Olá, leitores queridos! Como estão?
Passei uns bons dias em off por conta de uma virose daquelas tensas que até pra segurar o celular era um esforço, mas foi esse mesmo smartphone com wifi que me salvou quando de repente eu tava nessa fenda da febre e precisava ter noção de mundo ~real~.
Acompanhem-me em mais uma viagem.
Bom, todos os anos pouco a pouco a leitura tem quebrado barreiras e vencido
desafios. Foi-se o tempo em que imaginávamos que éramos os únicos em alguma
coisa (apesar de hora e outra a sensação querer voltar); a internet está aí pra
isso, nos abrindo o leque todos os dias, todas as horas, minutos e segundos (de
fato, em tempo real). Para a leitura não é diferente.
A “luta” é
de todo dia, e já podemos afirmar que conquistamos coisas espetaculares.
Desmitificou-se o preconceito/problema em ler; a produção nacional tem ganhado
um considerável espaço diversificado em relação à produção estrangeira; e ser
independente não é mais tão novidade assim. Os ebooks são outros que não são mais encarados como afronta; Amazon, Kobo, Lev, Book Tour, Book Haul, TBR (to
be read) Jar, shelfie, tudo faz parte dos vocabulários cotidianos e antenados. Propagam-se brincadeiras e desafios literários pelas redes; projetos,
propostas, clubes, eventos e outros estão se fazendo valer cada dia mais.
E sabe o
que tenho gostado de ver nos últimos tempos? Como a cultura da leitura tem se
expandido pelo país, pipocado em vários cantos. Melhor dizendo, o livro tem
deixado seu “centro cultural” e encontrado novos lugares especiais. E não só
isso, tem também reunido leitores antes tão dispersos e perdidos de uma mesma
região.
Isso, para
algumas pessoas, pode parecer bobo de se dizer, uma vez que se respire cultura no
eixo sul-sudeste. A perspectiva muda quando nos vemos em lugares que mal há uma
livraria, ou um bom acesso e atendimento a sebos e bibliotecas. Os leitores
podem sobreviver com livrarias online e correios, mas não é a mesma coisa. Cada
desenvolvimento em seu tempo, claro, como foi no meu Maranhão.
Estendendo
um pouco mais esse parêntese da conversa, recentemente tivemos a visita do
Projeto Quebras (que viaja por todo o país para conhecer e registrar produções únicas de suas regiões) com Marcelino Freire, temos mais autores mostrando a face no
cenário maranhense de produção, e a
capital tem multiplicado os eventos literários. Vale uma super menção para o
twittaço para trazer a #TurnêIntrínseca e às atividades dos clubes (Penguim e Vórtice).
Agora,
deixando de lado essa minha admiração, nos voltemos para certo dado que todos
os anos mexem conosco: a avaliação do cenário de leitura.
Por toda a última semana, um texto que muito me chamou a atenção foi o do Rodrigo Casarin, lá do blog
Página Cinco (matéria repostada no Mob de Leitura) sobre os dados de leitura de 2014. O título diz muito: 70% dos
brasileiros não leem. E daí? O Rodrigo se mostrou preocupado por termos tão
poucos leitores, e, de fato, cada vez que saem essas pesquisas, é difícil não
ter em mente o quanto do Brasil ainda não atingimos.
Mas então
pensei: se 30% é tudo que temos, o que mais há por trás dele para ser considerado? O que isso representa para o leitor?
Se a
pesquisa mira no livro como um produto (já que o cunho é uma análise
mercadológica) e um produto não só de entretenimento, mas de informação e
conhecimentos diversos, então, por óbvio, há outros produtos e/ou serviços
nessa concorrência. Temos aí videogames, brinquedos, tv, cinema, teatro,
música, shows, aparelhos tecnológicos diversos, revistas, jornal, dvd, blueray,
netflix, novela, programas, podcasts, jogos de diversos esportes, etc. É ou não é uma intensa disputa de atenção?
Não
esqueçamos que temos diversas feiras, encontros, bienais, eventos, e alguns deles todos os anos. Embora o seu objetivo não seja fomentar a leitura em si,
não há como negar as vendas. Independente de ser uma bienal ou uma bancada de
livros com desconto na esquina de uma praça, livros estão sendo vendidos. Se
nosso mercado fosse tão fraco, como as editoras se interessariam em publicar?
Tem lançamento para todos os gostos quase todo mês!
Lembremos
(mais uma vez) que nem todos vivemos em cidades grandes ou em centros
culturais. Há cidades em que a banca de jornal está fechando, ao passo que, sei
lá, uma banca de revista numa cidadezinha do interior seja aquela que faça a
diferença. O fato é que há diversas realidades de leitura por esse país, e a
que mais foge à memória é aquela que mais movimenta o mercado livreiro nacional:
as compras governamentais para as escolas.
Mas, ok,
não vou me enveredar para o lado da educação. O que importa é que nós
produzimos, nós compramos, nós lemos e nós conversamos sobre livros. Nosso
mercado é vivo. Eu vejo e respiro isso quase todos os dias - nós, leitores, estamos nos encontrando, tanto no real, quanto no virtual. Os 30% podem não ser os
números dourados, porém essa realidade já está disponível e para muitos.
Apesar da
crise apontada para o mercado, acredito que há ainda muitos livros em
nossas mãos. A vitória dessa vez não foi da leitura, no entanto, cada vez que um livro é
aberto por um não leitor, temos uma nova esperança. A vitória ainda é do leitor. Ele faz valer todos os nossos esforços.
— Acredito que as pessoas têm de ler livros. Não importa se elas vão ouvir o livro, se vão ler no papel, no smartphone, num tablet, não importa. Importa é que elas leiam.
— E você acha que o brasileiro lê livro?
— O brasileiro lê livro sim. Ele infelizmente não tem acesso, em várias questões econômicas, socioculturais; ele ainda tem dificuldade em alcançar os livros. Mas se fossem mais populares, eu acho que o brasileiro ia ler mais.
Ednei Procópio – editor especialista em livros
digitais e membro da Comissão do Livro Digital na Câmara Brasileira do Livro – em
entrevista sobre a era digital.
(tempo no vídeo do trecho acima – 21:15)
Até a próxima!
Kleris
Ribeiro.
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