*Por Mary*: Vocês têm também a sensação de flutuar e o coração
encher de uma coisa maravilhosa quando leem bons livros? A Rachel Gibson causa
isso em mim, fico sorrindo toda boba depois que fecho o volume e só descanso
quando chego aos agradecimentos.
Ganhei Simplesmente
Irresistível de presente de aniversário (melhor prima do mundo!) e fiquei pulando igual aquela música da
finada dupla Sandy e Júnior.
Mas vamos deixar de lenga-lenga e partir para a parte boa?
No dia de seu casamento com o
ricaço Virgil Duffy, Georgeanne Howard percebe que não pode se casar com um
homem que tem idade para ser seu avô e, ao empreender fuga da cerimônia,
conhece um jogador de hóquei bonitão e problemático chamado John Kowalsky, que
a ajuda – mesmo contra sua própria vontade – a dar o fora da mansão.
Tão logo põe os olhos sobre
Georgie, John sabe que a moça é problema, afinal, está ajudando a noiva
fugitiva do seu chefe. Uma atração imediata nasce entre os dois, mas, mesmo
depois de uma noite mágica, John dá um fora na garota na manhã seguinte.
Sete anos se passam, os dois se
reencontram e John descobre que aquela noite inconsequente resultou em uma
filha, à qual está disposto a reconhecer e fazer parte de sua vida. Contudo, as
mágoas que perduram entre o casal podem prejudicar na aproximação entre ele e
Lexie, assim como o sentimento que renasce pode complicar ainda mais a situação
toda, deixando as coisas consideravelmente mais explosivas.
A narrativa se dá em terceira
pessoa, o que nos permite transitar pelos núcleos e ter uma ideia mais ampla do
enredo e personagens. Não faço segredo que gosto, especialmente, dessa forma de
narração, sobretudo por se deter menos nas especulações dos personagens e mais
nos fatos.
E também não faço segredo da
minha admiração por essa autora, que, em minha opinião, possui um estilo
particularmente agradável. Com escrita fluida, histórias divertidas e ao mesmo
tempo reais, cenas eróticas nada vulgares e personagens apaixonantes, Rachel
Gibson nos arranca suspiros e risadas na mesma frequência.
Além disso, a Rachel consegue
produzir histórias muito distintas umas das outras, trazendo elementos muito
parecidos – que são ingredientes de seu estilo. Vou dar como exemplo essa trama
do pai que não conhece a existência do filho: a autora conseguiu produzir
enredos bem diferentes entre Simplesmente Irresistível e Daisy Está na Cidade.
O que eu quero dizer com isso é que, não obstante o livro trazer elementos
aparentemente semelhantes com outras de suas obras, Rachel Gibson os localiza
com motes completamente distintos,
bem como impõe situações muito singulares.
Acredito muito nessa coisa de
“estilo” de cada escritor. Dia desses (ok, talvez já haja alguns meses) vi um
filme que me fez pensar: Uau, esse
roteiro é tão Rachel Gibson! O filme em questão se chama Família Por Acaso e não sei dizer
exatamente por que pensei isso, mas, de algum modo tive tal impressão. E, por
mais curioso que possa parecer, Simplesmente
Irresistível só me fortaleceu esta tese.
Mas vamos falar de coisa boa? E
não, não é sobre a Iogurteira Top Term, mas sim os personagens.
Há dois pontos que precisam ser
mencionados nesta resenha:
O primeiro deles cabe a ambos os
protagonistas, que é relativo à evolução deles no decorrer dos anos. Posso
dizer que foi meio um tapa na minha cara por tantas vezes dizer que as pessoas
não mudam. Diferentemente do que gosto de defender, o crescimento de John e Georgie
no decorrer dos anos me pareceu muito natural, um amadurecimento causado pelas pancadas
da vida no decorrer da jornada (quem
nunca, né, minha gente?).
- Papais não cuidam dos bebês.
- Claro que cuidam – disse John. – Se eu fosse um papai peixe, estaria por aí procurando pelo meu bebê.
Erguendo a cabeça, Lexie olhou para John por um momento, pesando as palavras dele.
- Você procuraria até encontrar?
- Absolutamente. – Olhou para Georgeanne e depois de volta para Lexie. – Se eu soubesse que tinha um bebê, procuraria para sempre.
O segundo ponto é meio que um afunilamento
do primeiro, dessa vez focando especialmente na Georgeanne. Na primeira fase do
livro conhecemos uma Georgie fútil, frívola e influenciável, mas conhecemos
também os motivos por trás dessa personalidade “fraca”. Para começar, o
abandono dos pais, que a tornam sentimentalmente carente, apesar do amor dado
pela avó. E, como complemento a isso tudo, a dislexia ligada à incompreensão da
doença em meados dos anos 70, cuja disfunção era, basicamente, associada a
“burrice”.
Hoje sabemos que a dislexia não é
nada disso, mas ainda assim há certo preconceito acerca do problema. Imaginem
vocês, então, esse quadro há quase trinta anos, com uma jovem bonita, sem
mais ninguém no mundo além da avó e o medo de não ser aceita na sociedade por
não ser uma pessoa “brilhante”. Não posso dizer que julgo a avó da Georgie por
“treiná-la” para ser uma boa esposa, matriculando-a em escolas de etiqueta e
culinária para que, no futuro, encontrasse um marido que “cuidasse” dela. Me
parece muito claro que essa foi a saída encontrada por uma senhorinha do Séc.
