segunda-feira, 3 de julho de 2017

Resenha: "O Ceifador" (Neal Shusterman)

Tradução de Guilherme Miranda

Por Stephanie: Neal Shusterman, meus amigos! Esse é o nome do autor que me fez adicionar o primeiro livro à lista de favoritos de 2017. Eu estava com as expectativas nas alturas desde que li sobre este livro no começo desse ano, e posso dizer sem medo que ele atendeu e superou tudo o que eu imaginava. Espero conseguir explicar nessa resenha alguns dos motivos que me fizeram amar essa belezinha, e olha que são muitos :)

No universo de O Ceifador, o mundo não possui mais problemas. A fome foi sanada, as doenças erradicadas, as guerras finalizadas e as religiões, extintas. Ninguém vive triste ou com raiva, e além de tudo isso, a humanidade alcançou sua maior façanha: superou a morte. Todos os humanos podem viver com a certeza de que nunca morrerão por causas naturais.

Só que, como era de se esperar, a superpopulação começou a ficar insustentável e ficou decidido que algo precisava ser feito. Foi assim que nasceram os ceifadores, as únicas pessoas que possuem permissão para coletar outro ser humano. Pois é, “matar” não é mais um verbo utilizado; agora, quando uma vida acaba nas mãos de um ceifador, ela é coletada. Desta forma, a quantidade de pessoas na Terra foi controlada e todos conseguem viver com tranquilidade, na medida do possível.

A humanidade é inocente, a humanidade é culpada; ambas as afirmações são inegavelmente verdadeiras.

A ideia de Shusterman é nada menos que genial. Uma utopia perfeita, onde ninguém sofre e todos são felizes. Os próprios humanos são seres evoluídos, com nanitos no sangue capazes de curá-los em minutos ou dias, dependendo da gravidade do ferimento sofrido. Se morrerem por algum acidente - ou até mesmo suicídio -, todos são levados a um lugar para “reviver”. É realmente surreal.

Sem esquecer que tudo é controlado pela Nimbo-Cúmulo, uma espécie de Inteligência Artificial que é uma evolução da nossa conhecida e amada internet. A Nimbo-Cúmulo é quase uma entidade, pois criou consciência própria e auxilia os humanos em suas decisões na sociedade. Nada de presidentes ou líderes, ela controla tudo e todos da maneira mais justa possível.

O enredo de O Ceifador começa simples, porém as diversas reviravoltas fazem com que a história tome muitos rumos diferentes ao longo das páginas. Mas para resumir, o livro narra a jornada de dois adolescentes através do treinamento para se tornarem jovens ceifadores. Tendo como mentor o ceifador Faraday, Citra e Rowan conhecerão a fundo todas as regras que envolvem a sociedade dos ceifadores, e vão acabar descobrindo o quão problemática ela pode ser.

Jogos de poder podiam ser coisa do passado em outros âmbitos, mas ainda estavam muito vivos na Ceifa.

No início da obra, senti uma atmosfera extremamente sombria e mórbida, o que soa estranho, já que a sociedade descrita no livro é uma utopia. Aos poucos essa sensação foi se dissipando e o livro se tornou um pouco mais equilibrado e leve, mas isso não durou quase nada e logo eu já estava sentindo todo o peso da obra de novo. Por diversas vezes me peguei refletindo sobre até que ponto a imortalidade é positiva (e as passagens dos diários dos ceifadores foram muito responsáveis por isso). Afinal, que motivação teríamos se não houvesse nada pelo que esperar no fim, já que não há fim? Para que buscar amor, realização profissional, estabilidade mental, se não há perspectiva de se aposentar e ter uma vida tranquila? Será que nos tornaríamos pessoas incrivelmente entediadas?

Quanto mais vivemos, mais rápido os dias parecem passar. Como é perturbador viver para sempre. Um ano parece durar apenas semanas. Décadas voam sem nenhum acontecimento que as marque. Ficamos acomodados na monotonia sem sentido da vida, até que, de repente, nos encaramos no espelho e vemos um rosto que mal reconhecemos implorando que nos restauremos e sejamos jovens novamente.

Outras reflexões que fiz foram em relação à Ceifa e aos ceifadores. Humanos podem ser corruptos em qualquer situação, e a Ceifa é uma prova disso. Não importa o quão justos e imparciais tentem ser; sempre tem alguém que discorda e quer fazer diferente. E - sem spoilers - as consequências destes atos foram muito bem abordadas pelo autor.

Gostei muito de Rowan, com certeza foi meu personagem favorito. A evolução dele foi de cair o queixo, fiquei empolgadíssima em vários momentos com ele (e não posso falar mais por motivos de spoiler). Faraday e Curie também foram maravilhosos, fiquei com vontade de conhecê-los mais. Já Citra começou como uma adolescente chata mas aos poucos foi ganhando minha simpatia devido a algumas atitudes muito plausíveis.

Eu poderia ter dado cinco estrelas “cheias” para O Ceifador, mas o considero mais um 4 estrelas e meia. Essa pequena diferença se dá apenas pelo leve indício de romance que achei um tanto desnecessário. Mas, tirando isso, é um livro excepcional, com uma escrita primorosa e um enredo super empolgante. O autor se preocupa em trazer uma história pesada e que faz o leitor pensar, indo além de puro entretenimento. Já quero a continuação, mas, enquanto ela não chega, espero poder ler outros livros de Shusterman em breve.

O que mais desejo para a humanidade não é a paz, o consolo ou a alegria. É que ainda morramos um pouco por dentro toda vez que testemunhemos a morte de outra pessoa. Pois só a dor da empatia nos manterá humanos. Nenhum Deus vai poder nos ajudar se algum dia perdermos isso.


E aí, minha resenha quilométrica te convenceu a ler esta obra-prima ou vai deixar pra outra ocasião? Conta aí nos comentários :) beijos e até mais!

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4 comentários

  1. Olá! Desde que li a sinopse desse livro fiquei bem curiosa, essa é a primeira resenha que leio e fico feliz que você tenha gostado da obra!

    estante450.blogspot.com.br

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    1. Oi, Cássia! Pois é, eu amei esse livro e quero que todo mundo leia pra amar também :)

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  2. Este livro estava dando o que falar no mundo literário, via diversas postagens dele mas nunca chega ler as resenhas, só a sinopse mesmo e posso dizer que com certeza fiquei com vontade de adquiri-lo. Esses quotes já me fizeram imaginar como é a escrita do autor, o modo como ele encaixa os personagens e toda trama que envolve os ceifadores. O livro realmente estou encantada com o livro, espero poder lê-lo e descobri um pouco mais sobre essa história.

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    1. Nicoli, leia assim que puder! A escrita do autor é maravilhosa e ele tem muito cuidado com os personagens e a trama. Beijos!

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Ana Liberato