quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Resenha: “Só o amor pode curar” (Clara Benicio)

*Por Mary*: Olarrrrrrr, queridos leitores! Então, vamos hoje de Literatura Nacional? Vamos!

Em Só o amor pode curar conhecemos Bia, uma moça de bom coração que, após um acidente trágico de carro que levou seu pai, descobre um novo e estranho dom: o de enxergar a aura das pessoas. Presa a um casamento desgastado – com um marido ciumento, possessivo e controlador –, conhece Léo, um rapaz muitos anos mais jovem que ela e com quem compartilha inúmeros gostos por coisas antigas, arte e literatura.

A inicial amizade que nasce entre Bia e Léo se transforma em amor; pari passu, o destino que parece fazer de tudo para reuni-los, cruzando constantemente seus caminhos, os separa com situações inesperadas. Apesar disso, o amor de Bia por Léo parece ser a única chance de salvá-lo... e ela não medirá esforços para fazê-lo. 

- Sempre me sinto à vontade com você, Léo. É algo natural. Não entendo bem, mas acontece. – Era verdade. Eu me sentia bem ao lado dele, segura, à vontade, sem pressa, e em perfeito equilíbrio com o mundo, em paz, mesmo que tudo estivesse de cabeça para baixo, como naquele momento.
Com uma narrativa em primeira pessoa, Clara Benicio mergulha na cabeça de sua protagonista, Beatrice. E, bem, o leitor poderá sentir um pouco de dificuldade no começo, tendo em vista o alto índice de abstração da personagem. São muitos e longos parágrafos de pensamentos dela.

Para quem gosta de uma trama ágil e fluida, com bastante ação e muitos acontecimentos, talvez Só o amor pode curar não seja a leitura mais apetecível. Sobretudo no início. Quero dizer, nesta obra o leitor encontrará uma trama mais dramática, de narração lenta e calma.

Confesso que, de início, fiquei um pouco confusa, por esperar que a história partisse de um ponto, em que seriam utilizados outros recursos – tais como flashbacks e narrativa não linear –, e não foi o que aconteceu. A própria sinopse me fez concluir isso. Contudo, o que encontrei foi uma narrativa estritamente linear, o que não é um problema. Longe disso. Maaaaaas, se eu pudesse conversar com a Clara (e ela quisesse a minha opinião, claro!), eu aconselharia isso. Vejo por aí muitas histórias não lineares que ficariam melhores em uma narrativa mais reta; já Só o amor pode curar tem uma história perfeita para a narrativa não linear, o que dá muitas possibilidades para o autor. 
Então, vi que não importava se eu ficasse infeliz depois, se eu tivesse que enterrar para sempre o meu amor por ele. Só o que importava era ele. Léo não poderia causar dor à família, pois era um homem bom. Mas eu certamente conseguiria viver sem ele, quando partisse da minha vida. Mesmo que não fosse mais uma vida, propriamente, eu sobreviveria no fim.
 Pareceu-me que a proposta da Clara é a de uma grande história de amor, daquelas de atos heroicos e sentimentos eternos, profundos e incondicionais. Sendo assim, seus personagens não são tão verossímeis. Não espere isso, porque esse não é o objetivo dela. Ficam muito claros ali os vilões, os mocinhos e os ajudantes dos mocinhos. Não acho algo negativo, porque cada história pede algo diferente e cada autor tem sua proposta. Todavia, como há leitores que preferem histórias mais próximas do real, talvez seja interessante fazer o adendo. 
Por que eu tinha que amar tanto assim essa pessoa? Por que tudo era tão perfeito quando estávamos juntos? E por que eu não me afastava dele, se sabia qual seria o fim da nossa história? Talvez eu quisesse aproveitar aqueles momentos de felicidade com ele, antes do fim. Talvez o amor verdadeiro não precisasse ser realmente vivido, mas sentido plenamente, mesmo que em silêncio. Vê-lo assim, sorrindo, era o paraíso para mim. E, se tivesse que sofrer sozinha mais tarde, se ele estivesse bem, feliz em sua nova vida, já valeria a pena desfrutar daquele sorriso. Podia ser pouco, mas era tudo para mim.
 Ah! Quase me esquecia de falar sobre a questão da diferença de idade. Nem tenho muita coisa a comentar sobre isso, na verdade, só que gostei bastante da abordagem, porque, por mais que as coisas tenham melhorado, uma mulher mais velha que o homem ainda arranca muitos olhares preconceituosos na rua. Arrasou, Clara!

Por fim, só tenho mais um adendo, com relação ao estilo da história. Se você é o tipo de leitor que prefere algo mais alegre, animado, um casal que se implica e briga, este aqui não é o livro mais adequado para você. Mas, se estiver querendo apreciar um romance dramático, com belas declarações de amor, vá em frente, mergulhe na história de Bia e Léo. 
Eu criei um mundo só nosso, e agora não sei mais sair dele. Uma fantasia de criança, que permaneceu comigo por toda a minha vida, e eu não acho que ela vá passar. Porque, no meu mundo, Bia, só existia você, sempre: e pela minha lei, a gente era obrigado a ser feliz.
  


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Ana Liberato