terça-feira, 30 de junho de 2015

Littera Feelings #33 – Um epílogo



Quando o livro acaba, ainda estou naquele plano de vivência, ainda sou amiga daquele personagem, comemoro sua vitória e ainda suspiro aliviada por alguma solução.


Quando o livro acaba, fico olhando sua contracapa. Espio mais uma vez a primeira capa, as orelhas, o folhear das páginas. São pequenos bônus que a editora (e o impresso) nos dá.


Quando o livro acaba, quero rememorar uma vez mais as passagens, os capítulos, o design e transitar pelas bandeirinhas das marcações adesivadas.


Quando o livro acaba, levo um pedaço dele comigo. Levo lições, guardo recados, espero outros resultados. Espero a história assentar e me fazer refletir novamente.


Quando o livro acaba, me sinto diferente de alguma maneira. Aprendi algo novo, reconheci algo velho, comparei situações, tive lembretes e insights.


Quando o livro acaba, tenho ressaca. É saudosismo sem igual. Eu quero voltar ao impossível, onde era o começo, onde tinha tanto por vir.


Quando o livro acaba, desembarco de uma viagem. Longa ou curta, talvez já vislumbre outra na estante.


Quando o livro acaba, algum ciclo se fecha. Não é que tudo vá ficar para trás, mas novas realizações te esperam lá na frente.


Quando o livro acaba, é, por certo, hora de dar tchau. Fica a promessa, voltarei, algum dia, não sei quando, quem saberá, só... Algum dia.




Chegamos a esta última página, o último post do Littera Feelings: esta é minha despedida da coluna =') Após quase dois anos posso dizer que cumpri o papel pelo qual pedi e é chegada a hora de encontrar outro caminho. Ainda estarei aqui no DB e continuarei a colecionar mais figurinhas de leitor! 

Os capítulos vão ficar todos disponíveis no blog para quando quisermos voltar. Ficam guardados vários bônus, bandeirinhas  e lembretes :) 

Ah, e meus preferidos, claro!


Foi um prazer dividir esses posts e ouvir/ler as respostas de vocês. Agradeço muitíiiiissimo à Juny pelo espaço.

A gente se esbarra por aqui.


Kleris Ribeiro.
segunda-feira, 29 de junho de 2015

Resenha: “Americanah” (Chimamanda Ngozi Adichie)

*Por Mary*: Quando recebi esse livro, fiquei um tanto incerta quanto a ele. Sabe quando você segura o volume como uma espécie rara a ser observada? De início, notei a bela capa que utiliza formas e cores que aliam o africano ao americano; e, logo depois, a contracapa com estampa étnica (muito bonita, por sinal). Li a sinopse, mas permaneci incerta e, em seguida, fiz algo que não costumo: fui pesquisar mais sobre a obra.

Veja bem, não gosto de ler resenhas antes para não me influenciar de algum modo, mesmo que indiretamente. Mas tentei saber mais sobre a autora, a publicação... essas coisas. Em meio a isso, acabei vendo algumas opiniões sobre este livro, que é elogiadíssimo tanto como obra de ficção, quanto no âmbito acadêmico. Confesso que isso me deixou um pouco intimidada. E se eu não gostasse? Eu sou do contra?

Como que enviado pelos deuses dos resenhistas, um ex-professor da faculdade postou sobre a obra no FB. E, bem, o cara – que é um chato de galocha – amou... e isso me deixou ainda mais intimidada. Para neutralizar isso, tive que deixá-lo esperando um pouco, porque não me sentia no clima (até já falei sobre maturidade literária na resenha de P. S. Eu te amo) e não queria correr o risco de ser injusta com um bom livro por simplesmente não estar em um momento literário condizente.

Creio que isso foi muito bom, porque Americanah é o tipo de livro despretensioso. Sinceramente, tenho um pouco de preconceito com livros demasiado pretensiosos. Quero dizer, parece que o autor constrói a história não por ela mesma, mas para chocar, ensinar ou para ser Cult. Por esse motivo, algumas vezes, histórias supervalorizadas são vendidas pela “imagem” intelectual transmitida, em vez de por sua qualidade.

Seguindo um caminho inverso, Chimamanda cria uma história profunda e substancialmente leve sem se tornar cansativa, ou como se quisesse nos empurrar goela abaixo um ensaio sobre etnia, raça e preconceito. Logo nas cem primeiras páginas, a autora consegue abordar política, fanatismo religioso, costumes, paternalismo e misoginia. 
“Minha mãe acusou o homem publicamente e ele ficou furioso e deu-lhe um tapa, dizendo que não ia aceitar que uma mulher falasse com ele daquele jeito. Então minha mãe se levantou, trancou a porta da sala de conferências e pôs a chave no sutiã. Ela disse a ele que não podia retribuir o tapa, pois ele era mais forte, mas que ele teria de pedir desculpas publicamente, na frente de todo mundo que vira o tapa nela (...). As pessoas diziam ‘Como ele pôde dar um tapa numa viúva?’, e isso a deixou ainda mais irritada. Disse que não deveria ter levado um tapa por ser um ser humano completo, não por não ter um marido para defendê-la.” 
Depois de treze anos vivendo nos Estados Unidos, Ifemelu está decidida a voltar ao seu país de origem: a Nigéria. Para tanto, se desfaz de seu apartamento, fecha um blog de sucesso e termina com o seu namorado americano, Blaine. Algo parece faltar e, de algum modo, Ifemelu acredita que essa parte que falta está na Nigéria, esperando-a. Sentada em um salão de beleza, Ifem relembra sua adolescência na Nigéria, seu namorado de escola e faculdade, Obinze, e os fatos que a levaram a morar nos Estados Unidos, bem como sua difícil adaptação ao ocidente, novos amores e, por fim, a necessidade insana de retornar.

