Por
Marianne: João é um repórter
investigativo na cidade de São Paulo que nunca encontrou o “caso” que desse uma
guinada em sua carreira. Após escrever um artigo sobre um ataque violento que ocorreu
a uma família de São Paulo — um casal e a filha adolescente, Marta, a
adolescente e única sobrevivente do ataque, o chama para uma conversa.
Seis
meses se passaram desde que a casa de Marta fora invadida por homens que
violentaram e atacaram seus pais na sua frente. Marta sofreu as consequências
do ataque, foi mantida em cativeiro pelos homens carecas que diziam ter matados
seus pais porque seu pai era “um porco boliviano”, e foi solta uma semana
depois com um recado a ser dado.
(...) E também falou que logo iam fazer muito mais e muito pior, que a hora estava chegando, ele repetiu isso, ficou repetindo, a hora está chegando, a hora está chegando e a gente vai queimar tudo que é índio boliviano e paraíba e crioulo e viado, não vai sobrar um, e depois disse que eu era, tio, o aviso, sabe?
Marta
até então nunca havia falado publicamente sobre o ataque ou sobre os dias que
ficou em cativeiro. João encontrou no depoimento de Marta informações
importantes que podiam ajuda-lo a entender melhor quem eram os rapazes por trás
dos ataques. Em seu artigo já havia conectado o ataque sofrido pela família de
Marta a muitos outros que diariamente ocorriam pela cidade de São Paulo.
Homens
carecas, camisetas brancas, coturnos de cadarço ver e amarelo e suásticas pelo
corpo estavam na descrição de todas as vítimas sobreviventes.
Mas
logo após contar os detalhes de tudo que sofreu e dar carta branca para o
repórter publicar tudo que disse, Marta coloca João numa situação irreversível,
que faz com que o repórter transforme em questão pessoal a investigação dos
ataques.
O jornal concorrente fez uma pesquisa e constatou que dezessete por cento dos paulistanos “não concordavam com os métodos”, mas “compreendiam as razões” dos agressores.
A
narrativa não poupa o leitor dos detalhes violentos, muitas vezes de revirar o
estômago. O suspense e o elemento surpresa nos prendem na história e são o
principal trunfo do livro.
Mas
a partir de pouco mais da metade do livro a história começa a seguir um ritmo
um tanto desconexo com o que foi apresentado até então. Os acontecimentos se
desenrolam com uma rapidez que não se encaixa na história e da poucas chances
de desenvolvimento dos personagens que vão surgindo e as relações entre eles. O
desenrolar da narrativa acontece de supetão, não dá tempo ao leitor de absorver
e se localizar na sequência.
Apesar
do final acelerado, que confesso ter me decepcionado um pouco, a leitura flui
bem. O livro é bem escrito e a história de ficção nos choca não apenas pela
narrativa violenta mas também pela consciência de que grupos de radicais
intolerantes existem e crimes como os descritos no livro já foram —e são— noticiados em muitas matérias do Fantástico e Jornal Nacional.
Espero
que tenham gostado da resenha, até a próxima! J
Generalizar é sempre um bom começo.
Em alguns casos, não sei, não vivi nada disso, não estava lá, como se diz, mas, caramba, em alguns casos, acho que generalizar pode ser até uma violência.
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Oi, Mari!
ResponderExcluirMenina, eu até fiquei interessada por conta do suspense e dos detalhes, mas aí veio o babado de ficar desconexo e o final rápido. Isso me brochou um cadinho.
Só devo dizer que essa capa está um arraso!
Beijos
Balaio de Babados
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