sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Interrogação #7 – Maneiras que a leitura impulsiona


Com Clarissa Silva, resenhista da casa


Interrogação é uma coluna do Dear Book que recebe convidados para refletir o nosso momento enquanto ideias, hábitos, panoramas e manifestos culturais. A cada post, uma pergunta e uma opinião. Todo o conteúdo de resposta é de responsabilidade dos convidados. Sem periodicidade fixa, a coluna é organizada pela dear boss, Kleris Ribeiro.


O que a leitura já te impulsionou a fazer de diferente?

C: Bom, vou começar do comecinho: eu não era muito de ler, tinha certa preguicinha, mas minha mãe sempre lia livros infantis antigos para eu e meu irmão antes de dormir; amava ler aquele livro, tanto que tenho até hoje. Cresci lendo muito Turma da Mônica, que tenho uma paixão até hoje, e claro que não poderia deixar de ler o livro que me deu nome Clarissa, do Érico Veríssimo. Pra vocês verem, já nasci de um livro XD

 

Mas acabei me apaixonando mesmo depois que entrei pro Dear Book e não parei mais de “comer” livros. Nesse caminho, meus pensamentos mudaram, minha escrita mudou, me apaixonei por letras. Hoje vejo o mundo com outros olhos.

A cada história eu levo algo para minha vida. E tento fazer que com os meus amigos se apaixonem também, empresto meus livros (quase chorando, mas empresto) para que eles entrem nesse mundo. Também me interessei por bienais. Já fui em algumas e a mais famosa do Brasil, a de São Paulo. Lá conheci escritores que ninguém quase conhece e que escrevem magicamente, escritores que estão crescendo nesse Brasil, livros que merecem ser lido por todos.
Meus maiores amores: After <3
A minha cidade não tem muitos eventos culturais, mas ajudo com as Malas Literárias de parques. É uma parceria da Fundação Cultural com a Prefeitura de São José dos Campos, que distribuem essas malas por parques, instituições de ensino do governo, feiras que acontecem pela cidade. Funcionam assim: as pessoas deixam livros dos mais diversos temas, seja de literatura, livros didáticos, revistas dos mais diversos gêneros, gibis e tudo o que for possível a ler. É um grande benefício para quem quer se desfazer de alguns livros e não ocorre o risco de irem pro lixo, e para quem quer ler livros diversificados. Eu mesma já deixei muitos livros nessas malas.
É muito importante preservar lugares que oferecem isso a outras pessoas, amo compartilhar minhas histórias, saber que outras pessoas podem ler algo que me tocou. Adoro conhecer sebos da cidade, bibliotecas, feiras literárias pela cidade e compartilhar meus livros com meus amigos. Aprendi a dar mais valor aos que estão do meu lado, viver o presente, apreciar as pequenas coisas do dia a dia, respeitar a todos e lidar de cabeça erguida com vários problemas da vida.

Ler para mim é ir para outro mundo, um escape da realidade. Vi que temos autores brasileiros maravilhosos (muitos acham que literatura brasileira é chata, sempre contando histórias do passado), leituras que deixam no chinelo muitos escritores famosos estrangeiros, livros de pequenos escritores em que a história toca realmente, transborda humanidade ou te leva para outro mundo. Livros pequenos com grandes qualidades, histórias que te transportam ao mundo paralelo.

Eu amo essa frase, ela descreve exatamente como eu penso. Além deste livro ser único e maravilhoso.
Raio de Sol, Kim Holden
Como eu trabalho com fotografia, a leitura também abriu meus olhos, fez com que eu captasse o sentimento das pessoas ou até da natureza nas fotos. Tratar as pessoas como se fossem únicas – e isso se leva para todos – e ter tratamento especial. Falar com as pessoas com mais sentimentalismo e saber o que está falando.


E soube ler mais também, ler com consciência. Nunca fiz um evento sobre livros (meu sonho é fazer), mas incentivo muito as pessoas a lerem, começando pela minha família e expandindo para meus amigos. Incentivo é o que falta nas pessoas. Um dia eu perguntei para a minha priminha de 3 anos o que ela queria de Natal e ela simplesmente disse que queria livros! Gente, eu fiquei espantada, feliz e quase chorei! Sabe como é raro uma criança pedir livros neste mundo de tecnologia e ainda a criança ter 3 anos, mal sabe ler, mas o mais importante é que sabe inventar, imaginar.

Hoje eu levo esse conhecimento para minha vida, tudo o que eu penso, faço, escrevo e o que digo é voltado às minhas leituras, aprendi muito mais lendo! Eu digo sempre que a leitura mudou minha vida. E pode mudar a de muitas pessoas. E uma das coisas que aprendi é nunca julgar o livro pela capa ou uma pessoa pela aparência. Tudo nesse mundo pode enganar.

Ler me fez ver cada pessoa como única, ela tem sua história, tudo o que sobreviveu e viveu. Me fez valorizar cada segundo de vida, o que pode mudar em 1 minuto, me fez amar cada viagem, aproveitar cada nascer e pôr-do-sol, cada onda que se quebra na praia, cada abraço, seja de alguém que você conhece ou um desconhecido, cada centavo que você gosta para seu prazer, cada lágrima que tem sua dor ou alegria. Cada momento que não volta mais, mas que pode ser eternizado nas letras, fotos ou memórias. Ler é viver.

Eu sei que em algumas partes eu saí da pergunta, mas é que o que a leitura me impulsionou a fazer de diferente foi ver o mundo real, sentir as emoções e saber que tudo pode melhorar. Mudou meus pensamentos críticos, emocional, racional e o criativo. E tento fazer o diferente para outras pessoas, mostrar que ler livros não vai fazer de você uma pessoa nerd, careta, uma pessoa que é solitária, sem prazeres da vida.

Mas te digo uma coisa, esses prazeres podem acabar com o tempo e o que vai restar é um pensamento criativo e autoconhecimento. Por isso que sempre motivo, sejam conhecidas, sejam desconhecidas, como as pessoas das filas de supermercado rsrs. Como eu disse ali, ler é viver, e não fico com vergonha de dizer que leio livros como se não houvesse amanhã!


Clarissa Maria trabalha com fotografia e é amante de livros, apaixonada por comida, séries e filmes. Ama viajar, dançar, festas de amigos e família; fazer novas amizades e experimentar coisas novas; é team unicórnios e gosta de sentar à beirada da praia. Curte livros de menininha e às vezes um de terror – bipolaridade até nos livros. É uma geminiana alucinada. Pretende fazer faculdade de Publicidade e conhecer o mundo tirando milhares de fotos.

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Até a próxima interrogação!

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Ana Liberato