Na Nigéria, Obinze recebe um e-mail de Ifemelu que mexe com ele muito mais do que gostaria. Apesar de estar casado e ter uma filha, não pode negar que jamais esqueceu seu primeiro amor (e nunca pôde compreender o motivo de ela ter se afastado). Mesmo depois de tantos anos – de ter construído uma fortuna considerável e se estabelecido – não consegue deixar de se perguntar “E se...?”. E a chegada de Ifemelu irá mostrar se tudo o que tiveram realmente ficou no passado ou se há alguma possibilidade de restaurar a ruptura causada pela distância.

Apesar de não seguir uma narrativa linear, Chimamanda consegue deixar tudo muito claro. Com capítulos bem marcados e partes igualmente bem delimitadas, o leitor não se perde e é como se a autora tivesse o feeling perfeito de puxar você para o caminho que ela quer que siga sempre que te sente perdendo o fio da meada. É bastante perceptível, nesse sentido, a sensibilidade da Chimamanda, que parece ter o compasso adequado para que a obra não perca o sentido ou fique maçante.

Por outro lado, o retorno de Ifemelu à Nigéria me pareceu pouco explorado. Isto é, boa parte do livro é dedicado a contar sobre o passado da protagonista, desde sua adolescência na Nigéria – perpassando pelos fatos que a levam a ir morar nos Estados Unidos – até os anos passados na América, quando decide retornar. Acontece que isso tudo toma, pelo menos, dois terços do livro e é apenas no último terço que ocorre a chegada de Ifemelu à sua terra natal. Até aí tudo bem, não fosse a sinopse dar a entender que o ponto central da obra é sua readaptação à Nigéria. Isso acontece? Sim! Mas de forma bem rápida. 
“Aisha fez Ifemelu se lembrar do que tia Uju disse quando finalmente aceitou que ela estava falando sério sobre voltar à Nigéria – Você vai aguentar? –, e a sugestão de que ela havia sido irrevogavelmente mudada pelos Estados Unidos a fez sentir como se sua pele estivesse cheia de espinhos.” 
No entanto, diante da magnitude da obra, não considero que esse detalhe possua tanta relevância. Narrada em terceira pessoa, Americanah é uma obra bem fundamentada, contada de forma ágil. A leitura flui. Se o tamanho assustar você, o medo vai embora logo no primeiro capítulo. É o tipo de livro gigante que, quando você se dá conta, já devorou metade das páginas.

Além disso, os personagens são muito humanos, muito verossímeis. A Ifemelu é cheia de defeitos, mas isso dá a ela uma carga de realidade indescritível. Obinze, um cara idealista e romântico, também está longe de ser perfeito. Sem dúvida, esse grau de humanidade deixa a obra ainda mais valiosa.

O único grande erro da Chimamanda foi esse aqui:

Duerdinhito? Sério? Tudo bem que brasileiro adora um nome complicado, mas Duerdinhito foi demais. Da próxima vez, tenta Wandherkleudysson. ;)


Não posso me esquecer de mencionar a ambientação, claro. É interessante como a autora aborda isso, fazendo piada tanto sobre o senso comum ocidental acerca da África, quanto à ocidentalização dos próprios nigerianos no que se refere à supervalorização dos costumes estrangeiros e a corrupção do país. Pari passu, estamos tão habituados à ponte aérea literária EUA-Inglaterra-(algumas vezes)Brasil, que um local “exótico” dá uma arejada na leitura.

Por fim, fiquei com a impressão de que alguns núcleos não foram completamente encerrados, o que me faz pensar que a autora quis deixar em aberto para um eventual segundo volume. Procurei algo a respeito, mas não encontrei nada. Sendo assim, se alguém aí souber alguma coisa, me conta, por favor!

Bom, Americanah tranquilamente pode ser indicado tanto para quem quer apenas um romance bacana para relaxar em um dia de chuva quanto para quem gosta de temáticas mais sérias, pois de uma forma bastante inteligente se faz uma reflexão perspicaz relativa a uma gama de temas complexos. Não perca tempo, conheça você também a Nigéria pelos olhos da nossa protagonista. 
“Obinze devia ter tomado as rédeas e começado a falar com Ginika, Kayode devia ter ido embora, Ifemelu devia ter ido atrás e o destino dos deuses teria sido cumprido. Mas Obinze falou pouco e Kayode teve que sustentar a conversa, com a voz ficando cada vez mais exuberante, e de tempos em tempos ele olhava de soslaio para Obinze, como quem desejasse incentivá-lo. Ifemelu não soube quando exatamente, mas, naqueles instantes, enquanto Kayode falava, algo estranho aconteceu. Um tremor dentro dela, uma revelação. Ifemelu se deu conta, de repente, de que queria respirar o mesmo ar que Obinze.”


*HABEMUS FILME*


Na verdade, ainda não habemus realmente filme, mas os direitos para o cinema foram comprados pela atriz Lupita Nyong’o, vencedora do Oscar de melhor atriz por Doze Anos de Escravidão (aqueeeela do vestido de pérolas roubado). Confesso que já super visualizei a Lupita no papel de Ifemelu e fiquei animada. Idubitavelmente, há bastante material para uma boa adaptação, mas, como bem sabemos, isso depende de diversos fatores. Mais uma vez, aguardemos.





sexta-feira, 26 de junho de 2015

Resenha:"Diário de um Adolescente Apaixonado" (Rafael Moreira)

Por Clarissa: Oi gente, tudo bem? Bom minha indicação de hoje é “Diário de um Adolescente Apaixonado” esta resenha vai estar meio diferente, este livro não tem um história de fantasia, mas sim de você fazer sua história, viver seus momentos.

