Por Marianne: Queria começar essa resenha falando de algo que eu tinha
na minha vida antes de ler este livro: preconceito com livros em quadrinhos.
Sei que muuita gente tem preconceito com vários tipos de leituras: biografias,
ficção, filosofia, etc. Quando eu recebi Retalhos eu deixei meio de lado, meio
“nhé, depois eu leio”. Aí, num dia animada, fui lá e resolvi dar uma chance. E
não me arrependi NEM-UM-POUCO. Sério, já estou pesquisando mil outras histórias
contadas em quadrinhos pra ler, de tanto que me apaixonei.
Retalhos é uma história autobiográfica do desenhista Craig Thompson onde
ele relata sua infância e adolescência em Wisconsin, cidadezinha dos Estados Unidos.
Craig viveu sua infância e adolescência com os pais, religiosos
extremistas, e o irmão mais novo. Suas habilidades para desenhar surgiram desde
cedo, sempre podada pelos pais e professores que consideravam que se Craig não
estava fazendo algo “por Deus”, aquilo devia ser considerado errado.
É na adolescência que Craig começa a se questionar das verdades que
até então lhe foram enfiadas goela abaixo. E é quando, num acampamento da
igreja, ele conhece Raina, que é o exato oposto de Craig. Raina é questionadora
e tem o espírito livre que faltava em Craig pra se libertar das convicções que
o faziam deixar de lado sua vocação pra arte.
A história segue nessa jornada do autor em busca de autoconhecimento
libertação de todas imposições que
foram moldadas em sua vida.
O que mais encanta no livro é a delicadeza dos desenhos de Thompson. A
maneira como ele expressa as aflições do personagem compondo todo um cenário, e
não apenas usando expressões faciais e balõezinhos de fala.
E por mais que muitas pessoas em sua vida tenham feito o papel de “vilões”
(algumas atitudes do pai de Craig são bem cruéis quando o autor e o irmão eram
criança) eles não são colocados dessa maneira pelo autor. Os personagens são bem
humanizados e mostrados através de seus erros e acertos em suas trajetórias.
Apesar de o livro ser enorme (quase seiscentas páginas) a leitura é
muito rápida, mas nem por isso deixa de ser intensa. A ilustrações de Craig dizem
mais que cem palavras juntas e com certeza vão fazer o leitor ficar paradinho
uns bons minutos observando cada detalhe desse livro fantástico.
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