segunda-feira, 10 de abril de 2017

Resenha dupla: “Série Bridgertons: O Duque e Eu – vol.1” (Julia Quinn)


Tradução de: Cássia Zanon

*Por Mary e Kleris*: Olá, nobres amigos!

Após tanto tempo na wishlist (e tantos elogios e amores dos leitores deste Brasil), Julia Quinn chega chegando aqui. Seu carisma nos guia fácil para uma série de livros que vale a pena desde o primeiro capítulo. Às vezes por saber que são vários livros, ficamos acanhados de começar algo novo e que se prolonga. Mas não com Julia; desde o começo já se sabe: nós vamos até o fim. Se você já tem certo tombo (ou um Gran Canyon inteiro) por romances históricos, considere-se condenada a cair nas graças de Quinn.




Em O Duque e Eu, somos apresentados a Daphne Bridgerton, uma jovem senhorita da sociedade londrina que, após duas temporadas, segue em busca de um marido, a fim de realizar seu maior sonho; e a Simon Basset, um duque libertino assombrado pelos traumas do passado que se recusa a ter tudo o que Daphne mais quer na vida, além de melhor amigo de Anthony Bridgerton. 
Simon olhou para ela com intensidade. Um sinal de alerta soou em sua mente. Ele a queria. Queria com tanto desespero que estava completamente tenso, mas jamais poderia seque chegar a tocá-la. Porque fazer isso seria destruir todos os sonhos dela, e, libertino ou não, ele não sabia ao certo se conseguiria olhar-se no espelho de novo se fizesse isso.
De uma situação que poderia suscitar um terrível escândalo, nasce uma bonita amizade entre Daphne e Simon, resultando em uma curiosa ideia: e se fingissem se cortejarem? Para ele, o plano significaria afastar as assustadoras mamães casamenteiras; para ela, atrair pretendentes mais interessantes. O surgimento de um inesperado sentimento, contudo, pode mudar tudo. Sempre pode. 
— Durma bem, meu querido – sussurrou.
Mas, quando ela começou a se mexer, um dos braços dele se enroscou nela.   — Você disse que ia ficar – falou ele em tom acusador.
— Achei que você estivesse dormindo!
— Isso não lhe dá o direito de quebrar uma promessa.
Olha, fazia muito tempo que eu não pegava um livro com ganchos tão bons. Sabe aqueles livros que a gente promete só mais um capítulo, mas nunca consegue largar? Uma cena pede a outra, uma página puxa outra e, quando menos esperamos, lá se foram cinco capítulos.

Fazia muito tempo que eu também não pegava um livro em que as páginas apenas voassem! Esse grande dinamismo é o encanto de Quinn. Sincericídio forte, na lata, que me lembrou ligeiramente Lisa Keyplas – quem preciso ler mais! – e sim, Austen. Sagaz à sua maneira, Quinn se dedica às conversações. Nelas descobrimos: Daphne é, com certeza, aquela donzela que você respeita.

Escrito em terceira pessoa, O Duque e Eu traz diálogos ágeis, até mesmo quando há mais de três personagens em cena. Julia Quinn utiliza recursos muito hábeis para diferenciar os personagens sem necessitar dizer claramente quem está falando. E sabe o mais impressionante? A gente reconhece quem é. Pelas marcas de linguagem, a forma de falar ou o tom utilizado, não ficamos perdidos no meio da discussão. E, de quebra, nos deliciamos com conversas dinâmicas, engraçadas e inteligentes. 
— Eu sei muito bem dos riscos – respondeu ela. — Colin veio comigo.
— Colin? – Simon virou a cabeça de um lado para o outro enquanto procurava por ele. — Eu vou mata-lo!
— Antes ou depois que Anthony atirar no seu peito?
— Ah, definitivamente antes – resmungou Simon. — Onde está ele? Bridgerton! – gritou.
Três cabeças muito parecidas se viraram para ele. Simon saiu pisando firme pela grama, com olhos mortais.
— Eu estava me referindo ao Bridgerton idiota.
— Acho que deve ser você – disse Anthony suavemente, acenando com a cabeça na direção de Colin.
O rapaz lançou um olhar letal para o irmão.
— E eu devia deixa-la em casa se esgoelando de tanto chorar?
O Duque e eu traz um combo de cenas para rir alto. E por isso, facilmente nos apegamos aos personagens – sem essa de maniqueísmos. Cada um tem seu momento de aparecer e conquistar, nem que seja por uma pontinha no enredo. Vez que é uma série de uma família, temos a certeza de que vamos vê-los novamente <3

