Por Kleris:
Conheci Luis Verissimo através de uma amiga comentando um conto do livro As
mentiras que os homens contam uns bons anos atrás (meu Deus, 10 anos!).
Outros tantos anos depois li e super curti na época – aliás, alguns contos
guardo comigo até hoje. Daí claro que quando As mentiras que as mulheres
contam saiu (2015) fiquei mega
curiosa. Era o Luis Fernando Verissimo, ué! Humor, loucuras e grandes viradas eram
as expectativas. Mas não foi isso que aconteceu. Muito pelo contrário.
As mentiras que as
mulheres contam, paralelo ao livro anterior, é um livro
de contos bem curtinhos – de duas a quatro páginas no máximo. São leituras para
intervalo de afazeres ou salas de espera, quando você não tem muita
expectativa, mas tá afim de ler algo. Espera-se, claro, contos envolvendo
situações inusitadas em que a mentira seria a grande sacada da história, com
bom humor e bom senso. Não é isso que Luis nos entrega.
— Vovó, você tem cartas do Juan Carlos da Espanha?
— Estão por aí, em algum lugar.
— E são cartas amorosas?
— Uuuuuuuuuuuuu...
Boa
parte das historietas são sem foco, sem habilidade, sem sustentação. Tem conto
sem pé nem cabeça, tem conto que perde o gancho, tem contos totalmente
puláveis! Fora os textos maldosos machistas-mor que nem pra anedota servem,
os que sugerem rir da violência doméstica (NÃO!) e textos em que as mulheres
mal figuram, mal tem ponto de vista.
— Prometo não deixar mais minhas meias no chão se você prometer não ser tão desdenhosa de tudo.
Márcia sorriu do jeito que tinha, os contos da boca descendo em vez de subirem.
— Típico. — disse, com desdém.
— Olha aí — disse o Marcos.
— Meu querido, você sacrifica um mau hábito e pede que eu sacrifique um posicionamento moral!
Às onze e cinquenta e cinco, Marcos foi visto na rua correndo atrás de Márcia para acertá-la com uma garrafa de champanhe. A Márcia gritando: — Típico! Típico!
Veríssimo,
onde está você? O que foi isso?
Foi essa minha
sensação.
Alguns
nomes de personagens são repetidos e fica a dúvida se se tratam dos mesmos
personagens em outras situações ou outros personagens com o mesmo nome. Os
temas rondam em sua maioria sobre relacionamentos amorosos, marido e mulher,
traições, relações (extremamente) abusivas e até violência explícita. As
conversações também são truncadas. Enfim, deixou muito mesmo a desejar.
A Estatueta
foi praticamente o único que me deu o vislumbre de algo interessante.
Dona Helena ia começar a dizer que não apenas não tinha tido mais contato com o poeta Maia Lins como não tinha menor ideia de quem era o poeta Maia Lins, quando a repórter deu um grito: — A estátua!
Era uma estatueta, uma mulher nua com os braços estendidos, esculpida até os joelhos, que parecia tentar sair de dentro de um pedestal de mármore bruto. Estava sobre uma mesa alta no vestíbulo. A repórter passou por dona Helena e entrou na casa, fazendo sinal para que a câmera a seguisse:
— É a estátua. “Ninfa incompleta, presa à pedra bruta da existência...” É a senhora, não é?
É
com pesar que escrevo: errou a mão dessa vez, Luis. Errou feio.
Mas
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