*Por Mary*: Olarrrrrrr, queridos leitores! Então, vamos hoje de
Literatura Nacional? Vamos!
Em Só o amor pode curar
conhecemos Bia, uma moça de bom coração que, após um acidente trágico de carro
que levou seu pai, descobre um novo e estranho dom: o de enxergar a aura das
pessoas. Presa a um casamento desgastado – com um marido ciumento, possessivo e
controlador –, conhece Léo, um rapaz muitos anos mais jovem que ela e com quem
compartilha inúmeros gostos por coisas antigas, arte e literatura.
A inicial amizade que nasce entre
Bia e Léo se transforma em amor; pari
passu, o destino que parece fazer de tudo para reuni-los, cruzando
constantemente seus caminhos, os separa com situações inesperadas. Apesar
disso, o amor de Bia por Léo parece ser a única chance de salvá-lo... e ela não
medirá esforços para fazê-lo.
- Sempre me sinto à vontade com você, Léo. É algo natural. Não entendo bem, mas acontece. – Era verdade. Eu me sentia bem ao lado dele, segura, à vontade, sem pressa, e em perfeito equilíbrio com o mundo, em paz, mesmo que tudo estivesse de cabeça para baixo, como naquele momento.
Com uma narrativa em primeira pessoa,
Clara Benicio mergulha na cabeça de sua protagonista, Beatrice. E, bem, o
leitor poderá sentir um pouco de dificuldade no começo, tendo em vista o alto
índice de abstração da personagem. São muitos e longos parágrafos de pensamentos dela.
Para quem gosta de uma trama ágil
e fluida, com bastante ação e muitos acontecimentos, talvez Só o amor pode curar não seja a leitura
mais apetecível. Sobretudo no início. Quero dizer, nesta obra o leitor
encontrará uma trama mais dramática, de narração lenta e calma.
Confesso que, de início, fiquei
um pouco confusa, por esperar que a história partisse de um ponto, em que
seriam utilizados outros recursos – tais como flashbacks e narrativa não linear –, e não foi o que aconteceu. A
própria sinopse me fez concluir isso. Contudo, o que encontrei foi uma
narrativa estritamente linear, o que não é um problema. Longe disso. Maaaaaas,
se eu pudesse conversar com a Clara (e ela quisesse a minha opinião, claro!),
eu aconselharia isso. Vejo por aí muitas histórias não lineares que ficariam
melhores em uma narrativa mais reta; já Só
o amor pode curar tem uma história perfeita para a narrativa não linear, o
que dá muitas possibilidades para o autor.
Então, vi que não importava se eu ficasse infeliz depois, se eu tivesse que enterrar para sempre o meu amor por ele. Só o que importava era ele. Léo não poderia causar dor à família, pois era um homem bom. Mas eu certamente conseguiria viver sem ele, quando partisse da minha vida. Mesmo que não fosse mais uma vida, propriamente, eu sobreviveria no fim.
Por que eu tinha que amar tanto assim essa pessoa? Por que tudo era tão perfeito quando estávamos juntos? E por que eu não me afastava dele, se sabia qual seria o fim da nossa história? Talvez eu quisesse aproveitar aqueles momentos de felicidade com ele, antes do fim. Talvez o amor verdadeiro não precisasse ser realmente vivido, mas sentido plenamente, mesmo que em silêncio. Vê-lo assim, sorrindo, era o paraíso para mim. E, se tivesse que sofrer sozinha mais tarde, se ele estivesse bem, feliz em sua nova vida, já valeria a pena desfrutar daquele sorriso. Podia ser pouco, mas era tudo para mim.
Por fim, só tenho mais um adendo,
com relação ao estilo da história. Se você é o tipo de leitor que prefere algo
mais alegre, animado, um casal que se implica e briga, este aqui não é o livro
mais adequado para você. Mas, se estiver querendo apreciar um romance
dramático, com belas declarações de amor, vá em frente, mergulhe na história de
Bia e Léo.
Eu criei um mundo só nosso, e agora não sei mais sair dele. Uma fantasia de criança, que permaneceu comigo por toda a minha vida, e eu não acho que ela vá passar. Porque, no meu mundo, Bia, só existia você, sempre: e pela minha lei, a gente era obrigado a ser feliz.
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