—Ah, o senhor ficou perturbado com a preocupação na carta de meu pai! “ Para que serve o sofrimento?”, ele costumava perguntar em momentos de inquietação. “é para que as pessoas se apoiem mutuamente”, disse certa vez, quando eu tinha dez anos.
Há um bom tempo venho reparando no crescimento de protagonistas
femininas nos livros. E não, não são aquelas protagonistas que estão sempre em
perigo precisando do príncipe encantado pra salvá-las. Dessas nós leitores
estamos cheios. Estou falando das moças que de fato tem uma história, tem
amigas, tem um propósito na vida além de serem salvas e não são meras
coadjuvantes em suas histórias.
O livro da Loucura e das Curas se encaixa perfeitamente nesse quesito.
Em Veneza, meados do século 16, Gabriella Mondini é uma médica que se aprendeu
e se apaixonou por medicina através das instruções de seu pai, um médico entusiasta
das novidades da medicina, mas também um homem de muitos segredos.
Em uma de suas expedições, após quase uma década fora de casa, Gabriella
recebe uma carta do pai com uma mensagem clara: ele não voltará para casa e
pede que ninguém saia a sua procura.
Além da inesperada mensagem do pai, outro contratempo preocupa
Gabriella. Os médicos do conselho da cidade acreditam que ela deve exercer
medicina sob aconselhamento de um Dottore,
e como seu pai há muito tempo não volta à cidade, Gabriella será proibida de
exercer medicina apenas por ser mulher.
Sem o apoio da mãe para seguir com sua carreira, mesmo contrariando o
conselho médico, e impedida de exercer sua maior paixão, Gabriella não pensa
duas vezes e decide sair em busca do pai. Reunindo as últimas cartas enviadas por
ele na tentativa de reunir pistas de onde o pai pode ter passado, Gabriella segue
viagem com na companhia de seus dois criados.
A viagem de Gabriella é repleta de descobertas, tragédias e comoção.
Cada parada lhe revela um segredo de seu pai que atiça ainda mais sua
curiosidade e preocupação, e cada caminho percorrido mostra que o mundo no
século 16 é muito cruel com as mulheres que fazem suas próprias escolhas.
A autora, a estreante Regina O’Melveny, conquista ao descrever como
eram tratadas as mulheres que “ousavam” ter alguma autonomia na Europa
conservadora. Vemos vilarejos queimando na fogueira mulheres consideradas
feiticeiras, que praticavam medicina e eram empáticas umas com as outras em
questões ainda hoje polêmicas, como o aborto e a falta de aceitação de médicos
que se diziam liberais em aceitar o conhecimento das mulheres médicas.
—Mulheres médicas não são tratadas com gentileza por aqui, não importa de onde venham ou quem quer que sejam seus pais. E a senhorita não poderá visitar Der Sipital. Os médicos prósperos tem medo de nós. Nós sabemos coisas, e mulheres que sabem são perigosas.
O livro é meio cansativo e lento em seu desenvolvimento, é difícil
pegar e ler por hooooras seguidas. Com exceção de alguns trechos, a história
tem poucas reviravoltas que prendem a atenção. Mas acredito que a leitura seja
interessante, Gabriella é uma personagem de personalidade excêntrica para época
(médica por vocação, solteira e viajando sozinha pela Europa, até hoje tem
gente que não aceita bem...).
Espero que tenham gostado da resenha e até a próxima!
:)
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