Não creio que eu tenha cacife para comparar esta autora a Jane Austen, porque conheço muito pouco as obras de ambas. De qualquer modo, nenhum tipo de comparação é completamente positiva, por isso aconselho que você leia Julia Quinn por ela mesma, porque seu livro é excelente e ponto. Ela reúne todos os elementos mais sedutores dos romances de época: bailes, piqueniques, declarações apaixonadas, títulos nobiliárquicos e um delicioso enredo que prende o leitor do início ao fim.
— Sabem que acho que esta pode ser uma das noites mais agradáveis do ano? - anunciou Violet de repente. — Mesmo que minha filha mais nova não pare de atirar ervilhas para baixo da mesa. – continuou, olhando para Hyacinth.
Simon ergueu o olhar no momento exato em que a caçula gritou:
— Como a senhora sabe?
— Meus queridos filhos – disse ela –, quando vão aprender que eu sei de tudo?
 
Antes de encerrar, não poderia deixar de comentar o grande mistério deste primeiro livro da série Os Bridgertons: quem é Lady Whistledown? Se a história fosse contemporânea, eu apostaria todas as minhas fichas na Fabíola Reipert, mas como estamos no Séc. XIX, chuto Penélope Featherington.

Apelidada – por mim – de Lady GG (alô, Gossip Girl), penso que Lady Whistledown é alguém que ainda não deu as caras e ainda vai aprontar muito. Julia nos instiga de maneira tão espontânea e despretensiosa que mal posso esperar pra ver como ela vai trabalhar essa persona na série, que, ah!, está inteirinha publicada! Como se confere no site da editora (aqui), são 9 livros. Recomendo, aliás, deixar o próximo sempre ao lado J 
Contaram a esta autora que, na noite de ontem, o duque de Hastings mencionou nada menos que seis vezes que não tem planos de se casar. Se sua intenção era desencorajar as mães ambiciosas, ele cometeu um grave erro de avaliação. Elas simplesmente verão seus comentários como os maiores desafios. [...] CRÔNICAS DA SOCIEDADE DE LADY WHISTLEDOWN. 
Sendo assim, se você deseja se apaixonar perdidamente, sentir os ares aristocráticos da Londres de meados da primeira metade do Séc. XIX, visitar bailes e saraus, ficar vidrado nas páginas de um livro e só ir dormir de madrugada, depois de ter devorado a leitura de uma vez só, essa é a pedida certa!
— Acho que meus membros não estão funcionando direito – comentou ele.
— Seu cérebro não estáfuncionando direito! – retrucou Daphne. — O que vou fazer com você?
Ele olhou para ela e sorriu.
— Me amar? Você disse que me amava, lembra? – Franziu a testa. — Não acho que possa voltar atrás em algo assim.


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2 comentários

  1. Quero tanto poder ler essa serie, já ouvir fala tanto nela, que estou louca pra comprar e ler!

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  2. Eu já tinha ouvido falar tanto nessa série! E tinha muita vontade de ler, o que dá até medo de criar muita expectativa. Só que Quinn é o tipo de autora que supera as nossas expectativas. É uma trama extremamente divertida, daquelas que se tivermos a série inteira ao alcance, devoramos tudo em uma semana.

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Ana Liberato