Não sou uma boa pessoa.Se precisarem de provas, mostro minha cicatriz, digo minha contagem de corpos.
Por Marianne: Depois de presenciar sua irmã mais velha Mei Yee ser vendida pelos
próprios pais, Jim assume uma identidade de menino, pra sobreviver na cidade
murada de Kowloon, Hak Nam, e tentar encontrar a irmã num dos muitos bordeis
espalhados pela cidade.
A cidade murada é uma terra sem lei. Liderada por traficantes e donos
de bordeis, onde a pobreza e o crime imperam. Para sobreviver num meio tão
hostil Jim cria suas próprias regras: Não confie em ninguém, ande sempre com
uma faca e corra.
Mas suas regras são quebradas e desafiadas quando Jim encontra Dai e
vê no menino misterioso a oportunidade de uma aliança de interesses que pode
ajuda-la a encontrar sua irmã.
Mas, assim como todas as outras varandas de todos os outros apartamentos de Hak Nam, a minha é fechada por grades. São ara manter os ladrões do lado de fora, mas, nos meus dias mais sombrios, tudo que vejo é a gaiola que me mantém preso aqui dentro.
O enigmático e entusiasmado Dai encontra em Jim o parceiro que
precisava para investigar mais de perto os segredos escondidos em Hak Nam, que
podem ajudá-lo a lidar melhor com alguns fantasmas do seu passado e transformar
o futuro de muitos que vivem ali.
O livro é narrado em primeira pessoa e a narrativa se divide entre os
três personagens principais, Mei Yee, Dai e Jim. A agonia, medo e sensação de
confinamento dos personagens são compartilhados por todos, mesmo sendo Mei Yee
a única a estar fisicamente confinada.
Tive alguns problemas na leitura desse livro. Comecei e não me
conquistou, passou um tempo e fui ler de novo de onde tinha parado e o
resultado foi confusão total. Comecei o livro todo de novo e depois de terminar
consegui entender o motivo de toda minha confusão no começo da leitura. É
IMPOSSÍVEL distinguir os personagens apenas pela narrativa. Várias vezes
precisei voltar no começo do capítulo, onde o personagem narrador é
identificado, pra saber quem estava falando. Não sei se foi problema de
tradução, ou se a autora pecou mesmo na hora de moldar a personalidade de cada
personagem de modo a transmitir com clareza a individualidade de cada um para o
leitor.
Outra coisa que não me convenceu foram as torturas aplicadas pelos tão
temidos traficantes e donos dos bordeis. Os líderes de Hak Nam, conhecidos pelo
seu sangue frio, são bem mornos na hora de mostrar todo seu lado de maldade. Me
deu a impressão de que a autora ficou com medo de forçar a barra na violência
num livro voltado para um público mais jovem. O que acredito ser um erro. Não subestimem seus leitores caros autores!
A cidade murada foi real e todos os horrores descritos existiram ali. Em
uma breve nota da autora, no final do livro, conhecemos o que foi fora da
ficção a cidade murada de Hak Nam. A cidade não existe mais, foi destruída e
transformada em um parque. Me lembrou
muito a situação de muitas periferias que existem no Brasil, e que, diferente
da cidade murada, estão bem distantes de se transformarem em parques. Descrita
pela autora como uma sociedade quase distópica, essa realidade infelizmente
ainda existe em muitos lugares por aqui.
Tirando os contratempos que tive com a leitura, a história é bem
conduzida e tem um final aceitável. Espero que tenham gostado da resenha e até
a próxima!
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