domingo, 4 de junho de 2017

Music Trip #5 – relaxamento

Algumas viagens acontecem nos intervalos
  



Uns meses atrás, enquanto pensava em musicoterapia, imaginava que se tratava, claro, de utilizar recursos da música como terapia, mas tinha comigo a impressão de que seriam músicas como a clássica ou aquelas ambientes – que não são lá muito atraentes. Nada contra, até já tenho certo apreço (gosto principalmente dos chillouts* com sons da natureza e/ou chuva). Porém, por um tempo, desajustada entre minhas próprias músicas, tive que procurar baixar minha guarda e, consequente, meu ritmo. 


Foi um período difícil por inúmeras razões e mais uma vez fui lá buscar um conforto na música – afinal, nessas épocas, nossas leituras despencam. Para minha sorte, tinha o hábito de fazer playlists conforme o humor ou estilo, então não fiquei tão desamparada nesse sentido; tinha comigo umas opções. Pra todo caso, resolvi expandir essa experiência ao buscar mais músicas, e, no sentido mais estrito da palavra, relaxar.

A propósito, o Google não tem opções interessantes.


(fonte da imagem)
O fato é que a gente não pode simplesmente pular de um estado para o outro sem um momento intermediário. Ao usar músicas ditas relaxantes em um alto momento de tensão, por exemplo, muitas são as chances de o resultado não ser o esperado. Primeiro por ter muitas expectativas, e segundo porque esse desespero para relaxar de vez vai nos bloquear de criar algum tipo de conexão com qualquer técnica ou recurso de relaxamento. É como a lei da inércia #fail

Na music trip anterior (aqui), pautei justo esse desacelerar do passo, que vem a ser esse “momento intermediário”. Neste post, em continuidade, busquei músicas comuns que podem auxiliar já no passo de relaxar, às vezes até induzir o sono – melhor ainda se aliados a exercícios de respiração, banhos ou bebidas quentes. Não testei com meditação por si, embora tenha a impressão que algumas cheguem bem próximo.


Considero as músicas aqui listadas algum tipo master de introspecção, não necessariamente deprê ou sofrência. Por isso, não é indicado ouvi-las enquanto trabalha, estuda, se exercita ou algo semelhante, pois elas pedem um momento que você fique off. Feche suas redes, procure um lugar calmo, evite distrações e dedique-se a você. Aí sim, resultados positivos! (e não deixe de conversar sobre isso com seu terapeuta). Acima de tudo, respeite seu tempo. 

Segue aí uma musicoterapia pra de-sar-mar

The Common Linnets – Calm After The Storm


Calma depois da tempestade diz tudo, né? Capturei essa do concurso Eurovision faz uns anos e ela é figurinha carimbada nas minhas listas de descanso/sono/relaxamento/ritmo zero. É um country leve, puxado pro blue folk, perfeito pra embalar a gente. Só de ouvir um pedacinho, já fecho os olhos e me desfaço toda. Em banhos de relaxamento então, nem dá vontade de sair da água.


The Dust Of Men – What The Morning Shows


O que a manhã demonstra é um doce alento, um abraço no escuro, uma esperança sobre o amanhã. Conforto, descanso, consolo. Todos esses ossos, tão cansados ​​e desgastados / Todas as minhas memórias são queimadas e rasgadas / Mas essa luz continuou em frente / E todas as minhas memórias são de beleza agora / A beleza da luz, despejando em cada sala desta casa / Brilhando até toda aquela escuridão ir embora. Fico modo gelatina e me deixo guiar por essa voz serena – voz essa que, nas horas certas, também é expurgante. É um rock alternativo suave na medida!

Rivers & Robots – Voice That Stills The Raging Seas


Fiquei numa dúvida terrível de qual música do Rivers & Robots colocar primeiro e Voz que acalma o mar revolto saltou na frente. Paz, aconchego, harmonia, suavidade. É uma música de nos colocar num potinho, nos sentir abraçados e nos desmantelar, tudo numa cadência muito, muito, muito relaxante. More Than Enough segue numa linha semelhante, tranquila e terna. Já em Home, gosto da calmaria e leves batidas aliadas a ligeiros sons da natureza. Your Love Reaches é outra pra derrubar, principalmente após uma situação de exaustação, ótima pra reajustar a agitação e, pelo senso arrastado, te permitir relaxar. Indie, folk, indietrônico, rock alternativo, tem de tudo um pouco. Uma ex-ce-len-te opção também é o álbum Still, que possui – wait for it! – toda uma seleção de relaxamento a partir de versões instrumentais da banda. Ao que diz na descrição, o álbum “oferece um oásis sonoro durante a troca de horas de pico”. Mergulha nessa, my friend!

Bethel Music – It Is Well (Dan Giffin Remix)**


It is well, original da Kristene DiMarco em parceria com o grupo Bethel Music, é uma música suave e de força interior, que foi expandida na versão do Dan Giffin. Mixes de piano, dubstep e outros elementos eletrônicos são de entrar em puro êxtase de relaxamento. Nussa, um chillout altamente catártico. Tem outra versão também, tão coração expandido quanto essa, aqui**. Outras do Bethel que te transportam são as parcerias com a Jenn Johnson, como Nearness e In Over My Head, ou a com Hunter Thompson, Home. Abracem todas!


