Tradução de Joel Macedo |
Como aceitar a própria
vulnerabilidade, vencer a vergonha e ousar ser quem você é pode levá-lo a uma
vida mais plena
[...] Lynne escreve:Para mim e para muitos de nós, o primeiro pensamento do dia, ainda na cama, é: “Não dormi o suficiente.” O seguinte é: “Não tenho tempo suficiente.” Esse pensamento de não suficiência vem a nós automaticamente, antes mesmo de podermos nos dar conta de sua presença ou examiná-lo. Passamos a maior parte de nossas vidas ouvindo, explicando, reclamando ou nos preocupando com o que não temos em quantidade ou grau suficiente. (...) Antes de nos sentarmos na cama, antes de nossos pés tocarem o chão, já nos sentimos inadequados, já ficamos para trás, já perdemos, já damos falta de alguma coisa. E quando voltamos para a cama à noite, nossa mente recita uma ladainha de coisas que não conseguimos ou não fizemos naquele dia. Vamos dormir com o peso desses pensamentos e despertamos para lamentar mais faltas. (...) Essa situação interna de escassez, essa tendência mental à escassez, habita no âmago do ciúme, da cobiça, do preconceito e de nossas interações com a vida.
A escassez, portanto, é o problema de nunca ser ou ter o bastante. Ela triunfa em uma sociedade onde todos estão hiperconscientes da falta.
Por
Kleris: Brené Brown. Que mulher
maravilhosa. Gratidão forever a esse
livro, ao seu carisma, palavras e palestras – quando puder, visite o site do
TED aqui
e aqui.
É... iluminador. Revelador. Não tinha uma boa ressaca dessas há muito tempo.
Com certeza vou guardar todos os sentimentos, que aqui se revolveram, num
potinho <333
Viver plenamente quer dizer abraçar a vida a partir de um sentimento de amor-próprio. Isso significa cultivar coragem, compaixão e vínculos suficientes para acordar de manhã e pensar: “Não importa o que eu fizer hoje ou o que eu deixar de fazer, eu tenho meu valor.” E ir para a cama à noite e dizer: “Sim, eu sou imperfeito, vulnerável e às vezes tenho medo, mas isso não muda a verdade de que também sou corajoso e merecedor do amor e aceitação.”
Trombei
com A
coragem de ser imperfeito ao perceber que Mais forte do que nunca
tinha um livro introdutório, então resolvi lê-lo primeiro, pra não me sentir
perdida com algumas referências. Aliás, há outro livro anterior, A
arte de ser imperfeito, que ainda não pude ler, mas A
coragem, conforme a Brené mesmo fala, parece ser mais conclusivo.
Melhor decisão, pois assim entrei em contato com o melhor da autora.
A maior certeza que eu trouxe da minha formação em serviço social é esta: estamos aqui para criar vínculos com as pessoas.
Para
quem nunca ouviu falar nessa mulher, ela é uma pesquisadora. Na conferência do
TED, ela se autodenomina pesquisadora-contadora de histórias :)) Quando
ingressou em Serviço Social, logo voltou seus estudos para a conexão humana, que,
majoritariamente, se baseou em entrevistas. Os livros, na verdade, são frutos
dessa longa pesquisa, onde disserta sobre vínculos e comportamento humano.
Na manhã seguinte à palestra, acordei com uma das piores ressacas de vulnerabilidade da minha vida. Você conhece aquela sensação de acordar e tudo parecer bem até que a lembrança de ter se revelado demais invade a sua mente e você quer se esconder debaixo das cobertas?
Uma das estratégias mais universais de entorpecimento é viver “loucamente atarefado”. Nossa sociedade aceitou a ideia de que, se estivermos sempre muito ocupados, a verdade de nossas vidas não nos alcançará.
“Não são as suas ações, mas o motivo por trás delas que faz toda a diferença”.
Alguns
preferem classificar como autoajuda, mas nem parece, vez que Brené escreve de
uma maneira tão <333. Ela conversa e se conecta conosco sem trazer aquela
impressão de “acredite em si mesmo e seja feliz”. Brown vai mais longe, mais
fundo. Ao intercalar relatos da pesquisa, genuinamente gentis, e pontuar suas
conclusões, somos levados a uma compreensão intensa do que são as relações
humanas. Compreensão, na verdade, é uma palavra que representa muito este
livro.
