sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Resenha: "As Letras dos Beatles: A história por trás das canções" (Hunter Davies)

Tradução: Maria da Anunciação Rodrigues 

Por Marianne: 2016 foi o ano que descobri minha paixão por biografias. Foram tantas maravilhosas que só fez crescer minha estante de desejados no Skoob, e para encerrar com chave de ouro recebi essa maravilhosidade do autor Hunter Davies, biógrafo oficial dos Beatles, que acompanhou a banda durante gravações e turnês e nos presentou com obras essenciais para qualquer um que se considere fã da banda.
Quando se considera que compuseram tantas músicas em tão pouco tempo, para si próprios e para outros, é de admirar que não se repetissem com mais frequência.
Eu fiquei apaixonada por essa edição logo de cara. Muitas fotos dos manuscritos oficiais das músicas, que hoje são guardados em museus e bibliotecas, ou escondidos a sete chaves por colecionadores que ganharam ou desembolsaram alguns mil dólares pra ter esses pedacinhos de papel que qualquer fã da banda choraria só de ver.

Hunter Davies conta a história de cada música, cada disco, e cada EP lançado pela banda. De Please Please Me a Let It Be, passeamos pela história e evolução musical da banda através dos olhos de Davies.

Muitas coisas que antes só ficavam na minha imaginação (e tenho certeza que na de muitos de vocês) tomaram forma com a narrativa e descrição do autor. Lennon e McCartney eram uma máquina de composições juntos. Trabalhavam com harmonia e sincronia espantosa na criação das músicas, deixando pouco espaço aos companheiros George e Ringo.

George, na minha opinião, foi o mais injustiçado por estar sempre nessa sombra Lennon/McCartney. Nas poucas oportunidades que teve de mostrar seu trabalho nos álbuns fez tudo de maneira decente e, para falar a verdade, são algumas das minhas músicas preferidas dos Beatles.

Como em toda obra vemos que as músicas da banda são a perfeita reflexão da vida de seus criadores. Seus relacionamentos, o fim deles, a fama repentina, as pessoas que se aproximavam por interesse, até umas brincadeiras sem fundamentos que deixam muitos musicólogos sem dormir tentando entender seu significado — que eles juram de pés juntos não existir.

O que muito me surpreendeu foi que muitas letras que eu tinha como mantra de vida existem meio que sem querer, precisavam de algo para rimar e lá estava uma frase meio sem pé nem cabeça que BAM, se encaixa perfeitamente com todo o resto, mas surgiu pura e absolutamente sem querer, ou pelo menos é o que o que eles dizem numa falsa modéstia.

A evolução da musicalidade dos Beatles é gritante. Ao se ouvir Love me Do e The Word você tem certeza que são duas bandas completamente diferentes, ou que pelo menos se passaram anos entre as duas gravações. Mas foram dois anos e um sucesso repentino e fora do normal (para época) que transformaram a vida e a música dos meninos de Liverpool.
Então, em outubro de 1965, quando começaram a trabalhar num novo álbum e num novo single, houve uma mudança profunda e clara, um avanço para a frente, para os lados, para a cima, para fora. Era um pouco como crescer; eles ficaram mais maduros e confiantes, sem se confinar mais ao que tinha acontecido antes ou às convenções  sobre o formato da música popular;(...)
O livro para mim foi emocionante. Derrubei umas lágriminhas no final, confesso. Apesar de não ser um livro sobre a história da banda em si, uma coisa está, obviamente, atrelada a outra. 

O fim dos Beatles não foi repentino, foi um desgaste gradativo, como em um relacionamento que você vê que não está mais dando certo mas tem medo de colocar um ponto final.

A grande diferença é que o resultado final desse relacionamento desgastado gerou um material de qualidade absurda, ao invés de algo medíocre e feito de qualquer jeito.

Fan fact que causou minhas lágriminhas, o álbum Abbey Road meu preferido da vida foi o último álbum produzido pela banda, apesar de não ter sido o último lançado (foi Let it Be), e a última música do álbum, The End também uma das preferidas, encerra não apenas mais um álbum maravilhoso produzido pela banda, como a história que existiu até ali.
O álbum Let it Be foi uma experiência bastante caótica, infeliz e insatisfatória para todos eles —e acabou sendo adiado por mais de um ano, por várias razões. Tecnicamente, é seu álbum final, pois foi o último a ser lançado, mas na verdade foi o penúltimo que trabalharam, e gravaram.
Hunter Davies é tipo um pró em Beatles, com mais livros lançados sobre a banda que já estão, claro, na minha lista. Eu sou fanzoca de carteirinha e umas tatuagens e sou suspeita para falar, mas acredito que todos vão se encantar com a história das canções que mudaram o modo de uma geração — e várias que vieram depois — se relacionar com a música.

E por último, e não posso deixar de citar, a qualidade da impressão e do papel desse livro são absurdas. As páginas são de uma folha tão grossa que por vezes achei que estava pegando duas páginas ao invés de uma só. Parabéns a editora Planeta por lançar essa edição maravilhosa com tanta qualidade, que infelizmente se vê muito pouco por aí.

Espero que tenham gostado da resenha. Preparei uma playlist com as minhas preferidas da banda (missão difícil), dá o play ai embaixo e contem qual a favorita de vocês da banda!
Até a próxima!




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Ana Liberato