Tradução de Fábio Bonillo
Sinopse: Boston, 1890. Asilo Psiquiátrico
Wayburne. Grace Mae vive um pesadelo: forçada a passar seus dias reclusa num
manicômio, em meio a insanos de todo tipo, sobressaltada por gritos de horror a
cada noite. Grace não é louca. Apenas não consegue esquecer os terríveis
segredos de família. Terríveis o suficiente para calar sua voz – jamais ouvida
por ninguém, a não ser ela mesma, dentro de sua mente brilhante. Mas, quando
uma crise emocional violenta traz sua voz à tona, Grace é confinada em um porão
escuro. É nesse momento em que ela conhece o dr. Thornhollow, um estudioso de
psicologia criminal. Dona de um olhar aguçado e de uma memória prodigiosa,
Grace passa a auxiliar o médico em investigações. Ambos escapam para uma
instituição mais segura em Ohio, em busca de amizade e esperança. Mas a
tranquilidade dura pouco: surge um assassino em série que ataca brutalmente
jovens mulheres. Grace seguirá no encalço do criminoso, mesmo tendo de
enfrentar seus próprios fantasmas. Em Uma Loucura Discreta, Mindy McGinnis
explora com maestria narrativa a tênue linha entre sanidade e loucura,
revelando o lado obscuro que existe em todos nós.
Fonte: Skoob
Fonte: Skoob
Por Stephanie: Quando você lê a sinopse de Uma
Loucura Discreta, pode pensar que esse livro é só mais um de YA, onde uma
adolescente "louca" é salva pelo amor da sua vida (que ela acabou de
conhecer). Pois bem, já vou te dizendo pra tirar essa ideia da cabeça, porque
de romance meloso e dilemas bobos esse livro não tem nada.
Histórias passadas
em manicômios são quase sempre sombrias, e neste caso o livro não
foge à regra, trazendo consigo uma narrativa carregada e densa que chegou a me
incomodar várias vezes. A opressão que os pacientes sofrem no asilo em que
Grace vive no início do livro é sufocante e cruel, sendo impossível não sentir
empatia pelos personagens que habitam aquele local.
Todos eles tinham seus terrores, mas pelo menos as aranhas que viviam nas veias da garota nova eram imaginárias. Grace aprendera havia muito tempo que os verdadeiros terrores deste mundo eram as outras pessoas.
Passado o primeiro
terço da história, o incômodo diminui, mas não vai embora completamente.
Acompanhamos a jornada de Grace e o Dr. Thornhollow por investigações à la
Sherlock Holmes, e isso faz com que o livro dê uma acelerada e inclua cenas em
outros ambientes, trazendo dinamismo. Vi algumas pessoas reclamando dessa
mudança de tom, mas confesso que foi uma das coisas que mais gostei. Mesmo
amando livros com assuntos pesados, acho que variar um pouco o tema proposto é
sempre válido.
O livro aborda,
além da sanidade e investigação, assuntos muito pertinentes aos dias atuais,
mesmo se passando no séc. XIX: o feminismo e a opressão sofrida pelas mulheres
(além de uma menção leve ao movimento sufragista). É chocante imaginar que
naquele tempo ser mulher era ser inferior, e que qualquer atitude feminina
"fora do padrão" poderia selar pra sempre o futuro de uma mulher, de
maneira negativa. A palavra do homem sempre era lei, mesmo sendo mentira.
Infelizmente isso ainda ocorre atualmente, quando vítimas de abuso são tidas
como culpadas e julgadas por uma sociedade machista e opressora.
Os personagens têm
a psique abordada a fundo, algo que eu já esperava. Em vários momentos me
peguei questionando o verdadeiro sentido da palavra sanidade e em quais casos
ela se aplica. Afinal, o "normal" é apenas um mito criado pela
sociedade, que limita as pessoas a seguirem apenas uma linha de pensamento e
comportamento? Ainda não sei se encontrei uma resposta.
Foram poucos os
pontos negativos que eu identifiquei em Uma Loucura Discreta. Um
deles foi a rapidez com que Thornhollow reconheceu as "habilidades"
de Grace, achei que quebrou o ritmo. O final também não é tão bom; gostei do
desenrolar de alguns acontecimentos mais achei a conclusão muito rápida. Além
disso, achei que a autora tentou abordar muitos assuntos ao mesmo tempo em
poucas páginas, tornando alguns deles muito superficiais. Gostaria de um livro
maior ou até mesmo uma duologia que pudesse explorar com calma aquilo que foi
falado apenas "por cima".
(...) É uma loucura tão discreta que pode caminhar livremente pelas ruas e ser aplaudida em determinadas rodas sociais, mas não deixa de ser loucura.
Mas no geral eu
gostei muito da leitura e indico pra qualquer pessoa, mas se você é sensível a
temas como estupro e violência contra a mulher, recomendo cautela. Não vejo a
hora de a editora lançar The Female of the Species para eu
conhecer mais do trabalho da Mindy
McGinnis!
Quem mais leu ou
está louco (rs) pra ler esse livro? Me conta nos comentários! E não deixe de conferir essa e outras resenhas no meu blog, o Devaneios de Papel. Espero vocês por lá!
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Eu adorei sua resenha muito bem construída,eu AMEI esse livro também,uma leitura muito intensa e questionadora e olha que não é muito meu estilo.
ResponderExcluirHttps://euhumanaefinita.blogspot.com.br
Pois é, Monique! Fiquei refletindo bastante com este livro! Muito bom, né? :)
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