Tradução: Karina Jannini
Por Sheila: Oi Pessoas! Quem gosta de Thriller Psicológico aí levanta a mão (!!!) E
se além disso ainda houver muito suspense, adrenalina a mil, reviravoltas e
finais surpreendentes? Bom, era mais ou menos isso que a sinopse e algumas
resenhas prometiam para essa leitura, o que me deixou com altas expectativas.
Linda é uma escritora atormentada.
Aliás, Linda é nossa narradora e, me desculpem os que não gostam de livros
narrados em primeira pessoa, mas conversar com Linda e acompanhá-la nessa
jornada de vingança e redenção é ótimo.
Mas voltando a Linda, ela não sai de sua
casa há dez anos. Mais precisamente, desde que sua irmã foi assassinada. Em
meio a tentativas de transformar sua casa ampla em mundos diferentes, para não
se sentir tão presa, Linda tem pesadelos com o assassino da irmã, que viu de
relance no dia fatídico.
Autora Best Seller, Linda mantém um
contato quase nulo com o mundo exterior, o que faz com que muitos acreditem que
esse seja um pseudônimo, e que a escritora reclusa e egocêntrica seja um
artifício de marketing para chamar a atenção.
Deitada em seu quarto em meio a um de
seus inúmeros pesadelos, ela percebe que neste, em particular, o monstro - como
denomina o assassino de sua irmã - está diferente. Outro corte de cabelo, mais
velho talvez? O terror que sempre a acompanha nos pesadelos vira choque:
primeiro por que ela não esta dormindo, mas acordada e, segundo, por que agora
ela finalmente tem meios de descobrir quem é o assassino de sua irmã.
Uma frase que não consigo entender direito ecoa em minha cabeça. É uma voz. Pisco com os olhos grudentos, noto que meu braço direto esta adormecido, aperto-o tentando reanimá-lo. A televisão ainda esta ligada, e dela vem a voz que insinuou em meus sonhos, que me despertou.
É uma voz masculina, impessoal e neutra, tal como sempre soam nos canais de notícia que às vezes trazem esses belos documentários de que tanto gosto.
(...) Um repórter está diante do Reichstag, que se ergue, majestoso e imponente, na escuridão, e conta algo sobre a última viagem do chanceler ao exterior.
É só então que Linda de fato o vê. E
reconhece. A partir de então, todos os esforços de Linda direcionam-se para
encontrar um modo de confrontar o monstro, agora uma pessoa de carne e osso –
Victor Lenzen, pai, jornalista de renome – e de fazê-lo admitir que assassinara
sua irmã. Linda começa a preparar-se e montar sua Armadilha.
Mas como confrontá-lo se ela não sai de
casa? Depois de muito se torturar a resposta pareceu-lhe clara como água. Ela
era uma escritora, logo, iria escrever um livro onde narraria o assassinato de
sua irmã, mesmo que isso fugisse do tema que geralmente escolhia para seus
livros, o romance. Além disso, especificaria que sua primeira entrevista em
muitos anos deveria se dar em sua casa, tendo um jornalista específico: Victor
Lenzen.
Por mas que a autora, que é alemã, tenha
ganhado o prêmio de melhor suspense policial de estreia, confesso que fiquei
bastante decepcionada com a escrita e enredo. Talvez por que eu esperasse o que
ele prometia: um thriller psicológico brilhante, e tenha recebido um suspense
policial ate bem escrito e aceitável, que deixa algumas duvidas no ar e nos
mostra que nem sempre nossas memórias são confiáveis. Mas só.
Claro que tenho quase certeza que a
minha profissão influenciou de forma determinante à construção da minha
crítica. Simplesmente não me parece possível que, uma mulher com a
sintomatologia apresentada na obra, consiga em seis meses não só escrever um
livro brilhante, mas se tornar capaz de enfrentar o assassino de sua irmã, de
quem ela não possuía raiva, mas um pavor fóbico.
Também passa uma visão irreal do poder
da terapia de dessensibilização sistemática, que nada mais é que um conjunto de
técnicas de exposição/aproximação à experiência traumática, envolvendo
treinamento ao relaxamento físico, estabelecimento de uma hierarquia de
ansiedade em relação ao estímulo fóbico e contra condicionamento do relaxamento
como uma resposta ao estímulo temido. No livro ela treina seu medo de aranhas
para, mais tarde, poder suportar estar na mesma sala que o assassino de sua
irmã (??????).
Fora isso, uma leitura dinâmica, com
diálogos tensos, uma ideia bastante original e criativa. Recomendo.
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