Algumas viagens acontecem nos intervalos
Uns
meses atrás, enquanto pensava em musicoterapia, imaginava que se tratava,
claro, de utilizar recursos da música como terapia, mas tinha comigo a
impressão de que seriam músicas como a clássica ou aquelas ambientes – que não
são lá muito atraentes. Nada contra, até já tenho certo apreço (gosto
principalmente dos chillouts* com sons da natureza e/ou chuva). Porém, por um
tempo, desajustada entre minhas próprias músicas, tive que procurar baixar
minha guarda e, consequente, meu ritmo.
Foi
um período difícil por inúmeras razões e mais uma vez fui lá buscar um conforto
na música – afinal, nessas épocas, nossas leituras despencam. Para minha sorte,
tinha o hábito de fazer playlists conforme o humor ou estilo, então não fiquei
tão desamparada nesse sentido; tinha comigo umas opções. Pra todo caso, resolvi
expandir essa experiência ao buscar mais músicas, e, no sentido mais estrito da
palavra, relaxar.
A
propósito, o Google não tem opções interessantes.
(fonte da imagem) |
Na
music trip anterior (aqui),
pautei justo esse desacelerar do passo, que vem a ser esse “momento
intermediário”. Neste post, em continuidade, busquei músicas comuns que podem auxiliar já no passo de
relaxar, às vezes até induzir o sono – melhor ainda se aliados a exercícios de
respiração, banhos ou bebidas quentes. Não testei com meditação por si, embora
tenha a impressão que algumas cheguem bem próximo.
Considero
as músicas aqui listadas algum tipo master de introspecção, não necessariamente
deprê ou sofrência. Por isso, não é indicado ouvi-las enquanto trabalha,
estuda, se exercita ou algo semelhante, pois elas pedem um momento que você
fique off. Feche suas redes, procure
um lugar calmo, evite distrações e dedique-se a você. Aí sim, resultados
positivos! (e não deixe de conversar sobre isso com seu terapeuta). Acima
de tudo, respeite seu tempo.
Segue aí uma musicoterapia
pra de-sar-mar
The Common Linnets – Calm After The Storm
Calma depois da
tempestade diz tudo, né? Capturei essa do concurso Eurovision
faz uns anos e ela é figurinha carimbada nas minhas listas de descanso/sono/relaxamento/ritmo
zero. É um country leve, puxado pro blue folk, perfeito pra embalar a gente. Só
de ouvir um pedacinho, já fecho os olhos e me desfaço toda. Em banhos de
relaxamento então, nem dá vontade de sair da água.
The Dust Of Men – What The Morning Shows
O que a manhã demonstra
é um doce alento, um abraço no escuro, uma esperança sobre o amanhã. Conforto,
descanso, consolo. Todos esses ossos, tão
cansados e desgastados / Todas as minhas memórias são queimadas e rasgadas /
Mas essa luz continuou em frente / E todas as minhas memórias são de beleza
agora / A beleza da luz, despejando em cada sala desta casa / Brilhando até toda
aquela escuridão ir embora. Fico modo gelatina e me deixo guiar por essa
voz serena – voz essa que, nas horas certas, também é expurgante. É um rock alternativo suave na
medida!
Rivers & Robots – Voice That Stills The Raging
Seas
Fiquei
numa dúvida terrível de qual música do Rivers & Robots colocar primeiro e Voz que acalma o mar revolto saltou na
frente. Paz, aconchego, harmonia, suavidade. É uma música de nos colocar num
potinho, nos sentir abraçados e nos desmantelar, tudo numa cadência muito,
muito, muito relaxante. More Than Enough
segue numa linha semelhante, tranquila e terna. Já em Home,
gosto da calmaria e leves batidas aliadas a ligeiros sons da natureza. Your Love Reaches
é outra pra derrubar, principalmente após uma situação de exaustação, ótima pra
reajustar a agitação e, pelo senso arrastado,
te permitir relaxar. Indie, folk, indietrônico, rock alternativo, tem de tudo
um pouco. Uma ex-ce-len-te opção também é o álbum Still, que possui – wait for it! – toda uma seleção de
relaxamento a partir de versões instrumentais da banda. Ao que diz na
descrição, o álbum “oferece um oásis sonoro durante a troca de horas de pico”. Mergulha
nessa, my friend!
Bethel Music – It Is Well (Dan Giffin Remix)**
It is well,
original da Kristene DiMarco em parceria com o grupo Bethel Music, é uma música
suave e de força interior, que foi expandida na versão do Dan Giffin. Mixes de
piano, dubstep e outros elementos eletrônicos são de entrar em puro êxtase de
relaxamento. Nussa, um chillout
altamente catártico. Tem outra versão também, tão coração expandido quanto
essa, aqui**.
Outras do Bethel que te transportam são as parcerias com a Jenn Johnson, como Nearness
e In
Over My Head, ou a com Hunter Thompson, Home.
Abracem todas!
Strahan
– Daily Bread
Daily Bread
é… fico até sem palavras; RT no What The
Morning Shows! Sério. Um combo de blue, folk, indie, abraço sereno, um
descanso profundo, uma viagem de muito chão. There Will Be A Day**
e Water
& Fire vão um rumo muito semelhante. Um
frisson, como disse na Music Trip #1, é com Feel The Night.
É de não querer largar nunca o sentimento de paz.
