Por Kleris:
Oi, pessoal. Voltei aos infantojuvenis! Esse, em particular, é de uma
leiturinha bem deliciosa e rápida. Daria um filme legal daqueles da Sessão da
Tarde, mas em alguns pontos a história é muito melhor contada em livro. É
justo o tipo ideal de encontrar numa biblioteca de escola – aquele bom e velho achado.
Minha
Vida de Livro é uma história contada por Derek, de 12
anos, quem está para entrar de férias e tem uma lista de livros para ler antes
de começar as aulas. Mas por que ler coisas da escola quando se tem tanto pra
fazer no tempo de descanso? Os pais de Derek fazem de tudo para que o menino dê
uma chance ao menos a um livro, chegam até a oferecer chocolate por cada página
lida. Enquanto não conseguem algum resultado, Derek se joga em um mistério que
muito por acaso cai do sótão da casa. De repente algumas coisas soam suspeitas
demais e vale uma investigaçãozinha sobre tal a reportagem que a mãe guardou
por tantos anos.
Eu jogo o jornal para ela, e quando ela pega, sua expressão muda:
— Você não tem nada a ver com isso — ela diz.
— Eu sei — respondo. — Só queria saber por que está guardado.
Ela sobe alguns degraus da escada, me puxa pela cintura da calça e me agarra antes de eu cair no chão.
— Em vez de inventar uma história, você vai ler uma.
Ela enfia o artigo de jornal no bolso de trás e coloca o livro da biblioteca na minha mão.
É
verão (época de férias lá nos EUA) e Derek quer apenas se divertir, mesmo que
isso represente fazer zeros nadas (quem
nunca?). Mas como seu melhor amigo, Matt, viaja com a família e Derek se vê sem
muitas opções senão aprontar sozinho, ele acaba sendo matriculado em um
acampamento de estudos. Contra a corrente, o menino não deixa a imaginação de
lado e ainda assim tenta se divertir à sua maneira. Até porque tem todo um rolo
de suspeitas acontecendo e o intrigando.
Se minha vida fosse um livro, eu teria minhas próprias incríveis aventuras em vez de ler sobre as de outra pessoa. Se eu fosse o personagem principal de uma história interessante, em vez de um garoto que precisa ficar sentado e ler o dia inteiro, passaria o verão tentando descobrir como aquela menina do jornal morreu.
As
traquinagens do Derek impressionam os pais, que ora vão lá dar aquele puxão de
orelha, ora entendem que não é preciso dar uma dura. É uma família, diga-se de
passagem, tranquila, bem cotidiana – o pai trabalha com ilustração para filmes
e a mãe é veterinária, o que não é nada muito extraordinário, mas que tem um
bom peso dentro da história.
Achei
interessante que Janet coloca assuntos tensos de maneira leve e agitada ao
mesmo tempo, conferindo um pico aqui e ali de emoção. Você acaba rindo muito
pelas traquinagens (como quando Derek sobe no telhado pra mexer na antena e
isso pode interferir o programa de Tv que o pai assiste ou quando Derek sequestra um macaco da clínica da mãe,
só porque seria muito massa poder
brincar com um), e gruda-se ainda mais no livro quando o suspense surge
(acredite, tem um bocadinho). Não é bem uma aventuuuura, é mais sobre descobrir
histórias sobre sua vida que nem sua família poderia ter noção.
Embora
a trama pareça ser bem simples, ela é bem construída. Há mistérios, há
cotidiano, há bobices e surpresas que se encaixam perfeitamente. Como já
comentei em outras resenhas, tenho um tombo
inteiro por metaficção (ficção que fala de ficção) e aqui em Minha
Vida de Livro você vê algo semelhante, algo como metaleitura (uma
leitura sobre leitura) – o que dá aquele toque de como mediar leituras para
crianças a partir da visão de uma. Muita gente começa com quadrinhos e Minha
Vida de Livro trata bem disso, dessa transição e expandir a imaginação.
O livro também te dá umas boas perspectivas, tanto sobre como mediar esse “salto”,
quanto sobre a vida e a própria relação de pais e filhos.
Na verdade, eu gosto de ler. Se me deixassem sozinho com o Calvin, o Haroldo, o Garfield, o Bucky, A Turma da Mônica, eu leria o dia inteiro. Mas querer forçar uma criança a alguma coisa tão pessoal quanto leitura? [...] finjo que sou um espião sendo torturado por forças poderosas do mal que me obrigam a praticar “leitura ativa” pra não ser morto por algum assassino estrangeiro.
Apesar
de nunca ter lido de fato O diário de um
banana, a minha sensação foi de total lembrança a essa série, pois envolvem
meninos ingênuos, amizades de criança, ilustração, um ritmo bem corrido de
leitura e umas traquinagens de meninada. Cá com Tashjian temos ainda boas doses
de amizade, conspiração juvenil, aprendizados e, vá lá, os velhos costumes da
família americana (nunca vou entender como um almoço pode ser um sanduíche de
manteiga de avelã...).
Se
você é desses que adora lembrar como é ser criança, tem essa curiosidade
ingênua, curte desenhar ou ler livros com muitas ilustrações... Só acho que
vale muito a leitura de Minha Vida de Livro. Leia e depois
experimente repassar para os filhos, sobrinhos, irmãos menores, pois imagino
que deva ser uma sensação mais gostosa ainda, visto que ele é na medida certa,
nem muito, nem pouco e que vocês podem conversar sobre de boa. Enfim, re-co-men-do.
Fico
aqui, apenas desejosa por mais livros da Jane Tashjian – ela tem até série
publicada. Espero que logo despontem no Brasil ;)
Ao colocar minhas canetinhas e o caderno na mala, eu me sinto como se praticamente tivesse ajudado papai em alguma coisa importante. Talvez ele possa retribuir o favor me ajudando a convencer mamãe a adotar um macaco.
Você comentou sobre "Diário de um banana", mas durante toda a resenha me lembrei do livro "Escola: Os piores anos da minha vida". Não digo que a premissa é semelhante, porque de fato não é, mas o estilo narrativo é muito parecido. E como gostei muito do livro que citei, imagino que vou curtir esse também. Até me deu uma ideia para escrever uma história. hehe
ResponderExcluirAbraços,
Ricardo - www.overshockblog.com.br
Oi, Ricardo. Já adicionei aqui esse livro que você citou. Como viu, gostei muito desse da Janet e quero explorar mais esse gênero :)
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