quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Resenha: "O Diário Secreto de Lizzie Bennet" (Bernie Su & Kate Rorick)

Tradução de Cláudia Mello Belhassof

Por Kleris: Nada melhor que uma leitura de descanso pós-maratona trabalhos, não? Estava com Lizzie na estante faz um tempinho e resisti bravamente em não pegá-lo porque esperava um momento especial para voltar a Orgulho e Preconceito mais uma vez. Sendo uma apaixonada por tudo relacionado a OeP, o que mais quis era apreciar tudo sem pressa. Deixando isso de lado, vamos para a resenha!

Vou tomar mais uma vez (vide a resenha de As Sombras de Longbourn) que vocês conhecem Orgulho e Preconceito, a história-base dessa adaptação. Mas aqui estamos em pleno século XXI, 2012-2013, com internet, aplicativos e esforços de toda uma geração que tenta encontrar seus próprios caminhos no novo e no diverso. Por isso: é uma verdade inevitavelmente conhecida que alguém que se arrisca em formar uma voz na internet, deve estar consciente de um implícito contrato do que expor ou não expor perante suas mídias. Essa é basicamente a premissa de Lizzie Bennet, uma estudante de comunicação e novas mídias que decide fazer um experimento no youtube e pautar uma tese em cima. Que melhor aprendizado se não aquele que aplicamos e vemos como tudo realmente acontece na prática? 

— Com quem você falou? – Charlotte perguntou, mas seus dedos já estavam voando e bisbilhotando meu e-mail e meu feed do Twitter. — Hank Green? – ela soltou um grito agudo. Depois... — A Felicia Day tuitou sobre seus vídeos?

— Não achei que ia funcionar – repeti baixinho.

— Lizzie, você é um sucesso! Você tem um público de verdade agora!
— Tenho um público de verdade – repeti. — E eles vão querer mais vídeos – Meu estômago revirou. — Bons vídeos. Ai, meu Deus. Char, e se eu não tiver mais nada a dizer? E se eu não tiver nenhum assunto?
Ela me deu um sorriso afetado.— Eu te conheço desde que você nasceu, Lizzie. Nunca aconteceu de você não ter alguma coisa para dizer.

Assim nasceu o vlog The Lizzie Bennet Diaries. Ao ligar a câmera, falar sobre sua vida, a da família e dos amigos, Lizzie tornou tudo grande. Assim, nível EXCEPCIONAL. Mas havia coisas que Lizzie filtrava dos seus espectadores e muitas dessas coisas estavam em seu diário, que agora veio a público. É sobre esse livro que se trata essa nova comoção: o que Lizzie teria guardado de nós????? 

E nem pensar em falar nisso nos meus vídeos. O mundo não precisa saber de todos os detalhes das irmãs Bennet. Algumas coisas são pessoais demais, importantes demais para o consumo de massa.

— Só... finge que isso nunca aconteceu – ela disse — Porque, na verdade, não aconteceu.

Não vou me ater a pormenores da história, até porque acho que todos aqui sabemos (ou pelo menos já ouviram falar sobre OeP) e porque esse diário representa muito mais que um simples livro ou diário. Pela pegada da transmídia, entende-se que se extrapolam limites de plataformas para transmitir uma história, e esse diário secreto é justamente uma das últimas peças desse grande quebra-cabeça – já foi noticiado que haverá o livro da Lydia Bennet, então, para nossa alegria, essa fantasia AINDA NÃO acabou.


Mas NÃO tem como NÃO dizer: preparem-se para derreter, pra reviver, para se identificar, para amar, para surtar, para shippar, para... fangirlar! Rir tresloucadamente pela Mama Bennet, esquentar o coração com o Papa Bennet, pirar com a Lydia, orgulhar-se da Charlotte, da Jane, do Bing, odiar mais uma vez George Wickham, cair de amores por um Darcy hispter... Enfim, O diário secreto de Lizzie Bennet é todo esse arco-íris prometido. Original, extraordinário, magnífico, excepcional, maravilhoso, sagaz, inteligente e... meu Deus, eu posso jogar mil palavras de elogios e acho que não vão ser o bastante. Digamos que toda a equipe acertou em cheio como na fórmula das meninas superpoderosas. Souberam dosar e souberam usar bem seus recursos.

