sexta-feira, 31 de julho de 2015

Resenha: "A dançarina do cabaré" (Georges Simenon)

Por Sheila: Oi pessoas como estão? Eu ainda estou em minha "busca por tentar colocar resenhas atrasadas em dia". Na verdade, elas não estão atrasadas para ´publicação no blog - estão até adiantadas. Mas o fato de alguns livros estarem há mais de 4 meses em minha estante esperando por resenhá-los me deixa M-A-L-U-C-A.

Este livro, de Georges Simenon foi uma grande surpresa e tive uma certa má-vontade inicial com ele. Por causa da capa e, principalmente, por causa do título. Nesta época em que os romances hot proliferam, minha reação foi um ah não! o que será isso? Mas como sempre busco manter a neutralidade, fui atrás de maiores informações sobre o autor e este título.

Pois bem, descobri que Georges é um escritor belga com forte influência de Agatha Christie que, assim como a Rainha do crime, criou um detetive que aparece em diversos de seus romances, também policiais. Assim, em contrapartida ao nosso amado Hercule Poirot, Simenon criou o Comissário Maigret, tão astuto e perspicaz quanto o primeiro.

A dançarina do cabaré é o oitavo romance policial da série Comissário Maigret, o que talvez explique por que algumas coisas deste livro pareceram ficar um pouco confusas e sem explicação. Mas vamos à sinopse oferecida pelo Skoob:
Em Liège, cidade belga onde Simenon nasceu, Maigret observa à distância dois garotos acusados de assassinar um estrangeiro rico. Quando a amizade entre os suspeitos é posta à prova, diferenças saltam à vista e ajudam o comissário a desvendar o enigma.
Ou seja, a sinopse também não nos diz muita coisa ... Assim, foi entre temorosa e curiosa, que iniciei  leitura. De saída, somos apresentados aos dois "suspeitos": De um lado, temos Jean Chabot o mais moço, que tem dezesseis anos e parece inquieto; de outro, Delfosse, magro e de aparência enfermiça, tem dezessete. Estão os dois com Adèle, a dançarina do cabaré Gai-Moulin, quando um estrangeiro adentra o estabelecimento, tomando todas as atenções para si.

- Quem será?
- E eu lá sei! É a primeira vez que aparece - disse Adèle. exalando a fumaça do cigarro.
E, descruzando as pernas, ajeitou o cabelo nas têmporas e mergulhou o olhar num dos espelhos que forravam a sala para certificar-se de que a maquiagem não escorrera (...)
- Me dão licença queridinhos?
Dirigindo-lhes um sorriso gentil e confidencial, levantou-se, atravessou a sala requebrando o quadril e acercou-se da mesa do recém chegado.

Quem interpela Adèle são os dois jovens, que por mais que finjam, olham com certo desagrado a chegada do estrangeiro que lhes toma a graciosa companhia. Mas logo em seguida descobrimos que as frases entrecortadas escondem mais que despeito: Por mais que Delfosse venha de uma família abastada, os dois amigos compraram a crédito em diversos estabelecimentos e não estão conseguindo o montante necessário para saldar as dívidas.

Parece partir de Delfosse a ideia de esconderem-se na adega e, após a saída de todos os funcionários, furtar a caixa registradora do Gai-Moulin. Parecia fácil. Mas, o que eles não esperavam, era encontrar o estrangeiro, o mesmo que lhes roubara a atenção de Adèle,morto no chão.

Daí, várias coisas acontecem. O crime ganha repercussão. Há um outro homem sendo investigado pelo crime, mas os dois adolescentes endividados passam a ser suspeitos, já que Delfosse furta de um tio para saldar a dívida dos dois, o que depõe contra os mesmos. Mas é então que Maigret entra em cena, passando a ajudar a polícia local a conduzir as investigações.

E é aqui que as coisas ficam um pouquinho confusas, por que Maigret chega impondo sua presença e sendo amplamente enigmático. Quando isso acontecia nos livros de Agatha Christie e seu Hercule Poirot, eu já sabia quem ele era, e confiava em seu julgamento. Ficou um pouco descontextualizado o fato de Maigret chegar do nada e, sozinho, resolver todo o mistério.

Fora isso, é um romance policial bem elaborado, que consegue ter um desfecho inesperado, bem explicado e sem deixar pontas soltas. A escrita de Simenon é simples e bem trabalhada, e o livro, apesar de ter 140 páginas, é bem curto por seu formato, li em um dia.

Mas eu mudaria o título. E a capa. Sei lá, algo como "Assassinato no Cabaré" ou "O mistério no Gai-Moulin". A mesma coisa com a capa. No entanto, se você quer uma leitura rápida, leve, imaginativa e levemente divertida, "A dançarina do cabaré" é uma boa pedida. Abraços e até a próxima.



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Ana Liberato