Tradução de: Ernani Rosa e Tamara Sender
*Por Mary*: CHEGOU!
CHEGOU!
CHEGOU!
(Essa foi a minha reação ao ver o
carteiro dobrando a esquina)
(Ele nem estava trazendo o livro
e agora tem certeza de que eu sou doida, mas tudo bem)
(Nem é como se ele já não
desconfiasse disso)
Como vocês bem sabem, esta série
chegou, me arrebatou e deixou-me desorientada. De onde veio a porrada? Não sei,
não vi, só sei que estou aqui em prantos esperando o carteiro aparecer outra
vez.
- Não posso viver sem você. O que você fez comigo, hein?
Isso me faz sorrir. Depois de lhe dar um beijo casto na boca, respondo:
- Fiz o mesmo que você fez comigo. Fiz você se apaixonar.
Que afronte, hein?
Mas antes de começar esta
resenha, preciso deixar um aviso aos navegantes, de que este texto contém SPOILER
do livro anterior. Então, se você ainda não começou a ler o primeiro livro e
não tolera saber finais antes da hora, fique avisado e não venha me xingar
depois.
E aqui está a playlist atualizada pra você curtir
enquanto lê:
Pois bem, no primeiro volume
desta série, descobrimos que Judith despiroca
REAL OFICIAL após Eric terminar com
ela. A bicha grita com a chefe, xinga o magya,
pede demissão da empresa, joga um punhado de roupas no carro e foge para Jerez,
onde mora seu pai.
Eric, óbvio, fica desesperado e,
arrependido, vai atrás.
- Querida, não duvide um segundo de que você é o mais importante em minha vida e que estou louco por você. – Eu o olho, ele pergunta: – Você não me ama mais? – Não respondo. – Se me diz que não, prometo te soltar, ir embora e nunca mais te incomodar de novo. Mas se me ama, me desculpe por ser tão cabeça-dura. Como você disse, sou alemão! E estou disposto a continuar insistindo que você volte comigo, porque já não sei viver sem você.
Meu coração vai estourar. Que coisas mais bonitas Eric está me dizendo! Mas... não. Não devo ouvi-lo. Então murmuro com um fio de voz:
- Não me faça isto, Eric.
Sem me soltar, suplica, colando sua testa na minha.
- Por favor, meu amor, por favor. Me escute, por favor, por favor. Uma vez você me cobrou que eu me abrisse com você, mas eu não sei fazer isso. Eu não tenho nem sua magia, nem sua graça, nem sua doçura para demonstrar os sentimentos. Sou apenas um alemão sem sal que se põe diante de você e te pede... te suplica uma nova oportunidade.
A partir de então, o moço faz de
tudo para conseguir o perdão de Jud, que está disposta a fazê-lo sofrer
bastante antes de tê-la de volta em sua vida. Quando reatam, logo surge um novo
conflito: as obrigações familiares exigem a presença de Eric em Munique e ele
fica dividido.
Judith parte com Iceman para a Alemanha e, além da
necessidade de se adaptar ao novo ambiente, ela também precisa conquistar Flyn,
o difícil sobrinho de Eric, que não parece disposto a facilitar sua vida na nova
casa. Como se já não fosse o bastante, há ainda a convivência diária e o
problema de conciliar o gênio de cão que ambos têm, resultando em brigas
faraônicas.
- Uau...! Eric tem razão. Você é esquentada, hein?
Fecho os olhos. Solto o ar bufando. Coço o pescoço e ele diz:
- Para de se coçar, mulher, que não faz bem pras suas brotoejas.
Olho para ele, que faz cara de reprovação.
- Pois é, linda. Eric está me deixando louco. Não para de falar de você e eu já não aguento mais. Sei até das tuas brotoejas, teus ataques de mau humor. Sei que adora trufas. Chiclete de morango. Por favor, já não aguento mais!
Assim como o primeiro volume da
série, Peça-me o que quiser agora e sempre
é narrado em primeira pessoa, no ponto de vista da protagonista Judith,
mantendo-se uma narrativa linear e no presente.
Com sua escrita fluida e
envolvente, característica típica de Megan Maxwell, esta guia o leitor para
dentro da relação de Eric e Jud, que se aprofunda. Assim como a relação muda,
os conflitos dos personagens avançam e se tornam mais complexos. Nada é
repetitivo. Nós sentimos como a trama prossegue e se desenvolve, levando-nos a
novas situações, tão reais, que conseguimos crer plausíveis. Acho que essa é
uma das grandes sacadas da história de Megan: um mote aparentemente clichê e muito distante da nossa realidade, mas
que é contado de uma maneira tão verossímil, e com conflitos tão comuns, que tornam
o livro atraente e promissor.
Aliás, outro grande acerto da
escritora, em minha opinião, é apostar em uma trama concreta, que não se
alicerça no sexo, em palavras chulas ou cenas criadas para chocar. Assim como
os personagens costumam dizer, os jogos são um complemento para a relação; e a
gente conclui que também para a história. Apenas complementam.