Senti um pouco de ironia (por causa desse post aqui) ler um livro com o celular do lado – para assistir os vídeos em conjunto – mas como o Diário é de uma multiexperiência, TUDO BEM, né? Faz parte. Fiquei entre ler sem assistir (o livro deixa umas pegadas sobre isso) e ler assistindo os vídeos todos (fora os da Lizzie também, claro), só que não resisti. Além das várias opções de curtir esse fenômeno, temos outras variedades de experiências. É de explodir a cabeça pensar sobre isso! Esse caráter expansivo, a autoficção, a metaficção, a interatividade, os diversos vlogs, aplicativos... é tudo muito louco! E possível! A gente ama muito mais, afinal, por esse enorme impacto. Não à toa o vlog ganhou um Emmy de narrativa original.

PORQUE É APENAS A MELHOR EXPERIÊNCIA DE STORYTELLING DE TODOS OS TEMPOS. 

É meio surreal.

De minha parte, é impressionante perceber que minha professora continua assistindo aos meus vídeos e vai saber tudo sobre a minha vida no próximo ano. Tudo. Assim como meus colegas de turma – é preocupante entrar numa sala de aula e perceber que todo mundo ali já te viu de pijama porque você já usou um na frente das câmeras. E tem muita gente sem rosto que também sabe da minha vida. Isso faz parte de ter uma mensagem com a qual as pessoas se envolvem.


Dessa maneira, o que o Diário agrega a essa história são fatos que nunca poderiam chegar a nós através das mídias interativas. Há muita coisa que nos ajuda a entender a trama, assim como aos segredos que Lizzie preferiu silenciar (muuuuito mais que a conhecida carta do Darcy) e acontecimentos triviais, mas de suma importância, que passaram pelo crivo da rede. É uma nova família Bennet que cresce diante de nós. Não é só sociedade, Lizzie, Darcy, orgulho, vaidades e preconceitos. As relações que mais me tocaram foi a do pai das meninas e da Lydia; foi um pouco surpresa pra mim nesse sentido. Outra surpresa foi a releitura, já que eu assisti a série em 2013, e houve coisas que parece que minha cabeça simplesmente apagou e elas novamente me pegaram e me derrubaram.

É extraordinário pensar que Lizzie e companhia não são pessoas de nosso mundo de realidade, mas um resgate desse nível para um livro clássico, é de bater palmas e palmas. Bernie, Kate e toda a equipe foram incríveis em criar uma ficção tão crível e fiel a nossa época.


Mais que recomendadíiiiiiiiiiiissimo, O diário de Lizzie Bennet é uma leitura necessária e não digo pela questão de adaptação, mas por toda a experiência que ela nos envolve. Mais século XXI que isso, impossível.



Até a próxima!



3 comentários

  1. Olha, me senti um E.T. por ainda não ter lido Orgulho e Preconceito (tudo bem que já assisti um filme baseado na história, mas tem tanto tempo que não lembro quase nada e filme não é a mesma coisa que livro né? Ainda mais que eu tenho esse livro em casa!! =O).
    Fato é que eu me interessei por esse livro da Lizzie e quero ler, mas antes de procurá-lo vou correndo marcar Orgulho e Preconceito como "lendo" no Skoob antes que eu esqueça e deixe para ler depois. rsrs
    Adorei a resenha, achei a ideia desse livro super lega (também quero me empolgar assim haha)l!!

    Bjs

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  2. Oi, Sheylla. O filme até que pega bem a essência da hst, mas tem cenas que não existem no original e isso tbm o torna especial. Vc pode se entregar ao livro e à série The Lizzie Bennet Diaries sem ter lido OeP, porém, tendo lido, os FEEEEEELS são mais intensos <333333333 É realmente extraordinário.
    Pra todo caso de vc não engatar de imediato em OeP, vou deixar o link aqui da websérie para logo te roubarem o coração: http://bit.ly/1jcyy02 (a Larissa Siriani traduziu, legendou e postou no canal dela) e esse link http://bit.ly/1NNAHu4 que te inteira bem da websérie - fiz há um tempo atrás num blog pessoal.
    Divirta-se!

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  3. Oie, obrigada pelos links, assim que ler eu vejo a série!! *-*

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Ana Liberato