Por Kleris:
Foi como ter aquela velha intuição
confirmada... Foi! Para quem não viu minha apresentação de Lagoena, pode
visitar aqui. Agora vem comigo, Rheita e Kiel fazer um passeio por esse primeiro livro da trilogia.
Eis
que a marca de um “S”, o símbolo de um guardião de lendas distantes, está
desenhado nas pequenas mãos de uma criança, fruto de um segredo que se perdeu
em meio a tanta ganância e jogos de poder. Sob a dúvida do que este destino
guardaria para a menina, seu avô, Gornef, único parente vivo, decide mantê-la a
salvo, mesmo que isso custasse a liberdade da garota. Escondeu então Rheita em sua
casa, e a marca, em luvas.
Rheita cresce numa casa solitária, no Reino do Vinagre, convive apenas com o avô e uma velha confeiteira amiga, que trabalha ali pelos arredores de sua rua. O mundo, para a menina de 10 anos, era só esse visto pela sua janela, guardando ânsias e dúvidas, estas mais sobre sua própria história, que se negavam a contar.
O
que não esperavam da menina era a força, esperteza e uma grande curiosidade,
que a leva a buscar respostas, mesmo com o pouco que dispõe. Quando o destino
quer, por si arranja maneiras de abrir caminho. Assim, munida de um pedaço de
um mapa, novas descobertas e desconfianças, acompanhada de Kiel, um amigo,
Rheita decide deixar o aconchego do lar.
O
mapa que encontrou revela-se mágico e por isso cobiçado por presenças malignas,
pois direcionava ao encontro de certas chaves que abririam o Portal dos
Desejos. Se caísse em mãos erradas, Lagoena, uma terra perdida nas dimensões
dos mundos, seria novamente tomada por um cruel imperador, Zhatafar. Para
completar, Rheita descobre que um familiar seu, desaparecido há muitos anos, está envolvido nessa trama perigosa: seu pai. Seria essa sua chance de
reencontrá-lo?
Nossa
entrada em Lagoena se dá primeiro por uma escrita primorosa, em terceira
pessoa, que nos cede uma visão incrível das cenas. Encontramos assim muita ação
na trama, que se alongam por muitos parágrafos, sem espaço para frases de
efeito. Gostei disso, pois, apesar de ficar difícil de apontar uma cena em
específico sem ter grandes perdas de contexto, revela uma sobriedade, esta
necessária por se tratar de crianças em mundos fantásticos.
Rheita
é uma garota muito ingênua, resultado da prisão e pouco conhecimento de mundo.
Mas quando se trata do seu coração, quando ele fala mais alto, lá vai ela, com
toda força que puder. Já Kiel revela-se aquele fiel escudeiro, é astuto e um
pouco à frente da menina, mesmo com seus medos. Aos poucos percebemos que eles
se complementam, fortificados pela amizade.
— Ai, não! – O grito da menina reverberou alto! – Kiel, saia da água, agora! É uma armadilha! – Ela finalmente caiu em si. A jovem dama do lago estava enfeitiçando seu amigo. Queria afogá-lo. Ele não a ouvia, o olhar desfocado, distante, enquanto caminhava devagar para o fundo. Aos poucos, a mulher o seduzia com seu canto. Ao ver algo ameaçador surgir no sorriso dela, Rheita não teve alternativa. Tirou as botas e guardou o Mapa Mágico e o pergaminho dentro delas; iria salvar a vida de Kiel, mesmo sem saber nadar.
A
trama é intensa, tem muito disso de grandes buscas, desejos, aventuras,
criaturas estranhas e missões a cumprir. Por esse tom aventuresco e fantástico
maravilhoso, é fácil de se lembrar de O
Senhor dos Anéis, O Hobbit,
mitologias antigas, e por toda ingenuidade,
acolhimento e humor, lembrar livros como Alice
no País das Maravilhas, As Crônicas
de Nárnia, Harry Potter, Percy Jackson e os Olimpianos, e, vá lá,
até Sítio do Pica-pau Amarelo (e não digo pela presença de um curupira).
(algumas dessas foram realmente influências, a Laísa
mostrou aqui)
O menino escolheu uma flor amarela; demorou um pouco para escalar a pétala que estava bastante escorregadia. Depois de uns minutos, ele chegou ao miolo da flor, os pés afundando nos finos ramos cobertos pelo grão de pólen. O Guri se abaixou, sentou-se no centro e esperou; logo uma membrana transparente cresceu ao seu redor, envolvendo-o vagarosamente. Rheita e Kiel perceberam que uma nova bolha estava nascendo, e o Guri ficou preso dentro dela. De súbito, a bolha se desprendeu da superfície e subiu ao ar, levando o menino para o alto.