Rafael Moreira é um adolescente que ficou famoso depois que começou a falar no YouTube (Rafael Moreira), sobre todos os assuntos quem têm a ver com a vida adolescente, o que nos faz parar pra pensar, sobreviver a este mundo de muitas escolhas e deveres. Rafael tem opinião para muitas coisas, mas acredita que há muitas coisas ainda para serem descobertas, seja no amor, amizade, família ou na vida.
“Sempre que você olhar para os lados, para o acostamento ou para o outro lado da estrada, vai notar que alguém estará voltando. Que alguém estará buscando um novo caminho. E que mais alguém estará perdido... Mas não desanime. Não se perca!”
No Diário de um Adolescente Apaixonado, o Rafa abre seu coração e conta tudo de interessante – e emocionante – que já aconteceu na vida dele. Nos tombos e os aprendizados, nas pessoas que perdeu nos amores que falharam tudo o que acontece na vida de um adolescente.
“Tenha seu objetivo em mente e certifique-se sempre de que esteja na direção dele. E o mais importante: não se esqueça de curtir a paisagem do caminho até lá.”
Este é um livro muito fofo e legal, nos faz pensar em muitas coisas, na vida principalmente, em tudo em que passamos no dia a dia sobrevivendo a tudo o q eu acontece. Tenho muitas partes favoritas neste livro. Trechos, frases e o livro em si. Tem um toque de comédia, aprendizado, simplicidade e íntimo. É tão legal quando o autor coloca um pouco de sua vida para os leitores o conhecer melhor, saber como é um pouco a vida de escritor, os leitores se sentem mais privilegiados, como um amigo. Tem muito a ver com o que acontece em nossa vida de adolescente, novos aprendizados, arrependimentos e saber lidar com tudo o que acontece. Rafael é um sucesso na internet e agora por seu livro, esperamos que venham mais historias hilárias e conselhos. Não é só um diário falando amor e tal, sim, fala de amor, mas de um amor pela companhia de alguém em especial e/ou pela família e amigos. Um amor que todos nós temos e queremos compartilhar, seja com que for.

Eu julguei o livro pelo título, achei que era meloso, só sobre amor, mas me enganei. E era diferente do que eu pensei simples e que faz pensar sobre tudo, gosto de livro que me faz pensar na vida, é como um incentivo a seguir o que eu quero. Os capítulos são pequenos, que quando você ver, já acabou. As paginas tem um toque de diário, algo simples e um toque íntimo do Rafael. A Editora Novo Conceito caprichou neste livro, que o deixou harmonioso. Rafael ficou conhecido pela sua Fanpage Me Apaixonei e seu canal no YouTobe.

Espero que tenham gostado, deixem seus comentários. Até a próxima!

                    Boa leitura!

















quarta-feira, 24 de junho de 2015

Resenha: “#GirlBoss” (Sophia Amoruso)

Tradução de Ludimila Hashimoto

Por Kleris: #Girlboss é daqueles livros que a gente costuma passar por ele na livraria e ele some no borrão das novidades. Mas se a gente vira um segundo para olhar e lê-lo, percebemos, é daqueles que conserva a história única de uma pessoa (que podíamos nunca nem saber o nome) e que a gente agradece à editora por trazer esse livro tão bacana. 
Eu nunca pretendi ser um exemplo, mas há partes da minha história – e as lições que aprendi com ela –, que eu quero compartilhar. [...] [Este livro] vai ajudá-la a identificar as suas fraquezas e usar os seus pontos fortes. Vai mostrar que a vida tem uma certa ironia.

Sophia é hoje uma executiva, CEO do site Nasty Gal, um negócio de roupas que iniciou numa pequena lojinha do eBay (algo como um mercado livre da vida lá fora – embora tenhamos um eBay Brasil, empresa de mercado eletrônico). Foi um negócio arriscado, mas um no qual Sophia apostou e seu trabalho cresceu por “naturalidade” do varejo.

Foi algo do tipo instintivo, já que não teve muita orientação, e vale milhões. Sophia, no entanto, não vê como algo a se iniciar procurando fama. Ela só queria vender roupas pela internet e se comprometeu em atender bem as clientes, que é o que importa, e por essa filosofia que o Nasty Gal chegou aonde chegou. Amoruso, uma dessas pessoas que parece nada promissora, foi quem conquistou isso, pouco a pouco, e aos trancos e barrancos se necessário. Erros também geram lucros se formos espertos. 
Pela segunda vez, nos vimos na beira da estrada, sem nada além de canivetes, mochilas e uma lanterna. Eram três da madrugada e estávamos paradas no acostamento de uma rodovia [...] Sugeri que a nossa opção mais segura seria abrir os nossos sacos de dormir na floresta até o amanhecer, mas, idiota que ela era, rejeitou a ideia, explicando que tinha “medo de animais”. Medo de fazer massagem nas costas de um maluco gigante ela não tinha, agora de um cervo bebê encostar o focinho nela, parecia que sim.

