sexta-feira, 3 de abril de 2015

Resenha: O lado mais sombrio (A. G. Howard)




Por Marianne: Uma releitura de Alice no País das Maravilhas com uma pegada mais perturbadora, como NÃO morrer de ansiedade ao colocar as mãos nesse livro!

Alyssa Gardner, nossa protagonista, é uma adolescente tataraneta da famosa Alice que inspirou Lewis Carris a escrever sua obra literária. Mas as coisas não são absolutamente normais na vida das mulheres dessa família desde que a tataravó de Alyssa decidiu compartilhar seus sonhos com Lewis Carris. 

A mãe de Alyssa, Alison (insistiram nas variações do nome pra manter a tradição) vive num sanatório por causa de umas alucinações que a perturbam. Com medo de ir parar no mesmo lugar que a mãe, Alyssa faz de tudo para ignorar o fato de que realmente algum poder de outra realidade (ou outro mundo?) afeta as descendentes de Alice. A própria Alyssa tem dons esquisitos, como falar com insetos por exemplo.

Apesar de toda essa carga emocional em sua vida, Alyssa tenta seguir como uma adolescente normal que vai pra escola, gosta de andar de skate e, claro, tem uma paixonite oculta louca/desesperada/vamosviverfelizesparasempre pelo seu melhor amigo Jeb.

As idas ao sanatório para visitar a mãe são sempre muito angustiantes para Alyssa. Ver a mãe em situação tão instável e desamparada junto com o medo de também ir parar lá fazem com que Alyssa sempre fique tensa durante essas visitas. Mas é em uma dessas visitas, num momento de lucidez da mãe, que Alyssa descobre que pode existir uma solução pra tirar Alison daquele lugar horrível.

A caligrafia de Alison enche as margens com anotações e comentários em tintas de várias cores. Toco todos eles, triste por nunca termos sentado juntas—com o livro nas mãos—para que ela pudesse me explicar o que tudo aquilo significa.

Juntando pistas e deixadas por sua mãe Alyssa descobre que existe sim uma solução para todos os problemas que a atordoam: ela precisa voltar para o país das maravilhas —que sim, é real— e ajeitar a bagunça deixa por Alice, sua tataravó.

A maneira como Alyssa descobre o caminho que a faz chegar ao país das maravilhas eu achei meio “correria”. Do tipo “não tive o que inventar, ficou isso mesmo”. E no meio dessa correria que Jeb, seu melhor amigo e amor platônico, acompanha Alyssa sem querer na jornada.
Esse pra mim foi o maior erro da autora, mandar Jeb ao país das maravilhas com Alyssa. A presença do rapaz na aventura deu um tom meio malhação romanceada bem desnecessária pra história e impede que a protagonista desenvolva melhor seus sentimentos (bons e ruins) em relação ao melhor personagem do livro: Morfeu.

Adorável Alyssa.” Os lábios do rapaz ronronam aquele sotaque britânico que ouvi na loja. Use a chave para levar seus tesouros para o meu mundo. Conserte os erros de Alice e quebre a maldição. Não pare até me encontrar.

Morfeu é um homem-libélula que mora no país das maravilhas e que vive presente nas lembranças de Alyssa desde que a moça era criança. São lembranças que nem ela sabe que existem, mas que vão ressurgindo aos poucos e a fazem perceber que, afinal, Morfeu é um velho amigo, e não um completo estranho.
O moço libélula é o causador da discórdia. Ao mesmo tempo que parece estar querendo salvar Alyssa ele a coloca em situações de perigo meio que propositalmente, nos fazendo duvidar totalmente do seu caráter e intenções. Além de estar constantemente tentando seduzir a moça.

Alyssa passa a história toda com essas mesmas dúvidas e mais o fato de ela também se sentir atraída por Morfeu. Vemos uma Alyssa mais selvagem, mais complexa e interessante quando Morfeu está por perto.
Apesar de eu achar que a autora pegou leve nesse lado “sombrio” do país das maravilhas algumas partes do livro são bizarras, como o jantar que Morfeu oferece a Alyssa onde eles fazem uma caça ao pato, e a tal caixa linguadarte, uma caixa onde uma pessoa pode ficar presa pela eternidade apenas com a parte da cabeça visível #alôclaustrofóbicos. 

A história é boa e tem um final bastante surpreendente, mas achei que faltou ousadia e em alguns momentos a autora exagera no romance adolescente entre Alyssa e o amigo Jeb que ela tenta engatar durante todo o livro. Outra coisa que considerei um ponto negativo foi a capa, não me chamou a atenção por ser uma fotografia editada e trabalhada (apesar de ser cheia de detalhes). Eu, particularmente, gosto mais de capas que contém ilustrações e se tratando de uma história inspirada em Alice no País das Maravilhas teriam mil opções de ilustrações malucas pra mente ficar viajando.
O livro faz parte de uma trilogia e eu já tenho a continuação em mãos (aguardem!). Espero que tenham gostado da resenha, até a próxima!
:)


2 comentários

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Ana Liberato