
o Lost dos livros. História longa, mil personagens cheio de segredos e
particularidades, mistério atrás de mistério, milhares de situações que
simplesmente não-tem-o-menor-sentido e
no final (sério, no final eu já estava pensando “Não é possível esse cara
esgotou o limite de falta de senso nesse livro ”) eu estava esperando ler algo
do tipo “Então Peter Lake acordou e foi
tudo apenas um sonho”. Mas o final conseguiu ser pior do que o seria se
tudo “fosse apenas um sonho”.
A narrativa do autor usa e abusa de metáforas e cansa até o mais incansável dos leitores, ele não
economiza na descrição de simplesmente TUDO. Tudo é motivo pra uns quatro
parágrafos de descrição. E vejam bem, “tudo” é bastante coisa, se o autor desse
uma economizada nas descrições e uma aliviada na narrativa agente teria
economizado ai umas boas páginas e talvez eu fosse mais boazinha na resenha do
livro. Raras vezes consegui ler um capítulo inteiro do livro. E não me entendam
mal achando que sou preguiçosa e não gosto de livros grandes ou narrativas complexas,
eu adoro. Mas eu preciso que as coisas que façam sentido, que sejam coesas, que
abra a minha mente pra novos conceitos e universos ou que me faça entender o
mundo e a vida por um novo prisma. Imaginem que o autor para no meio de uma
narrativa pra descrever, sei lá, uma caneta alada, e perde parágrafos e
mais parágrafos dando uma importância pra caneta alada que no fim não vai ter
importância nenhuma. E ninguém nunca mais fala da caneta (inventei a história
da caneta pra ilustrar o absurdo que é a mente do autor).
O livro rendeu um filme em 2014 que eu com certeza vou
assistir. Quero muito saber como alguém pegou essa história e transformou num
filme coerente que o espectador assiste e fala “Nossa, que filme!”.
Pra não dizer que eu só metralhei o pobre livro, Mark Helprin tem uma
linha de raciocínio muito interessante e nos mostra isso através de seus
personagens. Deixei várias partes anotadas porque eram simplesmente geniais,
mas era um parágrafo ou outro no meio de capítulos e capítulos de situações
absurdas. Nenhum personagem em particular me cativou, eram muitos em uma
abordagem meio rasa da personalidade de cada um. Situações acontecendo
atropeladas o que deixa o leitor meio perdido no que está acontecendo. Enfim,
loucura total.
Se
você não desanimou com a minha resenha e vai fundo na leitura de Um conto do
destino deixa seu comentário aqui no blog sobre o que achou (ou está achando)
do livro. Se você leu e concorda comigo ou está me achando uma louca “Imagina
Marianne o livro é sensacional!” conta aqui pra gente também.
HAHAHAHAHAHAHAHA ADOREI A RESENHA.
ResponderExcluirAté tava gostando do começo da hst sobre os ladrões (adoro coisas do tipo), o autor tava indo bem, mas o recurso pelo jeito foi desperdiçado com esse "romance", como a parte da caneta que vc menciona. Tbm quero como vai ficar esse filme.
Corroborando a teoria do "tem doido pra tudo", fico curiosa de ver como ficou mesmo o livro. São as 717 páginas que desanimam =[
Entendo sua curiosidade completamente hahaha. Esse livro estava nos últimos da minha lista pra começar a ler, só adiantei ele porque minha mãe leu antes e falou tão mal que eu precisava tirar minhas próprias conclusões. E bom, ta aí né kkkk
ExcluirOlá, Juliana.
ResponderExcluirConfesso que já não tinha vontade de ler, agora então!
As Notas no skoob são bem ruinzinhas também.
Sua resenha está ótima, amei a sinceridade!
Beijos
http://www.seja-cult.com/