Por Marianne: John Boyne já conquistou um espaço no meu coração e quando eu pego
um livro dele eu já sei que vai ser bom.
Fique onde está e então corra segue a linha de O menino do pijama
listrado e Tormento, onde a narrativa é feita por uma criança.
Alfie Summerfileld é um garoto de cinco anos que vive com o pai,
Georgie, e a mãe, Margie, na Inglaterra de 1914. No seu aniversário de cinco
anos ele percebe uma movimentação estranha entre os adultos. Uns olhares
preocupados, conversas meio cochichadas, alguém dizendo que tudo teria acabado
antes do Natal... Alfie ainda não sabia, mas naquele dia começava a Primeira
Guerra Mundial.
Depois dessa noite esquisita uma estranha sucessão de acontecimentos
deixa claro pra Alfie que algo ruim está por vir. Kalena , melhor amiga de
Alfie, e seu pai, um imigrante de Praga, foram levados a força pelo exército
por serem considerados “pessoas de interesses especiais”. O melhor amigo de
Georgie, Joe, está sofrendo repreensão da vizinhança apenas por ter pintado a
porta de sua casa de vermelho. E Georgie, pai de Alfie, se alista para ir lutar
na guerra, deixando Alfie e a mãe sozinhos.
Margie voltou para o corredor, ofegante, mas Alfie continuou na porta. Ele ficou de olho enquanto os dois soldados seguiam devagar pela rua. Agora todas as portas estavam abertas. E em cada uma havia uma esposa e uma mãe. Algumas choravam, outras rezavam. Algumas sacudiam a cabeça, desejando que aqueles homens não parassem diante delas.
Dois anos depois a guerra ainda não acabou. Georgie ainda não voltou e
as cartas que ele enviava para a família deixaram de chegar. Alfie já não é um
menininho inocente que não entende as coisas e mesmo quando sua mãe afirma que
seu pai não envia mais cartas porque está envolvido numa missão especial, Alfie
não consegue deixar de pensar no pior: o pai pode estar morto.
Escondido da mãe Alfie começa a trabalhar como engraxate na estação
de King Cross. É ai onde ele ouve conversas sobre a guerra, sobre a preocupação e
opinião das pessoas e descobre o mais importante: uma pista de onde esta seu
pai.
(...)—Para onde você vai nas férias? Para os Lagos? Gales? Algum lugar ao norte?Alfie se esforçou para não rir. Os adultos faziam as perguntas mais estúpidas as vezes. Ele nunca teve férias na vida — não tinha nem certeza do que se fazia em uma. Seriam as mesmas coisas que se faz nos outros dias, só que em um lugar diferente? Se sua família tirasse férias, ele engraxaria sapatos em Blackpool? Vovó Summerfield viria conversar em Stonehange? Margie teria dificuldades para pagar as contas na Ilha de Wight?
O livro não vai muito a fundo na questão histórica da guerra, mas John
Boyne nos mostra indiretamente como a vida das pessoas foi afetada através de
personagens secundários que infelizmente não tiveram muito destaque. O
polêmico, e pouco comentado, transtorno de estresse pós-traumático que muitos
soldados sofrem após lutarem nas guerras também ganha destaque na história de
Boyne, mas menos do que eu esperava...
Existem situações meio absurdas e um desfecho meio Disney. Fique onde
está e então corra é o tipo de livro que ou você entra na onda ou você vai
achar a história ruim e John Boyne é aquele autor que te faz entrar na onda
sem o menor esforço, sem você perceber.
O livro é curtinho, dá pra ler em um dia tranquilamente. A capa é
maravilhosa, acho que a capa mais bonita que já vi dos livros de Boyne. Pode ir
sem medo, Fique onde está e então corra é uma leitura certeira que não vai decepcionar.
Até a próxima!
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