Resenha: "Perene" (José Henrique Rodrigues de Souza)

Por Marianne: Leo é um adolescente que mora numa pequena cidade do interior no sul do Brasil. Filho responsável, mora com a mãe, o padrasto e os irmãos gêmeos caçulas e trabalha na loja de produtos orgânicos da cidade. Poderia ser aquela vida e pacata de cidade pequena que a gente ouve falar, mas Leo e sua melhor amiga, Debora, não perdem uma oportunidade de aproveitar as festas da cidade, conhecer gente nova e explorar todas as novas experiências que a idade — e a curiosidade — lhe permitem.

Meu pai fora um bom homem — um bom pai. Coisas ruins acontecem com todos, e quando acontecem com homens bons é apenas uma maneira da vida de nos  lembrar do quão injusta ela é.
Abri o chuveiro e deixei a água quente levar tudo.

O livro é curto, tem menos de noventa páginas, mas isso não impede que o autor se aprofunde nos personagens. Narrado em primeira pessoa, o romance é focado em Leo e seu mundo de paixões e (des)ilusões típicos da idade. Sem forçar a barra de um personagem todo problemático e rebelde sem causa, Leo tem todas as complexidades de um jovem da sua idade atormentado por amores fracassados do passado e encantado com possíveis amores do futuro. 

Após terminar um relacionamento com o ex namorado, que nos dá a impressão de se tratar de um relacionamento abusivo, Leo está se preparando para terminar o ensino médio e talvez mudar de cidade para ingressar na faculdade. A história é bem focada nessa transição da vida do rapaz.

Afundei na banheira prendendo a respiração, contando quantos segundos eu levaria até desistir e finalmente voltar a superfície.

Sua melhor amiga, Debora, não é exatamente sua salvação para monotonia da cidade. Egoísta e arrogante, a garota usa as festas e muita bebedeira como válvula de escape para suas insatisfações. Parece raso, mas não é quando descobrimos que a família de Debora é dona de um hotel na cidade, e desde criança a garota mora no hotel com a família, o modo impessoal como a garota cresceu talvez tenha contribuído pro seu comportamento autodestrutivo.

O romance tem uma pegada erótica que não é meu estilo favorito, mas vai agradar o público que gosta de um erotic young adult. O livro tem uma temática mais dramática e séria, mas sem exageros. Alguns momentos são incômodos, não pela escrita, mas pelas situações (abuso, auto sabotagem dos personagens) apresentadas .

Seus lábios eram vorazes. Suas mãos rápidas e hábeis. Ele era um furacão e eu era uma raíz sendo arrancada do solo.

Espero que tenham gostado da minha resenha, deixem suas opiniões sobre o livro nos comentários e até a próxima!

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