Em uma conversa animada, Sophia conta fatos de sua vida que ela hoje acredita ter lhe ajudado nesse caminho torto, mas de sucesso. Pelos breves capítulos, acompanhamos de tudo um pouco entre loucuras e dedicação. Amoruso nos afirma por todo o livro que sucesso não é fama e é preciso foco. Melhor, comprometimento, responsabilidade e muito trabalho pesado. Quando nos dedicamos, coisas acontecem. Talvez não as melhores, ou as que queremos, mas coisas acontecem mesmo e você pode sempre virar o jogo. Uma #girlboss (ou #dudeboss) pode dar conta. 
O sucesso da Nasty Gal tem sido uma viagem louca e veloz, e eu não vou mentir: houve momentos em que essa viagem foi absolutamente assustadora. [...] Toda vez que eu me levantava de manhã em vez de dizer “dane-se” e voltar a dormir, toda vez que eu gastava uns minutos a mais na descrição de um produto para que ficasse perfeita, eu estava escolhendo meu destino e plantando sementes do meu futuro. É muito difícil traçar o caminho que veio dar aqui, mas aconteceu e fui eu que o criei.

Sophie também reforça sobre a ideia do homeoffice e bastidores de um business. Independente de ser pequeno ou não, não é bem colorido como se imagina e a cabeça (pessoa) de um empreendimento tem que estar acima de muitos interesses – alguém, afinal, tem que pensar e fazer a parte chata. Não é algo para levianos.

#Girlboss é mais que roupas (vintage), look e moda – na verdade Sophia pouco toca nesse assunto – ele é indicado a quem se interessa por empreendorismo, mídia e comércio alternativo, business e bastidores de pequenas empresas. Faço uma indicação especial para blogueiros e leitores que pretendem expandir projetos com pequenos negócios. Temos visto muito no nosso meio vendas de camisetas, marcadores, chaveiros, bijus, bonequinhos e afins, temáticos de livros e leituras, ou mesmo alguma prestação de serviço, e às vezes a gente só precisa ouvir/ler uma história parecida com a nossa – principalmente quando o assunto é se resolver com os ditos metadatados! 
Eu não percebia na época, mas o que eu estava fazendo incluía duas técnicas para administrar um negócio bem-sucedido: identificando o público-alvo e sabendo como fazer marketing de graça.

Naquela época eu comia, dormia, bebia e imaginava termos de busca. Eu acordava com os lençóis e cobertores numa bagunça suada e emaranhada à minha volta, praticamente gritando “cocktail dress de lantejoula dos anos 80!” na escuridão.

Se você ainda hesita em começar alguma pesquisa no assunto, vale dar uma oportunidade ao que aqui Sophia relata e te intera. A #girlboss une o útil ao agradável e te manda a real sem toda aquela dureza didática ou metodológica de empreendimentos. É uma introdução àquele negócio que já anda na sua cabeça. 
Começamos comprando lotes de seis, experimentando para ver o que vendia e o que não vendia. Se vendesse, aprendíamos. Se não vendesse, aprendíamos. E continuamos aprendendo.

Preciso dizer? Recomendadíiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiissimo!





segunda-feira, 22 de junho de 2015

Resenha: “Como Eu Realmente... - Passeios pelo lado meio esquisito da nossa imaginação” (Fernanda Nia)

Por Kleris: Certamente vocês já se encontraram em situações do dia a dia em que os pensamentos e atitudes não bem condiziam com o que as pessoas do espaço exterior (e extrínseco ao ser) imaginam. Eis um livrinho que mostra bem essa ~realidade~.

Conheci o trabalho da Fernanda Nia pelas andanças na internet (ou por algum sábio retweet). Inicialmente era um site onde a Fernanda postava pequenos quadrinhos com situações cotidianas e comentários sobre o que realmente se passava em sua cabeça quando se encontrava nelas. O projeto cresceu e Fernanda já lançou o segundo volume agora em maio! =) 

Pelas 80 páginas de “exageros e esquisitices de uma garota criativa demais”, há casos críticos, casos triviais e casos que só estando na situação para entender o que são as criações malucas da cabeça. Ao passo que entramos na da Fernanda, ela parece saber muito sobre a nossa. Como eu realmente reajo a essa ~invasão~? Com risadas, claro!
Prazer, sou a Niazinha, a não-exatamente-brilhante estrela do Como eu realmente. Sou uma garota como outra qualquer, apaixonada por bolinhos e fofurinhas em geral, que acabou tendo de desenvolver uma imaginação exagerada demais para compensar todas as situações constrangedoras ou socialmente esquisitas pelas quais sou obrigada a passar por aqui.

A edição é como uma revista e é um mimo! Conta com 5 seções temáticas que reúnem vários conteúdos já postados pela Fernanda e outros mais inéditos. Temos Fofuras, exageros, inseguranças; Srta. Garrinhas, sargento fofura e outros bichinhos; Parentes, amigos, amores; Livros, filmes e jogos; e Estudos e aulas. Cada quadrinho remete a um caso ou situação e não há uma história ou enredo, são conteúdos independentes unidos por um tema comum e mais uns comentários engenhosos da autora (aí sim pode ter uns contos especiais e citações de ótimos romances não publicados pela Niazinha).
Este é um balãozinho de bate-papo pós-tirinha. É aqui que eu extravaso tudo o que não deu tempo de dizer em tão poucos quadrinhos. Histórias pessoais inusitadas, reflexões psico-pseudo-sociológicas ironicamente válidas ou até contos inventados completamente surreais. Enfim, qualquer coisa que o lado mais esquisito da minha imaginação me convença a compartilhar. Só não me carreguem para o hospício, por favor.