Strahan – Daily Bread


Daily Bread é… fico até sem palavras; RT no What The Morning Shows! Sério. Um combo de blue, folk, indie, abraço sereno, um descanso profundo, uma viagem de muito chão. There Will Be A Day** e Water & Fire vão um rumo muito semelhante. Um frisson, como disse na Music Trip #1, é com Feel The Night. É de não querer largar nunca o sentimento de paz.


Kye Kye – Trees & Trust


A voz melodiosa, terna e branda em Trees & Trust é de um deleite perfeito. Indietrônico experimental, semelhante a uma canção de ninar, a música é de se sentir deitar nas nuvens – e que sono gostoso, mia gente! Parece que nos transportamos para o mundo dos sonhos, e lá, seguros, podemos desfrutar do mais puro descanso. Quer convite melhor?


 Brandon Flowers – Only The Young


Only The Young também me parece remeter ao campo dos sonhos, embora mais voltado pra fantasia – mais precisamente, uma fuga da realidade. A cadência envolve nossa criatividade, pra correr solta pelos cantos da mente, e, à distância, viver um momento só nosso. Vale a pena a viagem.

Dishwalla – Far Away**


Grunge das antigas, Far Away embala direitinho quando nos encontramos em um ponto de desajuste, indecisão, insegurança ou precisando de um tempo para reflexão. Ela nos transporta para um lugar longe e nos propõe uma busca interior. No outro dia / Estava procurando por mim mesmo novamente / Tentando repor todos os pedaços / Do jeito que eles eram / Às vezes não é tão fácil / Quando você tem tantas pessoas / Te dizendo o que fazer / Eu penso que eu consigo lidar agora/ Mas não tenho muita certeza. Às vezes a gente só precisa se achar de novo, né, não?


Boy – July


July é literalmente uma música pra desarmar – a letra enfatiza isso, para além de um abraço amigo. Empática, ela nos lembra dos dias difíceis, dos dias que nos sufocam, e que esses dias têm um fim. E não tem problema algum se você se sente exausto. O ritmo lento, arrastado até, remete – acho eu – a esse processo lento de aceitar ou mesmo admitir o que se está sentindo. No mais, ela diz: você não está sozinho; Tire os sapatos agora / Você veio de um lugar distante / Você andou todos esses quilômetros / E agora você está no lugar certo [...] Você percebe / Todas as quedas e voos / Todas as noites sem dormir / Todos os sorrisos e suspiros / Trouxeram você aqui / Trouxeram você para casa. Boy também traz um tipo semelhante de introspeção em Railway, que transcende nossa percepção com uma narrativa ao estilo fluxo de pensamento, e Into The Wild, que nos sugere procurar um caminho quando o coração está em dois lugares, indeciso. Ambas são de mergulhar no profundo eu e contemplar com calma o que temos ali.


Coldplay – Yellow


Yellow é uma música de esperança; dá uma guinada quando tudo parece estar escuro demais. Ela relembra que dias são dias, e eles passam – às vezes só lento demais; porém, se mudarmos um pouco a perspectiva, se nos colocarmos à distância, podemos confiar que vai ficar tudo bem. A confiança em si é um ponto-chave pra se permitir relaxar e deixar levar.



OBS:

1) Incrivelmente, depois de tanta procura e resolver montar meu próprio repertório, encontrei uma lista numa matéria da revista Veja, que vai de Coldplay a Mozart. A matéria fala sobre os efeitos harmônicos – quase um transe – de músicas relaxantes. Vale muito ler  aqui. 
De acordo com o estudo realizado no Reino Unido, a faixa foi apontada como tão eficiente em sua função de relaxamento que, um dos médicos do laboratório que conduziu a pesquisa, chegou a recomendar que motoristas não a escutassem enquanto estiverem dirigindo.

2) Estado de relaxamento não significa estado de sono. Pode auxiliar no sono sim e principalmente a diminuir os estados de alerta que ansiedades, pânicos e estresses provocam. Mas, atenção, ele não resolve o problema.

3) *Chillout é um estilo de música relaxante – geralmente eletrônicos suaves,  progressivos e com toques de piano. Gosto especialmente desta. As ambientes são mais conhecidas como downtempo.

4) Tem um aplicativo maravilhoso chamado Sons de Chuva (dica do Canal Sou Penso Ajudo); são vários tipos de chuva, em que você CALIBRA trovões e sons de piano, e tem acesso a outros aplicativo de sons relaxantes. Ah, e funciona offline! Só amorzinho <3


Tem dicas de músicas pra relaxar?
Só comentar aí embaixo.
E se você é team spotify, pode curtir as músicas do post por lá.
As poucas que só tem no youtube, marquei de ** 




Bônus: Playlist do álbum Still Vol.1 – Rivers & Robots



Veja mais music trips aqui

Kleris Ribeiro é beletrista, produtora e agente cultural. Garota dos bastidores, se joga em marketing digital, comunicação e, recentemente, zines. Fascinada pelos mistérios do universo do livro, é administradora do blog Dear Book e diretora do Clube do Livro Maranhão. Fangirl, diz que mantém a cabeça nas nuvens e os pés no chão.
 Até a próxima e boa viagem! 
#blogdearbook #musictrip #boaviagem


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Ana Liberato