Tradução de Joana
Angélica d’Ávila Melo
Por
Kleris: Já mencionei em alguma resenha daqui do blog que livros que abordam
algo do próprio encanto da literatura me fascinam – afinal, você já chega com
um pezinho companheiro, senão curioso, pelos hábitos de leitura dos personagens,
e isso se revela ser (na maioria das vezes) aquele diferencial que eleva a
leitura ao arco gostosinho de um arco-íris. Mas não foi dessa vez que me
seduziu.
Em
A
Caderneta Vermelha, temos esse pequeno objeto que garante o mistério da
trama. Laurent acha a bolsa de uma mulher na rua e presume, pelo que aparenta,
que essa moça foi roubada. Isso lhe chama a atenção a ponto de ele mesmo tentar
resolver o quebra-cabeça, mesmo que as pistas, partindo de objetos aleatórios
da bolsa (como a caderneta), sejam as mínimas possíveis. Claro ou com certeza
Laurent se vê encantado pelo que vai descobrindo da moça?!
Procurar uma mulher para lhe devolver uma bolsa era uma coisa, instalar-se na casa dela, em sua ausência, com seu gato sobre os joelhos, era outra.
À
distância você também deve imaginar que esse livro parece simples demais,
certo? Pois é, não só parece como é. O mistério, aliás, é entregue praticamente
no primeiro capítulo. Como os capítulos são bem curtos, a leitura se dá bem
rápida. Tanto os clichês como estereótipos seguem seu caminho natural, sem
muitas surpresas, sem muita novidade.
O
que me incomodou foi como a história foi contada. O narrador não parecia saber
se posicionar, situações e conversas se atropelam, os personagens não nos
conquistam e toda a trama poderia ter acontecido no meu bairro sem qualquer
alteração. O que quero dizer é que, como os citados clichês rítmicos e
românticos, não vi qualquer valorização que nos fizesse flutuar pela história.
A
Caderneta Vermelha é um livro bem razoável e até
ingênuo. A escrita é fluída, não é de todo forçada, mas segue muito a vibe dos “meios para um fim”. Ao ver que
o autor é mais ligado ao cinema, roteirista e diretor, posso entender um pouco
de suas escolhas.
Sendo
uma leitura de “uma tacada só”, não é uma história para se apegar. Mas se é açúcar o que você procura, senão algo
pra destravar uma ressaca literária e passar um tempinho, vá em frente. Eu
leria algo mais do escritor – ele foi premiado na França e teve até seu
trabalho adaptado para a TV – só não iria com muitas expectativas.
Até
a próxima!
Bebeu mais um gole de vinho, com a nítida impressão de que ia cometer um ato proibido. Uma transgressão. Um homem não remexe a bolsa de uma mulher – até os povos mais ancestrais deviam obedecer a essa regra ancestral.
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