— Não posso voltar – ela murmurou, mais para si mesma do que para Zico, seu bode montanhês de estimação. – Sinto saudades da cidade, confesso. Mas nunca mais terei coragem de voltar e encarar o julgamento silencioso daquelas pessoas. Não depois do erro que cometi. Aquela vida foi condenada pelo meu próprio crime.

Zico levantou seu rosto mastigante para a anciã. Ela entendeu a pergunta em seus olhos inexpressivos, e uma lágrima solitária lhe escapou.

— Foi o pior crime de todos, meu amigo. Eu... cometi um erro de português na frente do gatinho da outra sala. 

No entanto, temos personagens! A Niazinha é quem conversa conosco pelas páginas e nos apresenta ao Sargento Fofura (um cachorro); à Maria Modinha, ao Sílvio Sem Senso Social, Mãe e Pai, figuras “ilustres” que “tornam a vida mais louca e interessante”.

 
(clique em cima para melhor visualizar o texto)


Como eu realmente... é uma HQ de leitura super rápida e ótema para quando estamos em alguma espera. Tem viagem, tem teorias malucas, tem conspiração, tem fofura, tem pôneis, tem bolinhos e... tem uma surpresinha ao final.

 


Alô, Fernanda, quando teremos uma bonequinha da Niazinha?
-QQQQQQQQQQ
Deixe uma fã boba sonhar...

Recomendo!

Ah! Visitem o site ou 
acompanhem mais tirinhas pelas redes sociais:



sexta-feira, 19 de junho de 2015

Resenha: "Middlesex" (Jeffrey Eugenides)



Livro - Middlesex

Por Yuri: Olá pessoal! Hoje a resenha postada é do livro Middlesex, escrito pelo autor Jeffrey Eugenides. Quando me perguntaram se eu gostaria de fazer a resenha do livro, eu aceitei, apesar de não ser o tipo de livro que eu costumo ler ou que me chama a atenção em uma livraria.

Aviso desde já que será uma resenha longa, mas devo fazer jus às 574 páginas de um livro bem escrito.

O livro é uma odisseia de Calíope Stephanides e a sua busca para entender a própria identidade e aceitar o próprio corpo. Como trata-se da vida do personagem, a melhor forma de entender Middlesex é por meio de um trecho inicial do livro, o qual descreve os acontecimentos mais importantes da jornada do personagem.
“Minha certidão de nascimento informa que me chamo Calíope Helen Stephanides. Minha carteira de habilitação mais recente (da República Federal da Alemanha) registra como meu primeiro nome simplesmente Cal. Joguei no gol de um time de hóquei, há muito tempo milito na Fundação Salve o Peixe-Boi, raramente frequento as missas da Igreja Ortodoxa grega e, na maior parte da minha vida adulta, tenho trabalhado para o Departamento de Estado americano. Como Tirésias, fui primeiro uma coisa, depois outra. Meus colegas da escola me ridicularizavam, servi de cobaia para médicos, me submeti às apalpações de especialistas e às pesquisas da Fundação March of Dimes. Uma garota ruiva de Grosse Pointe se apaixonou por mim sem saber o que eu era. (O irmão dela gostou de mim também). Certa vez um tanque de guerra me levou a uma batalha urbana; uma piscina me transformou num mito; abandonei meu corpo para ocupar outros – e tudo isso aconteceu antes de eu completar dezesseis anos.”

Confesso que demorei um pouco para engrenar a leitura e inicialmente achei a história bem entediante. O livro é divido em quatro partes: a história dos avós de Calíope; a história dos pais; a história de Calíope até a sua descoberta e por fim a vida pós descoberta e como ele lidou com o novo gênero sexual. Toda essa jornada foi contada para que o leitor pudesse entender como o “defeito” no quinto cromossomo foi passado de geração em geração até chegar em Cal.
“Pois agora, uma vez que já nasci, vou voltar o filme, fazendo meu cobertor rosa voar do meu corpo e meu berço sair de cena em disparada enquanto o cordão umbilical é reatado, e então eu solto de novo o grito na hora em que aquele ponto entre as pernas da minha mãe me suga para dentro. Ela volta a ficar gorda. [...] É quando saímos dos Estados Unidos e vamos para o meio do oceano, onde a trilha sonora soa estranha, tocada ao contrário. Surge um navio a vapor, e lá no alto, no convés, um bote salva-vidas curiosamente balança sozinho; mas aí o navio aporta, a popa primeiro, e de novo estamos em terra firme, onde o rolo de filme se solta do carretel, de volta ao começo...”

O que torna a leitura cansativa é o fato do livro ser bem descritivo, e no geral detalhes em excesso não me agradam. Como Middlesex é uma espécie de autobiografia de Calíope, muitas vezes alguma cena entra por associação de memórias.
“Detroit sempre foi uma cidade feita de rodas. Muito antes das Big Three e do apelido de Cidade dos Motores; antes que alguém, um dia, desse uns malhos dentro de um Thunderbird ou uns amassos num Model T; antes do dia em que um jovem Henry Ford pôs abaixo a parede de sua oficina porque, ao projetar seu quadriciclo, tinha pensado em tudo, menos em como aquele troço sairia dali; e quase um século antes que Charles King, numa noite fria de março de 1986, como se no leme de um barco, saísse guiando [...].”

