Por
Kleris: Até o mais experiente leitor
ainda não experimentou de tudo... Foi basicamente o que senti ao mergulhar
nessa noveleta de Space Opera, um subgênero
de ficção científica ainda pouco comum entre minhas leituras. Perdoem minhas
impressões sobre esse estilo, sou noob
nessa área ^^
Jout
é um dos humanos que vive numa espaçonave – inclusive, um dos últimos a ter
nascido após a Terra ter acabado. Ele é um menino que nunca viu o raiar do sol,
nunca sentiu a natureza sob os pés e, veja só, nem tomou banho com água,
elemento já quase escasso. Também é um garotinho que nunca conheceu a mãe,
sofre pela distância do pai, o Capitão Jones, e não sabe o que esperar de uma
nova Terra.
Na
expedição, estão os últimos sobreviventes em busca de uma nova casa para
habitar. Os
Experientes são aqueles que ainda viveram na Terra, eles comandam e perpetuam a
ideia de um recomeço para a humanidade – a qualquer custo. Quando estacionam em
um planeta semelhante ao perdido, é essa humanidade que pesa na hora de
colonizar.
— [...] O planeta Kepler finalmente apareceu em nosso radar, após tantos ciclos de espera! Nós vamos chegar ao nosso lar em breve, meus amigos!
Murmúrios de expectativa e de alegria correram entre os tripulantes. Aquela era a notícia que todos esperavam. Um lar. Um lar de verdade.
Conhecemos
essa história por uma narração onisciente, porém, há uma voz que de tempos em
tempos aparece em interlúdios para contar a sua versão pessoal. Essa voz é quem
introduz o mistério da trama, visto que não sabemos de quem se trata. Vez e
outra eu me perdia porque tentava ligar esse ponto de vista à trama principal.
Com o passar das páginas (e das perguntas na cabeça que não param), você percebe
que é essa a intenção. Aliás, o suspense só aumenta.
Enquanto
a gente nada pode compreender sobre essa figura, nos agarramos à Jout, esse
menino ingênuo, sonhador e esperançoso... e que é esperto o suficiente para
explorar o novo mundo a seu jeito. Jout é núcleo de bondade ao meio de uma
sociedade perdida, é a esperança. Dá vontade de dar um abraço, coisa que ele
tampouco sabe o que é, até conhecer Lena, uma nativa da terra desconhecida e...
aparentemente humana. Mas haveria humanos de verdade neste novo planeta? A
tripulação não foi a última a sobreviver? O que haveria naquele mundo? O desconhecido poderia ser tão conhecido assim?
Como
se percebe, Um Novo Começo concentra muita história, e muita história para
suas poucas páginas. As autoras fazem isso muito bem, sabem nos convencer da
trama, pontuam os dilemas e cativam. Elas também demandam um pouco de nossa
atenção, visto que exploram tanto, do universo, da sociedade, da existência, o
que confere uma bela riqueza de detalhes à noveleta por completo. Curti
bastante esse tom distópico, conspiratório e de esperança cega.
Eu sou humana. E não nasci na Terra. Como diabos se explica uma coisa dessas, não?
A primeira coisa que Jones pensou foi que precisava de uma dose. Alguma coisa forte, daquelas que desciam pela garganta queimando, deixavam o corpo tenso e a cabeça relaxada. Mas é claro que não podia ter nada daquilo ali. Era coisa de outro tempo, outro espaço. Quando se podia ir até um bar e comprar essas coisas. Era por essas e outras coisas que estava naquela missão. Tinha que dar certo. Pelos velhos dias.
Karen
e Melissa mais uma vez mostram que têm um ritmo impressionante, elas
sincronizam seus potenciais de modo que sabe-se lá onde começa uma e termina a
outra. Isso se revela tanto na maneira com que escrevem, como sustentam a trama
e como se arriscam no mote. Você vê tudo como exatamente te guiam. E quando
chega ao fim, te arrebatam. Dá vontade de reler a história – e bem, eu reli e
gostei ainda mais. É uma leitura fantástica! Quem já as conhece de longas
datas, sabe que elas podem ser amorzinho quando querem, mas também têm um belo
domínio quando se trata de suspense e mistério, NADA misericordiosas.
Se
você quer sair das órbitas costumeiras – e cair da cadeira – essa leitura é pra
você sim! Já admirava as duas autoras, agora sinto imenso orgulho de ver quão
bem elas estão elevando nossa literatura. Segurem aí meu RE-CO-MEN-DO \O/
O que faz com que alguém queira continuar mesmo depois de ter perdido tudo? Será que é isso que nos faz humanos? Será essa a chave da nossa humanidade?
Opções de compra estão no site da Editora Draco (lá tem várias vitrines, como Amazon, Kobo, Cultura e Saraiva). O ebook é baratinho e vale totalmente a compra.
P.S.:
Será que só eu fico tentando desvendar quem é quem a partir da escrita dupla?
Só eu, a diferentona, a leitora conceitual, a crítica suave, a desbravadora de
entrelinhas, a quebradora de cabeça?!
P.P.S.:
A Draco tem um bocadinho de contos e noveletas Space Opera que fiquei curiosíssima!
Para ver, clique aqui.
Até
a próxima!
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