Com Talita Guimarães,
autora-mediadora convidada
Interrogação é uma coluna do Dear Book que recebe convidados para refletir o nosso momento enquanto ideias, hábitos, panoramas e manifestos culturais. A cada post, uma pergunta e uma opinião. Todo o conteúdo de resposta é de responsabilidade dos convidados. Sem periodicidade fixa, a coluna é organizada pela dear boss, Kleris Ribeiro.
O que te encanta
e desencanta quando discute leitura?
T:
O ambiente de escuta e partilha criado durante as discussões sobre livros e
leitura é o que mais me encanta, tanto ao participar de clubes de leitura
quanto ao mediar conversas com autores e leitores. Ouvir o que o outro tem a
dizer sobre o que leu e/ou criou e poder comentar também o que senti e aprendi
ao ler me proporciona sempre um saber novo, que se funda em um diálogo afetuoso
e numa troca enriquecedora.
O
desencanto certamente provém muito mais da ainda baixa adesão de um público
leitor ou que pelo menos se interesse do que das conversas em si. Além de
revelar o quão longe estamos de ser um país que entende e valoriza o que
significa a leitura, é desestimulante manter um projeto de conversas, como o
Literatura Mútua por exemplo, em que se mobiliza tanto (espaços
descentralizados, autores variados, divulgação) para uma resposta de público
tão mínima. Claro que a conversa não perde seu valor ou tem sua força diminuída
diante de uma pessoa só que compareça para nos ouvir e conversar, pois sua
presença é absolutamente preciosa, mas certamente gostaríamos que mais pessoas
aderissem aos encontros, pois são oportunidades raras (e gratuitas!) de ouvir
boas histórias de vida, conhecer novos autores, livros e possibilidades de
leitura.
Com
a experiência de mediadora de conversas sobre leitura e escrita me surpreendi
negativamente também com o pouco interesse entre os próprios autores de
estabelecer contatos entre eles a fim de conhecer novos trabalhos e colegas de
ofício. Reclama-se tanto da falta de espaço para novos autores e de
desvalorização do autor nacional, mas às vezes quando um espaço tão demandado
como esse é aberto gratuitamente e com encontros regulares, não há a adesão que
se esperaria que houvesse com os pares se prestigiando e dialogando entre si.
Isso certamente me desencanta, mas talvez esteja relacionado à natureza
solitária dos escritores, que geralmente não se articulam em rede por escolha
própria de seguirem um caminho mais particular mesmo.
Independente
dos inúmeros desafios que temos enfrentado para levar adiante a realização de
atividades que estimulem a leitura e produzam interações saudáveis e
construtivas, creio que conversar sobre leitura é uma forma de ampliar a
própria experiência de ler porque nos coloca em posição de troca e compartilhamento
sobre o que lemos e descobrimos com outras pessoas. E sem dúvida inspira e
encanta ao nos colocar diante da possibilidade de pensarmos juntos sobre o
mundo e a vida.
Talita Guimarães nasceu em São Luís-MA (1989), é jornalista e escritora. Autora de Recorte! (2015) (resenha aqui) e Vila Tulipa (2007),
agraciado com Prêmio Odylo Costa, Filho no XXX Concurso Literário e Artístico
Cidade de São Luís em 2006. Idealizadora e mediadora do projeto Literatura
Mútua de rodas de conversa entre autores e leitores comentando experiências de
leitura e escrita. Edita o site Ensaios em Foco,
escreve e ilustra crônicas às quintas-feiras para o site Armazém de Cultura e desenvolve projetos para Cinema e TV Pública em São Luís-MA,
onde reside.
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