Acho que com o trecho anterior deu para entender o que eu quis dizer com excesso de detalhes. Tudo isso e mais um pouco foi escrito porque Calíope lembrou de um acontecimento que vivenciou com o pai quando ia narrar a chegada dos avós nos Estados Unidos. No entanto, apesar da descrição prolongada, a linguagem do autor e a forma como o livro foi traduzido tornou a leitura bem poética.
“E, portanto, antes que seja tarde, quero registrar essa história de uma vez: essa jornada atribulada de um único gene através dos tempos. Canta, ó Musa, a mutação recessiva do meu quinto cromossomo! Canta como foi que ela floresceu, há dois séculos e meio, nas encostas do Monte Olimpo, enquanto baliam as cabras e caíam no chão os frutos das oliveiras. Canta a jornada por nove gerações, através da qual, invisível, ela ganhou o corpo no caldo contaminado da família Stephanides. E canta a Providência disfarçada em massacre que de novo pôs o gene em movimento, canta como, soprado feito semente, ele atravessou o mar até a América, onde singrou por nossas chuvas químicas e desceu à terra fértil do útero de uma mulher do Meio-Oeste, minha mãe.”

O que acelerou a leitura e me prendeu a atenção era como e quando Cal ia descobrir sua anomalia genética. Como alguém passa sua adolescência sem saber que é hermafrodita? Qual a sensação ao descobrir isso? Já imaginou se um dia você é menina e no outro descobre que é um menino? E acho que essa é a grande sacada do livro, conseguir mostrar como é viver tudo isso desde os olhos de uma criança que percebe que tem algo de diferente consigo mesma.

A descrição psicológica dos personagens foi escrita com muita perfeição. Foi muito fácil entender os sentimentos dos personagens, como a culpa da avó e a sensação de Calíope de não pertencer ao próprio corpo. Mesmo sendo uma realidade distante, pelo menos pra mim (não sei vocês, mas nunca conheci nenhum indivíduo hermafrodita), as dúvidas e os pensamentos de Cal eram tão reais que várias vezes me peguei pensando se o autor passou por isso.

Para quem está à procura de bons livros, eu recomendo Middlesex. Esse vale a pena ler.

Até a próxima!






Resenha: "DN pontocom" (Daniel Nascimento e Sandra Rossi)

Por Sheila: Oi pessoas como estão? Eu hoje tenho a meta de fazer algo que nunca havia feito antes: resenha de uma biografia! E resenha nacional.

Daniel Nascimento, que já foi considerado o maior hacker do Brasil, pediu para que sua amiga Sandra Rossi escrevesse sobre a época em que viveu como hacker, as coisas pelas quais passou e as lições que aprendeu. Confiram a sinopse do skoob:

Skoob: O que leva um jovem “nerd” e talentoso, ao descobrir sua aptidão para a tecnologia da informação, a tornar-se um hacker?
O desafio, o estímulo, a busca do reconhecimento e a autoafirmação. Mas logo vem a opção: só “curtição” ou golpe (financeiro, muitas vezes), ou seja, o delito?
Num relato emocionante e revelador, Daniel Nascimento conta agora, quase 10 anos depois, tudo para sua amiga Sandra Rossi. Como foi sua introdução ao mundo virtual, sua evolução, como ele foi atraído pelos criminosos, o deslumbramento.
Carros, mulheres, poder! Tudo isso aos 15 anos, quando era considerado o melhor hacker do Brasil. Quase dois anos depois, em 2005, a Polícia Federal instaurou a Operação Ponto Com e prendeu a organização da qual ele fazia parte.
Daniel passou por momentos difíceis, como prisão, delação, acompanhamento das autoridades e liberdade vigiada. Sua vida e de sua família viraram um caos.
Somente agora, superada toda essa fase marcante, ele resolve contar à amiga Sandra todas as aventuras, os pensamentos, as experiências incríveis, mas que fizeram marcas profundas em sua vida. E nos mostra suas impressões sobre como o Brasil deveria lidar com a segurança de sistemas e com os talentos, geralmente jovens, que desafiam e encontram falhas nesses sistemas.
Um livro em que os amantes, curiosos e usuários da internet e do mundo virtual vão adorar saber como viveu um hacker brasileiro no auge do seu potencial!
Acredito que nesta era de tecnologia que vivemos, muitos jovens inteligentes e com aptidões como as de Daniel devem se sentir tentados a tomar o mesmo caminho que este teve: o caminho das facilidades, do glamour. Mas também percebi no relato de Daniel uma busca incessante por aceitação e auto valoração, o que ele pareceu encontrar através da vida de hacker.

É um livro muito interessante para ser lido por adolescentes, para que eles possam perceber que por trás de uma vida fácil, existe sempre o "outro lado", e que há consequências para nossas ações. Mas também acredito que seja uma leitura interessante aos pais, para saber que erros evitar.

Afinal, também é preciso que se coloque um pouco de limites aos jovens e o que aconteceu com o Daniel talvez pudesse ter sido evitado se os pais tivessem tentado ser um pouco mais firmes - não o deixando viajar sozinho para Porto Alegre, por exemplo, aos 15 anos de idade. Eles tiveram uma chance de intervir, dizer que Não. E não o fizeram.

Um livro escrito numa linguagem bem simples e acessível, consegui terminar de lê-lo em um único dia. E bem interessante a reflexão final, da falta de valoração do mercado ao profissional brasileiro, indo buscar fora do país pessoas para lidarem co as questões de segurança. Também foi interessante acompanhar pela ótica de um dos participantes do processo, estes fatos que aconteceram em nosso país. Recomendo.





quarta-feira, 17 de junho de 2015

Resenha: “A Aposta” (Rachel Van Dyken)

*Por Mary*: Hoje trago um livro que já era de meu interesse há um tempo. Tão logo vi a sinopse, antes mesmo do lançamento, pensei: “Preciso!”. Às vezes, precisamos de livros cujo seu único objetivo é nos entreter. Então, sem demora, vamos a ele!

