*Por Mary*: Aqui estamos nós, com mais um livro da qual eu sei que
não saberei resenhar com a devida imparcialidade. Mas, bem, neste momento não
sou a resenhista, mas sim a fã. E a Carina, definitivamente, sabe liberar meus fangirlismos como ninguém – sem esquecer
as minhas mais astronômicas fossas literárias. Deprê pós-leitura define.
A propósito, Carina, lança logo Mentira Perfeita, que eu já quero destruir o meu psicológico de vez.
Então, vamos ao resumo da trama.
A vida de Luna Braga está de
cabeça para baixo. Recém-formada em jornalismo, arrumou um emprego de recepcionista na redação da Fatos&Furos,
apesar de não ser bem esse o posto dos seus sonhos. A empresa é chefiada por Dante
Montini, um verdadeiro deus do jornalismo – e um dos motivos para Luna se
candidatar à vaga – mas que só inferniza a vida dela. Como se já não fosse o
suficiente o seu chefe transmutado em demônio, descobre que o seu namorado de
dois anos, que a traiu durante todo o relacionamento, agora vai se casar com
uma garota que conheceu há menos de três meses e, para completar as desgraças,
o seu carro passa mais tempo com o mecânico do que com ela.
Surge uma luz no fim do túnel
quando a coluna de horóscopo despenca em seu colo e essa é finalmente a chance
de Luna provar seu potencial, além de finalmente fazer algo de que realmente
gosta. Só tem um problema: não entende absolutamente nada de assuntos místicos,
apesar de sua descendência cigana (à qual Luna renega). Interpretar um mapa
astral, então, está fora de cogitação, principalmente tendo em vista que sequer
acredita no poder dos signos.
Surge, então, a Cigana Clara e,
misteriosamente, tudo parece entrar nos eixos. Os e-mails lotam sua caixa de
entrada, com leitores contando o quanto as previsões têm modificado suas vidas.
Sua melhor amiga, Sabrina, acredita ter conhecido o seu Príncipe Encantado
graças ao poder das cartas e se mostra cada vez mais crédula quanto às
previsões da Cigana Clara.
A vida de Luna também muda
drasticamente, surgindo um romance, no mínimo, inesperado. Seria o romance
certo, se não fosse com o homem errado. Contudo, assim como as forças místicas
são equilibradas, o poder que tem em mãos é perigoso e gera consequências,
ainda que Luna hesite muito antes de se dar conta disso.
Será que vai estragar tudo, como
sempre?
Com uma narração divertida em primeira
pessoa e excelentes ganchos entre os capítulos, a promessa de abandonar a leitura
“no próximo capítulo” se torna uma tarefa completamente impraticável. Aliás, se
você precisa acordar cedo no dia seguinte, prepare-se para “zumbizar”. No Mundo
da Luna é praticamente um roteiro de comédia romântica em forma de romance impossível de largar.
“- Ele chegou. – Ela anunciou, ainda olhando para a minha mão.
- Ele quem?
- O seu homem. Aquele que vai te fazer feliz. Você já o conhece. (...) Sim, e você pode pôr tudo a perder. – Acrescentou.
- Que novidade! – Sabrina gemeu.”
Há algum tempo atrás, comentei
que protagonista boa é aquela que a gente odeia pelo menos um pouquinho. Não
consigo lembrar agora em qual resenha eu disse isso. Mas não vem ao caso agora,
de qualquer modo. O que quero dizer é que a Carina domina a habilidade de nos
fazer ficar irritadas com suas protagonistas.
Como típicas mocinhas de comédias
românticas, as personagens criadas por Carina Rissi fazem inúmeras burradas,
dizem a coisa errada nos piores momentos, interpretam tudo errado e são
completamente cegas. Tais motivos é que desencadeiam os conflitos, criando, em
geral, situações absurdamente tragicômicas, que fazem o leitor querer rir e
chorar ao mesmo tempo.
Você, que já é um leitor assíduo
da autora, sabe que do lado oposto da relação há sempre um protagonista
enlouquecedoramente lindo, impressionantemente romântico e o cara dos sonhos de
qualquer garota. Enfim, um verdadeiro príncipe encantado.
E aí, o que a gente faz? Suspira, porque né. Não tá fácil com tanto
sapo dando sopa por aí.
Mas, além de suspirar? Viramos
fãs da escritora, claro!
“- Puta que pariu! – Gritou ele, me assustando ao aproximar o rosto do meu e examiná-lo com muita atenção. Ou atenção suficiente, dado o seu estado. – Zeus olhos zão verdes que nem azeitona.
- Zão. Os dois. – Concordei orgulhosa.
Ele riu.
- Zão lindos! Os dois. Vozê é engrazada. – Ele ajeitou os óculos de novo. E ficaram ainda mais inclinados.
- É porque vozê tá bêbado.
Ele assentiu.
- Tô. Eu gosto de vozê quando vozê tá bêbada.
- Eu também gosto de vozê quando eu to bêbada.”
Em No Mundo da Luna, você
encontrará a velha fórmula com um plus.
Vejo, inclusive, como prova da versatilidade de qualquer autor, essa sua
capacidade de se reciclar, posto que, apesar de manter um estilo
reconhecidamente de sucesso, consegue criar tramas e personagens muito
distintos entre si. A Carina tem um estilo único e é muito feliz nesse sentido,
em conseguir habilmente criar novos personagens, mas mantendo a escrita fluida,
engraçada e fácil.
Talvez seja esse o motivo de suas
obras serem tão irremediavelmente apaixonantes: uma pitada de magia e esse quê
de contos de fadas moderno associados a uma escrita leve, um romance
arrebatador e o humor contagiante capaz de fazer o leitor rir como um louco nos
lugares mais inadequados (tenho a absoluta certeza de que o pessoal da minha
turma da pós duvida um pouco da minha sanidade, agora).
Portanto, esse é o tipo de livro
que, assim como não consigo ser imparcial e articular racionalmente os meus
argumentos, também não posso dizer “se você gosta de...”. Com a Carina Rissi,
eu só posso dizer: leia No Mundo da Luna, porque você vai encontrar romance,
magia, divertimento e muito muito muito humor.
“Algumas pessoas não pertencem a ninguém além de si mesmas. E a beleza da coisa está aí. Elas nunca pertencerão, mas podem – e vão – escolher alguém para dividir as aventuras. A insegurança sempre nos faz querer, ter, precisar, possuir, colecionar coisas ou pessoas, mas não seria melhor, em vez de possuir alguém, ser escolhido por esse alguém e ter a escolha também? Como iguais, como os dois seres impares que são, mas com o mesmo desejo de se tornarem um par indivisível? Os sentimentos nascem em lugares inesperados, e essa é a forma mais pura e sincera, pois não se alardeia aos quatro cantos, se guarda no coração e apenas se sente, saboreando cada instante que o outro oferece.”
Sem mais delongas, Carina Rissi é maravilhosa! Assim como os demais da autora, esse livro é fofo, romântico, divertido, com personagens cativantes, atrapalhados. A leitura flui com tanta facilidade que ao terminar fiquei desejando mais. Lógico que alguns pontos achei que necessitava um pouquinho mais de atenção, mas nada que atrapalhasse a história.
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