segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Resenha: “No Mundo da Luna” (Carina Rissi)

*Por Mary*: Aqui estamos nós, com mais um livro da qual eu sei que não saberei resenhar com a devida imparcialidade. Mas, bem, neste momento não sou a resenhista, mas sim a fã. E a Carina, definitivamente, sabe liberar meus fangirlismos como ninguém – sem esquecer as minhas mais astronômicas fossas literárias. Deprê pós-leitura define.

A propósito, Carina, lança logo Mentira Perfeita, que eu já quero destruir o meu psicológico de vez.

Então, vamos ao resumo da trama.

A vida de Luna Braga está de cabeça para baixo. Recém-formada em jornalismo, arrumou um emprego de recepcionista na redação da Fatos&Furos, apesar de não ser bem esse o posto dos seus sonhos. A empresa é chefiada por Dante Montini, um verdadeiro deus do jornalismo – e um dos motivos para Luna se candidatar à vaga – mas que só inferniza a vida dela. Como se já não fosse o suficiente o seu chefe transmutado em demônio, descobre que o seu namorado de dois anos, que a traiu durante todo o relacionamento, agora vai se casar com uma garota que conheceu há menos de três meses e, para completar as desgraças, o seu carro passa mais tempo com o mecânico do que com ela.

Surge uma luz no fim do túnel quando a coluna de horóscopo despenca em seu colo e essa é finalmente a chance de Luna provar seu potencial, além de finalmente fazer algo de que realmente gosta. Só tem um problema: não entende absolutamente nada de assuntos místicos, apesar de sua descendência cigana (à qual Luna renega). Interpretar um mapa astral, então, está fora de cogitação, principalmente tendo em vista que sequer acredita no poder dos signos.

Surge, então, a Cigana Clara e, misteriosamente, tudo parece entrar nos eixos. Os e-mails lotam sua caixa de entrada, com leitores contando o quanto as previsões têm modificado suas vidas. Sua melhor amiga, Sabrina, acredita ter conhecido o seu Príncipe Encantado graças ao poder das cartas e se mostra cada vez mais crédula quanto às previsões da Cigana Clara.

A vida de Luna também muda drasticamente, surgindo um romance, no mínimo, inesperado. Seria o romance certo, se não fosse com o homem errado. Contudo, assim como as forças místicas são equilibradas, o poder que tem em mãos é perigoso e gera consequências, ainda que Luna hesite muito antes de se dar conta disso.

Será que vai estragar tudo, como sempre?

Com uma narração divertida em primeira pessoa e excelentes ganchos entre os capítulos, a promessa de abandonar a leitura “no próximo capítulo” se torna uma tarefa completamente impraticável. Aliás, se você precisa acordar cedo no dia seguinte, prepare-se para “zumbizar”. No Mundo da Luna é praticamente um roteiro de comédia romântica em forma de romance impossível de largar.
“- Ele chegou. – Ela anunciou, ainda olhando para a minha mão.
- Ele quem?
- O seu homem. Aquele que vai te fazer feliz. Você já o conhece. (...) Sim, e você pode pôr tudo a perder. – Acrescentou.
- Que novidade! – Sabrina gemeu.”
Há algum tempo atrás, comentei que protagonista boa é aquela que a gente odeia pelo menos um pouquinho. Não consigo lembrar agora em qual resenha eu disse isso. Mas não vem ao caso agora, de qualquer modo. O que quero dizer é que a Carina domina a habilidade de nos fazer ficar irritadas com suas protagonistas.

Como típicas mocinhas de comédias românticas, as personagens criadas por Carina Rissi fazem inúmeras burradas, dizem a coisa errada nos piores momentos, interpretam tudo errado e são completamente cegas. Tais motivos é que desencadeiam os conflitos, criando, em geral, situações absurdamente tragicômicas, que fazem o leitor querer rir e chorar ao mesmo tempo.

Você, que já é um leitor assíduo da autora, sabe que do lado oposto da relação há sempre um protagonista enlouquecedoramente lindo, impressionantemente romântico e o cara dos sonhos de qualquer garota. Enfim, um verdadeiro príncipe encantado.

E aí, o que a gente faz? Suspira, porque né. Não tá fácil com tanto sapo dando sopa por aí.

Mas, além de suspirar? Viramos fãs da escritora, claro!
“- Puta que pariu! – Gritou ele, me assustando ao aproximar o rosto do meu e examiná-lo com muita atenção. Ou atenção suficiente, dado o seu estado. – Zeus olhos zão verdes que nem azeitona.
- Zão. Os dois. – Concordei orgulhosa.
Ele riu.
- Zão lindos! Os dois. Vozê é engrazada. – Ele ajeitou os óculos de novo. E ficaram ainda mais inclinados.
- É porque vozê tá bêbado.
Ele assentiu.
- Tô. Eu gosto de vozê quando vozê tá bêbada.
- Eu também gosto de vozê quando eu to bêbada.”
Em No Mundo da Luna, você encontrará a velha fórmula com um plus. Vejo, inclusive, como prova da versatilidade de qualquer autor, essa sua capacidade de se reciclar, posto que, apesar de manter um estilo reconhecidamente de sucesso, consegue criar tramas e personagens muito distintos entre si. A Carina tem um estilo único e é muito feliz nesse sentido, em conseguir habilmente criar novos personagens, mas mantendo a escrita fluida, engraçada e fácil.

Talvez seja esse o motivo de suas obras serem tão irremediavelmente apaixonantes: uma pitada de magia e esse quê de contos de fadas moderno associados a uma escrita leve, um romance arrebatador e o humor contagiante capaz de fazer o leitor rir como um louco nos lugares mais inadequados (tenho a absoluta certeza de que o pessoal da minha turma da pós duvida um pouco da minha sanidade, agora).

Portanto, esse é o tipo de livro que, assim como não consigo ser imparcial e articular racionalmente os meus argumentos, também não posso dizer “se você gosta de...”. Com a Carina Rissi, eu só posso dizer: leia No Mundo da Luna, porque você vai encontrar romance, magia, divertimento e muito muito muito humor. 
“Algumas pessoas não pertencem a ninguém além de si mesmas. E a beleza da coisa está aí. Elas nunca pertencerão, mas podem – e vão – escolher alguém para dividir as aventuras. A insegurança sempre nos faz querer, ter, precisar, possuir, colecionar coisas ou pessoas, mas não seria melhor, em vez de possuir alguém, ser escolhido por esse alguém e ter a escolha também? Como iguais, como os dois seres impares que são, mas com o mesmo desejo de se tornarem um par indivisível? Os sentimentos nascem em lugares inesperados, e essa é a forma mais pura e sincera, pois não se alardeia aos quatro cantos, se guarda no coração  e apenas se sente, saboreando cada instante que o outro oferece.”



comentários

  1. Sem mais delongas, Carina Rissi é maravilhosa! Assim como os demais da autora, esse livro é fofo, romântico, divertido, com personagens cativantes, atrapalhados. A leitura flui com tanta facilidade que ao terminar fiquei desejando mais. Lógico que alguns pontos achei que necessitava um pouquinho mais de atenção, mas nada que atrapalhasse a história.

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Ana Liberato