Por
Kleris: Algumas leituras demandam da gente um sentimento certo, uma... necessidade.
Poesia sempre foi assim comigo, vez que às vezes pode ser tão visceral ou
íntima, que só compartilhando da mesma sensação para se ter o efeito certeiro –
que é preenchermos as entrelinhas dos versos com nossas experiências.
Como
ultimamente tenho feito alguns exercícios antiestresse,
lembrei-me deste ebook da Isabela Xavier, que já havia lido faz um tempo. Versos,
por assim dizer, são o tipo de coisa que mexem muito com a memória, tal qual a
música. Na época de minha primeira leitura, sei que me identifiquei pouco, evocando
mais da empatia, mas gostei da seleção de Livre mente; já nesta segunda
leitura, sentei com Isabela e ela imprimiu em diversos poemas o que venho me
dando conta. Sabe quando você pausa um pouco a vida para entender o que tá
acontecendo? Que é preciso desacelerar? Desse jeito.
O que será que me
espera para uma terceira leitura, né?
Gostei
de como Isabela perpassou por sentimentos nobres e pobres de espírito. Como ela
se detém a lampejos que se impregnam na nossa mente, e a gente se engana. Isabela
não corre atrás do etéreo, nem do fantasioso; nem da crítica, tampouco do
sentimentalismo, só do ser interior, que por si só, já se transborda. Um bem interessante
é o Pessimismo da Esperança, que traz
uma impressão controversa, nos levando ao outro lado da moeda:
(Fuga)
|
Maldita esperança!
Manipuladora, modifica
minhas impressões
Dissimulada, ignora as
evidências contrárias
Orgulhosa, nega-se a
aceitar o não
Mimada, não quer
abandonar seu objeto de desejo
Aproveitadora,
arrebata-me no momento crucial
E egoísta que é,
arrasta-me comigo para o poço das ilusões
Para mais tarde
abandonar-me à própria sorte
Quando chegarem as
decepções
Noutros
momentos pontua descobertas e lutas interiores:
(Ao Luar)
[...]
Permaneci imóvel,
olhando fixamente
Temendo o que momento
se acabasse
Que a paz sumisse de
repente
E a felicidade de
dentro escapasse
Caminhei, lentamente me
afastando dali
Gotas de chuva
começaram um festim
E sorri, percebendo a
dádiva que recebi
A paz tão desejada viera de dentro de mim
E
fugazes pensamentos: (Saudade)
Hoje
Pensei que morreria
De saudade
De viver
Possibilidades
Impossíveis
De reviver
Lembranças
Felizes
Hoje
Pensei que choraria
Toda a dor
A imensidão da dor
Que cabe
Na saudade
Com a intenção
De dissolver
Em lágrimas
A melancolia
Estancada
Falhei
Em minha promessa
De prender
As lembranças
Antes que elas
Assaltem-me
Quando percebi
Voavam livres
A me sufocar
Hoje
Consegui manter
Mais uma vez
Um pacto
Que é só meu
De ser firme
Na escolha de
Ser forte
E de aguentar
A força da correnteza
Quando a represa
Ameaça desmoronar
(Incógnita) |
(Prudente) |
Resoluções: (Metade?)
Não, rapaz
Você não me completa Porque eu já sou inteira
E não me falto
Eu me farto de mim
De você não me preencho, transbordo
(Feito Pluma)
|
Os campos norte-coreanos
são cinza guardo só pra mim :)
Abra este livro uma ou duas vezes. Leia um ou dois poemas.
Sinta uma ou duas vezes, antes de pensar: eu gosto de poesia? Eu gosto de poesia. Porque é impossível não gostar, quando a poesia lê você.
O ebook é bem organizadinho, de leitura rápida, e sua diagramação clean nos
deixa uma boa sensação. A capa, linda da Marina Ávila, captura bem o sentimento
que o livro guarda. Você pode encontrá-lo na Amazon (aqui) ou ler as primeiras páginas no Wattpad
(aqui). Vale a pena ter as palavras da
Isabela consigo.
Para conhecer mais da autora, acesse:
Enfim, momentos de transição nos pedem uma compreensão que não temos, mas que precisamos
fazer florescer e crescer. Se você entende do que tô falando, sabe o que
procurar; se não entende, fica para uma próxima ;)
Deixe uma leitora
filosofar...
“Não
quero saber como as coisas se comportam.
Quero
inventar comportamento para as coisas.
Li
uma vez que a tarefa mais lídima da poesia
é
de equivocar o sentido das palavras”
Manoel
de Barros
Até a próxima!
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