Kye Kye – Trees & Trust
A
voz melodiosa, terna e branda em Trees &
Trust é de um deleite perfeito. Indietrônico experimental, semelhante a uma
canção de ninar, a música é de se sentir deitar nas nuvens – e que sono
gostoso, mia gente! Parece que nos transportamos para o mundo dos sonhos, e lá,
seguros, podemos desfrutar do mais puro descanso. Quer convite melhor?
Brandon Flowers – Only The Young
Only The Young
também me parece remeter ao campo dos sonhos, embora mais voltado pra fantasia
– mais precisamente, uma fuga da realidade. A cadência envolve nossa
criatividade, pra correr solta pelos cantos da mente, e, à distância, viver um
momento só nosso. Vale a pena a viagem.
Dishwalla
– Far Away**
Grunge
das antigas, Far Away embala
direitinho quando nos encontramos em um ponto de desajuste, indecisão,
insegurança ou precisando de um tempo para reflexão. Ela nos transporta para um
lugar longe e nos propõe uma busca
interior. No outro dia / Estava
procurando por mim mesmo novamente / Tentando repor todos os pedaços / Do jeito
que eles eram / Às vezes não é tão fácil / Quando você tem tantas pessoas / Te
dizendo o que fazer / Eu penso que eu consigo lidar agora/ Mas não tenho muita
certeza. Às vezes a gente só precisa se achar de novo, né, não?
Boy – July
July
é literalmente uma música pra desarmar – a letra enfatiza isso, para além de um
abraço amigo. Empática, ela nos lembra dos dias difíceis, dos dias que nos
sufocam, e que esses dias têm um fim. E não tem problema algum se você se sente
exausto. O ritmo lento, arrastado até, remete – acho eu – a esse processo lento
de aceitar ou mesmo admitir o que se está sentindo. No mais, ela diz: você não
está sozinho; Tire os sapatos agora /
Você veio de um lugar distante / Você andou todos esses quilômetros / E agora
você está no lugar certo [...] Você percebe / Todas as quedas e voos / Todas as
noites sem dormir / Todos os sorrisos e suspiros / Trouxeram você aqui /
Trouxeram você para casa. Boy também traz um tipo semelhante de introspeção
em Railway,
que transcende nossa percepção com uma narrativa
ao estilo fluxo de pensamento, e Into The Wild,
que nos sugere procurar um caminho quando o coração está em dois lugares,
indeciso. Ambas são de mergulhar no profundo eu e contemplar com calma o que
temos ali.
Coldplay
– Yellow
Yellow
é uma música de esperança; dá uma guinada quando tudo parece estar escuro
demais. Ela relembra que dias são dias, e eles passam – às vezes só lento
demais; porém, se mudarmos um pouco a perspectiva, se nos colocarmos à
distância, podemos confiar que vai ficar tudo bem. A confiança em si é um
ponto-chave pra se permitir relaxar e deixar levar.
OBS:
1)
Incrivelmente, depois de tanta procura e resolver montar meu próprio repertório, encontrei uma lista numa
matéria da revista Veja, que vai de Coldplay a Mozart. A matéria fala sobre os
efeitos harmônicos – quase um transe – de músicas relaxantes. Vale muito ler – aqui.
De acordo com o estudo realizado no Reino Unido, a faixa foi apontada como tão eficiente em sua função de relaxamento que, um dos médicos do laboratório que conduziu a pesquisa, chegou a recomendar que motoristas não a escutassem enquanto estiverem dirigindo.
2)
Estado de relaxamento não significa estado de sono. Pode auxiliar no sono sim e
principalmente a diminuir os estados de alerta que ansiedades, pânicos e
estresses provocam. Mas, atenção, ele não resolve o
problema.
3) *Chillout é um estilo de música
relaxante – geralmente eletrônicos suaves,
progressivos e com toques de piano. Gosto especialmente desta.
As ambientes são mais conhecidas como downtempo.
4)
Tem um aplicativo maravilhoso chamado Sons de Chuva (dica do Canal Sou
Penso Ajudo); são vários tipos de chuva, em que você CALIBRA
trovões e sons de piano, e tem acesso a outros aplicativo de sons relaxantes. Ah,
e funciona offline! Só amorzinho <3
Tem dicas de músicas pra relaxar?
Só comentar aí embaixo.
E se você é team spotify, pode curtir as músicas do
post por lá.
As poucas que só tem no youtube, marquei de **
Bônus: Playlist
do álbum Still Vol.1 – Rivers & Robots
Veja mais music trips aqui
Kleris Ribeiro é
beletrista, produtora e agente cultural. Garota dos bastidores, se joga em
marketing digital, comunicação e, recentemente, zines. Fascinada pelos
mistérios do universo do livro, é administradora do blog Dear Book e diretora
do Clube do Livro Maranhão. Fangirl, diz que mantém a cabeça nas nuvens e os
pés no chão.
Até a próxima e boa viagem!
#blogdearbook #musictrip #boaviagem
#blogdearbook #musictrip #boaviagem
0 comentários
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante para nós! Pode parecer clichê, mas não é. Queremos muito saber o que achou do post, por isso deixe um comentário!
Além de nos dar um feedback sobre o conteúdo, contribui para melhorarmos sempre! ;D
Quer entrar em contato conosco? Nosso email é dear.book@hotmail.com