sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Resenha: “A Lista” (Cecelia Ahern)

*Por Mary*: Olaaaaaaaar, pessoas bonitas!

Outro dia, conversando com uma das Besties – que, por sinal, vocês conhecem, é a Kleris – ela fez um comentário interessante sobre a Cecelia, no qual achei bastante válido compartilhar aqui com vocês. O comentário era a respeito de como essa autora parece ter a capacidade de contar histórias a partir de motes aparentemente simples.

Voltarei a falar disso mais à frente, prometo.

Agora imaginem vocês um livro que fala justamente da arte de contar histórias de pessoas comuns, com seus dilemas diários e que, de longe, não parecem ter uma vida lá tão interessante? Pois é, chegamos a A Lista.


Quando se conta uma história, há mais pessoas envolvidas do que o autor, (...).
Katherine Logan está passando pela fase mais conturbada de sua vida, seja no âmbito profissional ou amoroso. Quando sua melhor amiga – e editora – morre, deixando para ela uma lista com cem nomes para integrarem uma última matéria para a revista Etcetera, Kitty percebe que recebeu um legado e a chance de escrever a melhor matéria de sua carreira, restituindo, assim – e talvez – um pouco do seu perdido respeito profissional.

Conforme se debruça mais e mais nas histórias de algumas dessas cem pessoas, Kitty reaprende valores há muito esquecidos em si própria e muito mais do que a melhor matéria de sua carreira, ela encontra, também, um caminho no momento em que se sente mais perdida em sua vida.

Esse livro segue a mesma linha dos demais livros da Cecelia Ahern, pois não foge à verossimilhança que tenho apontado em minhas resenhas sobre ela. Contudo, gostaria de apontar aqui certo traço de metalinguagem nesta trama. Quero dizer, por meio da repórter Kitty Logan, a Cecelia explora as histórias de pessoas comuns, extraídas dos seus cotidianos. 
Cada um de nós tem uma boa história para contar. É isso que nos une, é esse vínculo que temos em comum, e é esse o vínculo que existe entre todas as pessoas daquela lista.
A premissa é bem clara e se encontra estampada na capa: todo mundo tem uma história para contar. Você, caro leitor do blog, provavelmente olhará para a própria vida pensando “Ah, mas a minha vida é muito desinteressante”, mas é aí que você se engana.

A propósito, creio que esta é uma das maravilhosas mensagens transmitidas por este livro: todos temos o que contar, por mais que para nós não pareça algo tão impressionante e talvez seja justamente esse o motivo que torna nossas histórias tão especiais.

Não vou mentir, a protagonista é, inicialmente, bem irritante. Todavia, a maioria das protagonistas da Cecelia Ahern o são – quer dizer, dos livros que já li, pelo menos. Acontece que essa chatice do começo é, de certo modo, catalisador para os fatos que sucedem. Um mal necessário, vai.
- (...) O que você acha?
- Acho que se eu fosse a sua namorada te dava um pé na bunda.
- E então, você aceita?
- Aceito o quê?
- Ser a minha namorada?
No mais, ficaram alguns pontos abertos. A trama se encerra sem esclarecer algumas informações – e juntar shippers, o que eu considero imperdoável desanimador – que poderiam ter sido melhor trabalhadas, mas que, contrariamente, foram simplesmente jogadas de forma nebulosa. Não obstante, talvez estas pontas soltas sejam indícios de eventual sequência. Aguardemos.

O livro é excelente. Eu sei que sou bastante suspeita, porque gosto muito da Cecelia, mas não tenho culpa se ela tem uma forma tão maravilhosa de contar suas histórias. Não há dramalhões, nem clichês. E, ainda assim, tornando-as completa e irremediavelmente apaixonantes. Você, com certeza, deveria ler esse livro.
Dançando no escuro, estava Birdie, com os olhos fechados, o queixo erguido, apontando para o céu enquanto girava e rodopiava, os braços elevados como se estivesse dançando com algum parceiro invisível ao som de “Dream a Little Dream of Me”, cantada por Ella Fitzgerald e Louis Armstrong.

Eva estava sentada no banco do motorista do ônibus, segurando o microfone e apontando-o para o tocador de CD, e, ao lado das luzes do farol, parados, estavam Edward e Molly.

Kitty ficou extasiada com o que viu. Deixando Mary-Rose, que estava igualmente encantada, ela subiu no ônibus.

- Foi você quem fez isso? – Perguntou a Eva.

- Birdie me contou que ela e Jamie tinham o hábito vir aqui à noite para dançar. Essa era a música favorita deles. É o presente de aniversário dela, atrasado – explicou Eva, com os olhos marejados, enquanto observava Birdie dançando sozinha no antigo salão de baile.

Kitty percebeu que Molly e Edward estavam abraçados, dançando lentamente, ao passo da música. Então, ela acreditou que tinha acabado de testemunhar a mágica de Eva.

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Ana Liberato