As duas crianças escolheram cada uma a sua flor. O vestido de Rheita rapidamente se tingiu de amarelo quando ela pulou no miolo de uma flor laranja. Ela se sentou e aguardou. Alguma coisa começou a crescer debaixo dela, fazendo-a sentir cócegas. De repente, uma camada finíssima e translúcida floresceu, envolvendo-lhe as pernas, os braços, os ombros, a cabeça, até que ela estivesse completamente envolvida por uma esfera que flutuou no ar, meio vacilante. Kiel também tinha conseguido subir, mas sua primeira bolha estourou antes de terminar de envolvê-lo. Agora, dentro de outra, ele subia alto, evitando se mexer para que não tivesse uma má sorte nas alturas.
Esse primeiro livro
é um verdadeiro tour pela terra perdida e um primeiro passo para os mistérios que encobre. Acompanhamos a pequena Rheita na luta pela verdade e humanidade, uma que até os seres
viventes de Lagoena já quase não acreditavam mais.
— Acalme-se, Raurus – disse um centauro mais moço. – Eles não têm culpa.
— Culpa?! – repetiu Raurus, num tom irônico. – Este foi o sentimento que o homem se esqueceu de ter quando amaldiçoou essa terra para sempre. Vamos embora, todos, já fizemos muito por essa noite...
— Não podemos deixá-los aqui! – insistiu o jovem centauro. – Estão correndo grande perigo!
— O que está pensando? Carregaremos todos nas costas como mulas?! Você sabe o que o nosso clã pensa sobre isso, não sabe, Sendalus? – indagou Raurus, a voz grave ecoando ameaçadora.— Só o homem pode consertar a linha quebrada do destino – argumentou o outro.
— Não nos metemos mais nos assuntos deles! – vociferou Raurus, veemente. – Decida de que lado você está, Sendalus: do lado dos traidores ou do nosso?
— Estou do lado de Lagoena. [...]
A
edição foi bem trabalhada no quesito visual. Além de refletir a marca da
guardiã pelos capítulos, há também um mapa no livro para nos guiar e ceder uma melhor noção de espaço. Na capa
está Rheita, tão pequena para um grande destino.
Por não ter acompanhado por todo lá
no Book Série, tinha receio de nunca conhecer seu fim – e que fim! – assim pouca coisa eu lembrava e perguntas não me faltavam. Bem, ainda
faltam. Novas perguntas, claro, sobre então as consequências de um desejo e mais mistérios que só no próximo para serem explicados. Sobre isso já
não posso falar, né.
Como uma grande estreia para a literatura brasileira abraçar, recomendo para quem curte aventuras e descobrir não só mundos paralelos e perdidos, mas mundos que estão mais próximos de nós do que pensávamos. Fugir para um mundo fantástico pode ser sua salvação, diz a contracapa.
Sobre a continuação, a Laísa já fez uns breves comentários. O próximo está em processo de escrita e pode se chamar Lagoena – A Feiticeira do Espelho. Há também spin-offs ambientados em Lagoena para vocês visitarem a terra: O Lenhador, a bruxa e a lua cheia, lá no blog Escolhendo Livros, e um que Laísa anunciou recentemente estar escrevendo, sobre o mago chamado Zagut.
Como uma grande estreia para a literatura brasileira abraçar, recomendo para quem curte aventuras e descobrir não só mundos paralelos e perdidos, mas mundos que estão mais próximos de nós do que pensávamos. Fugir para um mundo fantástico pode ser sua salvação, diz a contracapa.
Sobre a continuação, a Laísa já fez uns breves comentários. O próximo está em processo de escrita e pode se chamar Lagoena – A Feiticeira do Espelho. Há também spin-offs ambientados em Lagoena para vocês visitarem a terra: O Lenhador, a bruxa e a lua cheia, lá no blog Escolhendo Livros, e um que Laísa anunciou recentemente estar escrevendo, sobre o mago chamado Zagut.
Nesse meio tempo fico por aqui só imaginando.... se Once Upon A Time
recentemente adicionou Arendelle à
trama da série, o que seria se eles conhecessem Lagoena? Acho que sei quem teria feito acordos com o Rumple!
Até
a próxima!
Oi, Kleris,
ResponderExcluirVocê já sabia o quando eu estava ansiosa pela sua resenha, né?rs
Muito obrigada por acompanhar Lagoena desde o começo e torcer para que desse certo, acredite que isso é fruto do entusiasmo de quem esteve por perto desde o começo.
Obrigada pela confiança.
Laísa Couto
Fico feliz, Laísa, que tenha gostado :) Desde o começo vi potencial e continuo vendo. Mto sucesso a vc!
ExcluirKleris adoro suas resenhas.
ResponderExcluirVocê tem uma sensibilidade contagiante.
Ainda vou ler o livro da Laisa e volto aqui para trocarmos figurinhas.
kkkk
Bjks
Hahahaha thanks, Fê! Quero saber dpois, viu o/
ExcluirOba! Quero trocar tbm!
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