Nós gostamos de ver a vulnerabilidade e a verdade transparecerem nas outras pessoas, mas temos medo de deixar que as vejam em nós. Isso porque tememos que a nossa verdade não seja suficiente – que o que temos para oferecer não seja o bastante sem os artifícios e a maquiagem, sem uma edição pronta para exibição. Eu estava com medo de subir ao palco e mostrar à plateia o meu verdadeiro eu – aquelas pessoas eram muito importantes, muito bem-sucedidas, muito famosas; o meu verdadeiro eu, por outro lado, é muito desordenado, muito imperfeito, muito imprevisível.
Um oficial da SWAT se aproximou de mim depois da palestra e disse: “O único motivo de termos escutado é que você é tão ruim em se abrir e se mostrar quanto nós. Se não tivesse a mesma dificuldade para lidar com a vulnerabilidade, nós não confiaríamos em nada do que disse.”
Brené
humaniza o mundo de novo. Desmitifica. Ela nos entrega uma noção intrigante dos
mecanismos e comportamentos, dos mais simples aos mais complexos, assim como os
destrutivos e construtivos. Isso certamente nos ajuda a decifrar melhor as
motivações por detrás de ações mínimas das pessoas e procura maneiras de ir
contra a cultura do mal-estar (vergonha,
desvalorização, não se sentir o bastante, ira, conformismo, desmotivação,
julgamento, crítica, medo, ansiedade, desconforto, baixa autoestima,
dependências, depressão, etc). Para isso, devemos abraçar nossas
imperfeições e desapegar de amarras que a sociedade criou e nos empurra a todo
custo.
Cada tática era construída sobre a mesma premissa: manter todo o mundo a uma distância segura e sempre ter uma saída estratégica.
Ser “perfeito” e “à prova de bala” são conceitos bastante sedutores, mas que não existem na realidade humana. Devemos respirar fundo e entrar na arena, qualquer que seja ela: um novo relacionamento, um encontro importante, uma conversa difícil em família ou uma contribuição criativa. Em vez de nos sentarmos à beira do caminho e vivermos de julgamentos e críticas, nós devemos, ousar aparecer e deixar que nos vejam. Isso é vulnerabilidade. Isso é coragem de ser imperfeito. Isso é viver com ousadia.
A
coragem de ser imperfeito é uma leitura de tirar
o fôlego. Um tapa na cara pra acordar! Também é tiro, porrada e bomba, te deixa
no chão. E ainda assim, um abraço. Conforto. Esperança. Aceitação. Gratidão.
Tudo isso pra nos mostrar que é preciso encarar a vulnerabilidade, pois ela é
chave para tudo nessa vida. Para a coragem, a criatividade, a inovação, a
ousadia, a vida plena. É um desafio universal.
Abrir mão de nossas emoções por medo de que o custo seja muito alto significa nos afastarmos da única coisa que dá sentido e significado à vida.
Vulnerabilidade é incerteza, risco e exposição emocional.
Eis o paradoxo: vulnerabilidade é a última coisa que quero sentir em mim, mas a primeira que procuro no outro.
A vontade de acreditar que o que estamos fazendo tem importância é facilmente confundida com o estímulo para sermos extraordinários.
Com
certeza você vai fechar o livro com sensação de “por que não li antes???”;
porque ele é maravilhoso assim. E prepare os marcadores, vai precisar de muitos
deles! Até então, só esses livros três acima comentados foram publicados no
Brasil. Já quero todos publicados! São de pessoas como ela que a gente precisa nesse
mundo e palavras como as dela, espalhar sempre que possível.
Quando a vergonha se torna um estilo de gerenciamento, a motivação vai embora. Quando errar não é uma opção, não existe aprendizado, criatividade ou inovação.
O resultado de viver com ousadia não é uma marcha da vitória, mas uma tranquila liberdade mesclada com o cansaço gostoso da luta.
Todos somos muito gratos pelas pessoas que escrevem e falam de seus problemas, fazendo com que nos lembremos que não estamos sozinhos.
Costumo dizer que plenitude é como uma estrela guia: nós nunca realmente a alcançamos, mas sabemos que estamos indo na direção certa.
Até a próxima!
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