XX que queria, simplesmente, cuidar pelo amparo futuro da neta.
Queria fazer John feliz também. Desde o primeiro relacionamento dela, aos quinze anos, Georgeanne sempre mudava como um camaleão para se tornar o que o namorado queria. No passado, fizera de tudo, desde pintar o cabelo de um vermelho profano até ficar toda roxa em cima de um touro mecânico. Só para agradar-lhes. Sempre deixara seu estilo próprio de lado e, em troca, eles a amavam.
Tinha um orgulho tremendo por tudo o que aquela garotinha acanhada do Texas conquistara. Caminhara no fogo, fora queimada até a alma, mas sobrevivera. Era uma pessoa mais forte agora, talvez menos crédula, e talvez tivesse se tornado extremamente relutante à ideia de dar seu coração a um homem novamente, mas não via essas características como impedimento para a sua felicidade. Aprendera suas lições da maneira mais difícil e, embora preferisse doar um órgão vital seu a viver novamente a vida que tinha antes de entrar na Heron Catering sete anos antes, tornara-se a mulher que era agora devido ao que lhe acontecera na época.
Em Simplesmente Irresistível
conhecemos também um casal secundário, formado pelos amigos dos protagonistas:
Mae e Hugh. Não posso finalizar essa resenha sem mencionar a mensagem bacana
que eles passam. Primeiro de tudo, a de que não podemos julgar as pessoas pelo
que elas aparentam, vestem ou fazem; e, por último, a de que muitas vezes
ficamos a ponto de deixar a felicidade passar batido, puramente por nossos
pré-julgamentos, sem dar uma chance para conhecer realmente o sujeito.
- Ele não é o homem certo para você.
- Como sabe?
Hugh sorriu.
- Porque eu acho que eu sou o homem certo.
Desta vez a risada dela foi com sarcasmo.
- Você deve estar brincando.
- Estou falando sério.
Ela não acreditava nele.
- Você é exatamente o tipo de homem com quem nunca saio.
- Que tipo é esse?
Ela olhou para a mão ainda em seu braço.
- Macho, musculoso e egocêntrico. Homens que pensam que podem intimidar pessoas menores e mais fracas que eles.
E, para finalizar, merece um
adendo a ambientação. Assim como em Loucamente Sua, Rachel Gibson ambienta sua
história nos anos 90. Na verdade, visitamos brevemente os anos 70 e 80 também,
mas prevalece os anos 90. Já falei antes e vou repetir: muito legal ouvir falar
em permanentes, papetes e Gretzky*, em um mundo sem celular e computadores. Por
vezes, esquecemos que esse mundo existia há só vinte anos.
Enfim, todos esses detalhes de
cada personagem – John também tem os seus – torna-os muito verossímeis, impelindo
os leitores a se sentirem identificados, além de estarem intrinsecamente
envolvidos com a trama, comportamentos e desenrolar da história. Então, se você
quer uma autora apaixonante, uma história envolvente, divertida, bem escrita,
fluida e que vai te arrancar suspiros com a mesma frequência de risadas, Simplesmente Irresistível é a escolha
certa. Indico muito todos os livros da Rachel Gibson e aqui no blog você
encontra as resenhas de Loucamente Sua e Daisy Está na Cidade.
Não sou poeta nem romântico, e não conheço palavras para expressar com precisão o que sinto por você. Apenas sei que você é o ar dos meus pulmões, a batida do meu coração, a dor da minha alma e, sem você, sou vazio.
*Jogador de hóquei.
Nunca li essa autora, gostei da resenha! Bom saber que os livros dela são divertidos, embora não tenha achado algo tãão surpreendente, gosto de ler romances -leves- nesse estilo e ainda mais quando os personagens amadurecem dentro da história.
ResponderExcluirBjs
Sendo assim, acho que você vai gostar da Rachel, Sheylla! Ela não é pretensiosa e nem pretende abordar temas sérios e deixar uma mensagem profunda... de vez em quando é bom ter uma leitura assim pra desencanar. Sou suspeita, porque tenho um fraco por esse tipo de literatura.
ExcluirBeijo!
A Rachel foi a primeira autora de chick-lit queli e fiquei fascinda, encantada e viciada em seus lviros... Cada um melhor que outro.. Li Simplesmente Irresístivel e dorei.. Dei altas risadas com esse casal..E principalmente ao ver o crescimento deles, amadurecimento.. Cada livro é uma alegria, e realmente quando leio um livro , sei de cara que é da rachel por causa de seu modo de escrever. recomendo todos os lviros dela. São séries fofas...
ResponderExcluirMeus parabéns por sua resenha, ficou maravilhosa. Adorei as quotes.
bjs
Aline!
ExcluirÉ bem difícil não ter ataques de fangirlismos ao falar da Rachel (eu sei que você me entende rs). Ela tem uma escrita bem peculiar, chega a ser difícil explicar, mas é ótimo! Todo autor tem uma marca, mas a dela parece ser ainda mais acentuada.
Sem dúvida não pretendo abandoná-la e estou louca para ler os outros!
Obrigada pelo carinho.
Beijo!