Dois irmãos. Uma aposta infantil. Quem casar com a garota, leva um milhão de dólares. Tantas coisas aconteceram depois dessa aposta... Cada um seguiu o seu caminho, mas quis o destino – e a Vovó Nadine, que é tão poderosa quanto – reuni-los outra vez. Kacey está de volta a Portland ao lado de Jake – por quem demonstrou desde sempre certa predileção – fingindo ser sua noiva. Um noivado de mentirinha, claro. Um fim de semana de fingimento seria suficiente para agradar Vovó Nadine, melhorar a imagem demasiado arranhada do cafa e, de quebra, ainda ajudá-lo com o conselho da empresa Titus Enterprise, certo? Depois disso, é vida que segue. Só. Que. Não.  Kace, definitivamente, não pretendia encontrar Travis, seu inferno pessoal, irmão mais velho de Jake, aquele que quebrava suas bonecas, puxava seu cabelo e colocava bichos nojentos em sua cama. Pretendia menos ainda descobrir que ele se tornou um homem tão bonito. 
“Kacey se encolheu.
- Seu nariz está proporcional, depois que você cresceu.
Jake se aproximou e ficou entre os dois.
- Vocês podem pelo menos fingir que se dão bem?
- Não. – disseram os dois ao mesmo tempo.” 
O livro era mais curtinho do que eu imaginava. Isso, ou o tempo realmente voa quando você está com ele em mãos. Sem se dar conta, lá se foi metade da trama em um piscar de olhos – ou passar de páginas. Com uma narrativa em terceira pessoa, alternando a percepção entre os personagens do triângulo principal da obra, Rachel Van Dyken nos introduz de forma ágil, divertida e irreverente à maluca família Titus.

Pode-se dizer, aliás, que, em alguns momentos, o livro – como um todo, tanto relativo a seus personagens, quanto à construção da história – se assemelha a um roteiro de comédia americana. Sabe aqueles Sitcom, como “As Visões da Raven” e “Friends”? Pois então, algumas situações apresentadas são tão improváveis, que o leitor quase poderá ouvir mentalmente aquelas risadas gravadas que são soltas durante as piadas do seriado.

Os personagens são verdadeiramente apaixonantes, mas preciso fazer dois adendos: Vovó Nadine e Travis. Que me desculpem os demais, porém, em minha opinião, estas são as verdadeiras personagens estrelas da obra.

Vovó Nadine é uma senhorinha super descolada que já está vindo com o bolo de fubá, quando você ainda está indo com o milho. O que quero dizer com isso? Ah, vocês terão que ler para compreender. Declaro, de antemão, que, quando eu crescer, quero ser como ela.
“- Você não ouviu a vovó? Estamos presos aqui por três horas.
- Dez pratas que a vovó tá mentindo. – Jake fez um sinal com a cabeça em direção à porta. – Vai ver.
(...)
- Velhinha manipuladora a nossa vovó.”

 “Ela deu um risinho e puxou a própria blusa. (...)  e, então... as luzes se acenderam.
- Vovó!
- Travis! Kacey! – Ela colocou a mão sobre o coração.
(...)
Sua avó inclinou a cabeça.
- Kacey, esse sutiã é bem bonito. Cor-de-rosa. Por que eu não tenho roupas íntimas cor-de-rosa?” 
E o Travis... bem, o Travis é um Boy Magya muito Magya. Me expressei bem? Certo, acho que não.

Ok, para muito além do corpo lindo, Travis é um cara que sempre foi apaixonado pela Kacey. Desde criança. Contudo, além de um pouco desajeitado e de um sério problema de gagueira que tendia a se intensificar ao falar com a moça, digamos que o rapaz não era tão primoroso em sua abordagem. 
“Ele sabia que Kacey adorava histórias de princesas. Ela sempre dizia que os meninos deveriam ser príncipes e tratar as meninas como princesas.Mas como ele poderia ser um príncipe se não havia dragões para matar?
Como poderia provar o seu valor se não havia monstros?Pelo menos ele era o garoto mais esperto da turma. Sabia exatamente o que fazer. Precisava apenas provocar o acidente e, depois, salvá-la.” 
Apesar disso (da falta de tato para chegar na moça), Travis demonstra uma lealdade impressionante com ela. É tocante o quanto ele sempre a amou, mesmo quando a Kace apenas tinha olhos para o Jake, Travis esteve ali, vigiando, cuidando, amando-a à distância.

Tá, é só isso que posso dizer. ;)

Não espere um grande conflito ou uma reflexão profunda sobre um aspecto qualquer da vida. Aliás, creio que nem seja essa a intenção da autora. Não julgo esta uma característica negativa. Todavia, para quem curte livros mais sérios, talvez esta aqui não seja a melhor opção. Por outro lado, para quem adora uma comédia romântica e que, às vezes, só quer mesmo jogar as pernas para o alto e ler um bom livro que o entretenha, temos uma excelente alternativa com A Aposta.

