*Por Mary*: Ei, galere!
Antes de começar esta resenha,
preciso fazer uma confissão a vocês: praticamente tiveram que me chantagear
para não espiar o final do livro. E ainda assim foi bem difícil não fazê-lo.
Fiquei em cólicas para conhecer o tão aguardado desfecho elaborado pela
Juliana.
Mas mereço uma estrelinha dourada
na testa, porque não espiei a última página! *dancinha da vitória* Segurei a
curiosidade até o fim e, olha, valeu a pena.
A Juliana me surpreendeu muito!
Não pelo shipper, porque ele já era
meio que esperado, mas pela sucessão dos fatos.
Lá vem eu com a minha mania de
comentar as coisas antes da hora, né? Então, vamos por partes.
Ah, o tempo! Para muitos, intimidador, para mim, a salvação. Eu tinha muito medo do que o destino planejara para mim, aterrorizada com a possibilidade de ele ter me abandonado na inércia em que me encontrava. O medo rouba muitas coisas. Rouba sonhos e esperanças.
Quando tudo parecia perdido,
depois de sofrer com a ida do amor de sua vida, Isabel Maia encontrou em Daniel
Clark uma chance de conhecer novamente a felicidade. Tendo enfrentado inúmeros
empecilhos para ficarem juntos – não só a nível emocional, mas também externo –
Bel está decidida a reconstruir sua vida ao lado de Daniel e é quando tudo
parece estar nos eixos, que o passado ressurge, revirando outra vez o seu mundo
de cabeça para baixo e bagunçando suas certezas.
Na resenha de Depois do que Aconteceu, comentei com
vocês que não consegui torcer pelo casal Daniel e Isabel, mas não disse a vocês
que eu era Team Alex, porque não
poderia soltar um spoiler desses.
Para mim, persistia uma esperança para esse casal que se amava desde tão
jovens.
- Agora quero que me prometa: prometa que se dará uma oportunidade de ser feliz?
Suspiro. Prometer isso vai além da minha capacidade de mentir.
- Por favor, Alex... Só serei feliz por completo quando souber que você também é. Me promete que não negará o que o destino puser em seu caminho?
- Eu prometo.
Quando iniciei a leitura de Antes
que Aconteça, ávida por descobrir quais surpresas a autora nos tinha
reservado, descobri que a minha torcida já não era mais do Alex. Não, não deixei
de amar o Alex e querer botar ele no colo. Não é isso. Acontece que, de forma
incidente, comecei a torcer pelo Daniel.
Fiquei encantada, porque um dos
meus adendos na primeira resenha foi o fato de não ter conseguido torcer para
este casal. Para mim, Daniel e Isabel era um casal completamente errado, sem
chance de conserto, mas parece que a Juliana sabia disso – não sei se de forma
proposital ou a partir do feedback de
seus leitores – de modo que trabalhou melhor neste segundo volume os defeitos e
os tantos motivos que fariam uma relação daquelas não dar certo.
Ninguém é feliz por inteiro, sempre há algo a ser conquistado. Pode ser um trabalho, um amor, e até mesmo um número de calça jeans menor. A sabedoria está em aproveitar a felicidade e ter forças para se reerguer quando a vida te der aquela famosa rasteira. A eterna busca pela felicidade é o que nos faz verdadeiramente felizes.
Outro mega acerto da Juliana
Parrini foi o modo como ela reintroduziu o passado naquela história. Nada
dantesco, vilanesco ou qualquer outro “esco” que se possa jogar aqui neste
parágrafo. A autora manipulou habilidosamente o leitor ao fazê-lo, pari passu, acreditar no Daniel sem
deixar de amar o Alex.
Muito além disso, me parece
bastante verossímil – e compreensível – o sentimento de dúvida que a Isabel
sente. Não a dúvida com relação a quem ficar, não se trata disso; a Isabel,
aliás, deu um show de autoconhecimento e retidão ao ter muito claro desde o
início a certeza de com quem ficar. O que eu quero dizer é que a autora soube
abordar com maestria – e ao mesmo tempo de forma crível – a gravidade de amar
duas pessoas ao mesmo tempo. Óbvio que são dois amores absolutamente distintos,
no entanto, ainda assim, dois amores.
- Isabel! – grita Daniel, chamando minha atenção.
- Eu o vi! – revelo o que me atormenta, sem pensar duas vezes. Sem mentiras dessa vez, estou exausta.
- O quê?
- Eu o vi, Daniel. Vi o Alex.
Por fim, acentuei na última resenha acerca do que eu chamei de
“clichês muito bem trabalhados” pela escritora Juliana Parrini. Nesta resenha,
por sua vez, quero deixar a ponderação de que, para um livro nascido em
clichês, seu desfecho fugiu bastante disso. Muito original, inesperado, simples
e belo.
Não obstante, não concordo com o desfecho dado a um determinado
personagem. Primeiro porque acho que ele não merecia; e, segundo, porque
acredito que a Juliana perdeu uma excelente oportunidade para abordar a questão
da socioafetividade sob o prisma dos novos núcleos familiares, que é um
paradigma ainda muito pouco abordado na literatura nacional e que enriqueceria
muito a sua obra. Fica aqui a sugestão para um próximo livro.
Sendo assim, se você quer se
emocionar, ficar com o coração apertadinho, se sentir completamente perdida com
a Isabel e está aí MOR-REN-DO de curiosidade para saber o desfecho dessa
história linda iniciada em Depois do que
Aconteceu, acho que você deveria ler Antes
que Aconteça. Só acho.
Todo recomeço é assustador. Afinal, ninguém muda quando está feliz. Você sempre começa sem rumo, sem saber ao certo que caminho seguir e cheia de dúvidas. Certo ou errado? Continuar ou parar? Tudo com um único objetivo: a eterna busca pela felicidade. Recomeçar exige coragem e perseverança. Delinear metas é fundamental, mas também é necessário deixar o destino agir. Afinal, mesmo quando queremos algo com todas as forças, isso só acontecerá se o destino der aquela forcinha. Ter muitas expectativas pode causar decepção. E não é o que buscamos.
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