Não há ciúme. Não há reprovação. Apenas sexo, brincadeira e loucura.
Nós três fazemos um trio maravilhoso e curtimos nossa sexualidade plenamente a
cada encontro. Nada é sujo. Nada é obscuro. Tudo é absolutamente sensual.
Outro grande destaque desta obra,
que ressaltei na resenha anterior e acho que vale mais uma vez o comentário, é
a maneira natural como se retratam as fantasias sexuais, sem pudores ou tabus.
Não se julga e muito menos condena, deixando-se muito claro que o consentimento
é a peça fundamental para a realização plena da sexualidade.
Se no livro anterior, eu reclamei
que a Jud não sabia dizer não a Eric; neste, ela continua não sabendo, mas
também quando diz... passa de todos os limites, é fora da casinha. Me vi, em
incontáveis momentos, irritadíssima pela teimosia dela.
O bichinho corre na minha direção e Eric o detém, preocupado que me machuque. Mas o cachorro está radiante de alegria, e eu mais ainda. Dou um abraço em Susto e faço carinho nele. Depois me viro para meu homem de olhos azuis e, sem me importar com a presença de Simona, me jogo nos braços dele e digo:
- Que ganbang que nada! Você é a coisa mais linda do mundo e juro que eu casava contigo agorinha e de olhos fechados.
Eric sorri. Está agitado. Me beija.
- Você que é a coisa mais linda. E quando quiser a gente pode casar.
Ai, meu Deus! O que foi que eu disse?! Eu realmente o pedi em casamento? Merda, vou me matar!
É bacana a construção dos
personagens, que faz jus à analogia fogo e gelo. Vocês já pararam para imaginar
como seria se o fogo e o gelo se relacionassem? Muito provavelmente há, em
alguma parte do mundo, um mito a esse respeito. Tem que ter. Judith e Eric têm
personalidades fortíssimas. Suas brigas são como um terremoto de grau máximo
rachando tudo o que vê pela frente. E, ainda assim, não se trata de
relacionamento abusivo ou violento, e é aí que está a graça.
Dominador, o Eric até gostaria de
ser, mas a Jud não deixa. E por falar em Eric, QUE HOMÃO DA PORRA, hein,
menina? Eu não aguentava nem um mês com um homem daqueles, mas é um homão sim. A
protagonista, por sua vez, foge absolutamente das mocinhas ingênuas e frágeis –
uma autêntica Guerrera Maxwell –
Judith Flores é forte, decidida e teimosa pra cacete. Se eu fosse homem, também
não aguentava um mês com ela.
- Quer me pedir pra eu ir embora, né? Só falta eu descumprir mais uma regra pra você me expulsar de novo de sua vida.
Não responde. Nos olhamos como rivais.
Meu desejo é beijá-lo. Mas não é o momento para isso. Então a porta do escritório se abre e Björn aparece com uma garrafa de champanhe. Olha para nós dois e, antes de dizer qualquer coisa, chego perto dele, seguro seu pescoço e beijo seus lábios. Enfio a língua na sua boca, e ele me olha com espanto. Não entende o que estou fazendo. Em seguida me viro para Eric e digo diante da expressão de incredulidade de Björn:
- Acabo de descumprir uma regra superimportante: a partir de agora, minha boca não é mais sua.
A cara de Eric é indescritível. Sei que não esperava isso de mim. E, diante do olhar assustado de Björn, explico:
- Vou facilitar para você. Não precisa me expulsar, porque agora quem decidiu ir embora fui eu. Vou juntar minhas coisas e desaparecer da sua casa e da sua vida pra sempre. Estou por aqui contigo. Cansei de ter que esconder as coisas de você. Cansei das duas regrinhas. Cansei! – grito.
O que mais posso dizer? Essa
série me agarrou bem agarrado. AMO!
Portanto, se você está cansado
dos livros eróticos típicos – do ricaço com a menina ingênua –, quer uma
leitura que vai te prender do início ao fim, ama espanholadas e latinidades,
está disposto a passar muita raiva e morrer de ansiedade pela visita do
carteiro com o próximo volume da série, você não pode, em hipótese alguma,
deixar de ler Peça-me o que quiser agora e
sempre.
- Sua irmã Hannah morreu e você cuida do filho dela. Acha que ela aprovaria o que você está fazendo com ele? – Eric bufa. – Eu não a conheci, mas, pelo que sei sobre ela, tenho certeza que ensinaria a Flyn a fazer tudo o que você proíbe. Como Marta disse outra noite, as crianças aprendem. Caem, mas depois levantam. Quando é que você vai se levantar?
- Do que você está falando? – pergunta com raiva.
- De você deixar de se preocupar com as coisas quando elas ainda nem aconteceram. De você deixar os outros viverem e de entender que nem todo mundo gosta das mesmas coisas. De você aceitar que Flyn é uma criança e que deve aprender mil coisas que...
- Chega!