*Habemus Continuação*

A sequência de A Aposta se chama O Desafio - tendo como casal protagonista Jake e Char - e já está à venda. Segue abaixo capa e sinopse: 

“Como vai? Quer dizer, faz tanto tempo!”
Na verdade, fazia onze meses, uma semana e cinco dias. Mas quem é que estava contando? Não ela.
Jake Titus é rico demais, bonito demais e arrogante demais: qualidades que, anos antes, fizeram Char Lynn viver com ele a melhor noite de sua vida — e em seguida a pior manhã, quando ele a dispensou. Agora terão que se reencontrar no casamento de Kacey, a melhor amiga dos dois. Seria uma situação estranha, mas suportável... Se vovó Nadine não tivesse sido desafiada a uni-los.
Como padrinho e dama de honra dos noivos, Jake e Char têm que passar cada vez mais tempo juntos. Ele é um galinha mimado, e ela é uma garota maluca. Então por que não conseguem resistir um ao outro? 
Quando Jake para de se comportar como um babaca e começa a agir como o homem que Char sempre teve esperança de que ele pudesse ser, fica cada vez mais difícil lembrar que ele já a magoou. E agora Jake vê nela tudo que sempre quis — só precisa fazer Char acreditar nisso.
O desafio é a continuação de A aposta, da autora best-seller do New York Times Rachel Van Dyken.


É, bem, eu só quero muito muito muito essa continuação. E pra ontem, de preferência!  
“O passado é chamado de passado por um motivo. Se você está constantemente olhando para trás, seus olhos não veem a estrada à sua frente. Você não pode dirigir um carro desse jeito, então por que deveria viver a vida assim?”




segunda-feira, 15 de junho de 2015

Resenha: "Diga aos lobos que estou em casa" (Carol Rifka Brunt)



Por Marianne: Um livro que explora com delicadeza o amor em quase todas as formas e foge dos clichês de muitos romances mocinho/mocinha que já existem por aí. Essa é frase pra descrever Diga aos lobos que estou em casa, romance de estreia da autora Carol Rifka que já mora no meu coração.

Minha mãe tinha sintonizado a KICK FM, a estação de country, e, embora eu não goste muito desse tipo de música, às vezes, se você deixar, o som de todas aquelas pessoas cantando com tanta emoção pode trazer à mente antigos churrascos em família no quintal e encostas de morros nevados com crianças em trenós e jantares de Ação de Graças. Coisas que fazem bem. Por isso minha mãe gostava de ouvir essa rádio no caminho para a casa de Finn.
June tem quatorze anos, é apaixonada por artes e tem um relacionamento intenso de carinho e amizade com seu tio e padrinho Finn. Tio Finn é irmão da mãe de June, trabalhou com artes por muito tempo e agora vive sozinho no seu apartamento e está concluindo uma obra muito especial: um retrato das irmãs Greta e June.
June e Greta, sua irmã mais velha, eram muito próximas e amigas quando eram crianças. Acabaram se afastando com o passar dos anos e a relação de amizade que existia entre as duas desapareceu e deu lugar a um abismo de distância onde Greta trata a irmã quase com hostilidade.


— Greta – eu disse –, você sabe que não vai demorar muito mais tempo. Com o Finn, quero dizer.
Precisava garantir que ela entendesse como eu entendia. Minha mãe dizia que era como uma fita cassete que você não podia rebobinar. Porém, era difícil lembrar que você não podia rebobiná-la  enquanto a estava ouvindo. E, assim, você se esquecia e caía na música e ouvia e, depois, sem nem saber, a fita de repente acabava.
A história corre no fim dos anos oitenta, quando AIDS e homossexualidade eram (eram?) um tabu gigantesco na sociedade. June acompanha de perto essa realidade. Seu tio Finn é soropositivo e homossexual, o preconceito sofrido vem de dentro da própria família. Num trecho do livro a mãe de June entra em desespero achando que a filha pode ter contraído HIV apenas por usar um brilho labial do tio.
June sabe que a saúde do tio está fragilizada, mas é quando recebe a ligação de um homem estranho lhe dando a terrível notícia é que seu mundo desaba. Seu tio Finn, seu melhor amigo, a única pessoa com quem ela se sentia confortável por perto não existe mais. E quem é esse homem estranho que ligou para dar a notícia?
A família de June se refere ao homem como “o homem que matou tio Finn”, em outras palavras, o homem que lhe passou AIDS.

Pensei em todos os tipos diferentes de amor no mundo. Consegui pensar em dez sem nem me esforçar. A maneira como os pais amam os filhos, a maneira como as pessoas amam um cachorrinho ou sorvete de chocolate ou seu lar ou livro favorito ou a irmã. Ou o tio. Há esses tipos de amor e há outro tipo. O apaixonado. O amor de marido-e-mulher, o amor de namorado-e-namorada, a maneira como você ama o ator em um filme

Após a morte do tio o tal “homem que matou tio Finn” entra em contato com June através de um bilhete pedindo para encontra-la. O homem se chama Toby, e é através dele que June entra num mundo de descobertas e surpresas relacionadas à vida do tio que ela nunca teria imaginado.

O que mais me encantou no livro foi o quanto verdadeiramente humano ele é. Você vai tentando entender o comportamento do cada personagem (todos descritos pelos olhos da observadora June) e tirando suas conclusões pra ir desconstruindo todas elas à medida que a história vai acontecendo. A forma como a autora descreve a dor de June e Toby em pela morte de Finn toca até os mais sem coração.

Os personagens não são divididos entre bonzinhos e maus, são apenas humanos, cada um com sua história e suas mágoas que refletem diretamente no comportamento de cada um.
A própria June é um poço de confusão tentando entender e decifrar seus sentimentos em relação ao tio, à irmã, a Toby.

Eu fiquei encantada por esse livro. A leitura flui muito fácil e incrivelmente cativante. Você se apega aos personagens, se identifica com suas dores e sentimentos. Está muito recomendado, na minha lista de favoritos com certeza.

Até a próxima resenha :)



 
Ana Liberato